Pesquisa mostra que 19% da malha viária do Estado é ruim ou péssima - GABRIELLE BITTELBRUN, DIÁRIO CATARINENSE, 27/10/2011
Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada ontem, comprovou o que motoristas catarinenses já sabem. O Estado foi considerado o pior em rodovias federais e estaduais da Região Sul. O levantamento, com base em 43% das estradas pavimentadas, classificou como ruim ou péssimo 19,9% dos trechos. A pior avaliação foi das estaduais, em que oito, de um total de 11, foram avaliadas como ruins. Entre as federais, foram quatro consideradas em situação regular e uma, a BR-163, apontada como ruim.
Com 53,5% de trechos ótimos ou bons, SC teve um melhor desempenho comparando-se com 2010, quando 40,5% das rodovias tinham uma avaliação positiva. Mas a evolução não acompanhou os índices do Rio Grande do Sul, que teve 62,% dos trechos considerados em boas ou ótimas condições, e nem do Paraná, que tem 61,9% de rodovias em bom ou ótimo estado. O presidente da Federação das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de SC (Fetrancesc), Pedro Lopes, destaca que os congestionamentos atrapalham o escoamento da produção e o turismo, e trazem prejuízos.
– Há perdas pela demora no transporte de materiais, pelos danos aos veículos e ainda pelos riscos de acidentes. Somos um corredor do Centro-Oeste com o Sul, não podemos mais esperar por medidas de mobilidade – defende.
O professor de engenharia e diretor do campus da UFSC de Joinville, Acires Dias, aponta questões ambientais, como as fortes chuvas, como dificuldades na manutenção e aprimoramento das estradas.
– Mas também falta planejamento, projeto e execução de ações.
Já o doutor em engenharia de tráfego José Leles de Souza considera que não houve um programa continuado de manutenção, o que levará tempo para ser revertido. O professor aponta a falta tecnologia na sinalização e planejamento para melhorar a qualidade das estradas. De acordo com Souza, outro fator que prejudica as avaliações das estradas catarinenses é a demora na implantação dos projetos.
– No processo administrativo, há um conjunto de burocracias. São as barreiras por licitações malfeitas, sem especificações técnicas, o que atrasa. Também existe a dificuldade, aqui e em todo o país, de conseguir com agilidade as autorizações de órgãos ambientais – avalia.
O secretário de Estado da Infraestrutura, Valdir Cobalchini, admitiu que as rodovias merecem mais atenção por parte o Estado.
– Reconhecemos isso, tanto que já tínhamos levantado as informações e tomado providências. A previsão é que 40% da malha viária seja revitalizada neste governo.
Ele explica que deslizamentos e adensamentos causados pela chuva colocaram SC em uma posição desfavorável em relação aos demais Estados da região Sul. Para resolver os problemas, o secretário afirma que solicitou financiamentos e prevê obras para todas as estaduais mencionadas pela CNT.
– Este ano foi de preparação, ano que vem será de obras – promete.
O superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes em SC, João José dos Santos, que responde pelas estradas federais, não retornou as várias ligações e recados da reportagem.
PEDRO LOPES, Presidente da Fetrancesc: - "Há perdas pela demora no transporte de materiais, pelos danos aos veículos e pelos riscos de acidentes."
JOSÉ LELES DE SOUZA, Doutor em Engenharia de Tráfego: - "Há licitações malfeitas e dificuldade, aqui e em todo o país, de conseguir com agilidade as autorizações de órgãos ambientais."
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