quinta-feira, 27 de outubro de 2011

CONSCIÊNCIA NO TRÂNSITO VIRA AULA


PUNIÇÃO EDUCATIVA. Grupo de socorristas e Justiça de Gravataí propõem a reciclagem de motoristas infratores - ZERO HORA 27/10/2011

Maicon Santos Siqueira, 23 anos, tinha o costume de fazer malabarismos com uma motocicleta. Gostava de testar seu equilíbrio acelerando em uma roda, até o dia em que foi flagrado pela fiscalização. Pela imprudência, o rapaz teria de pagar cestas básicas. Em um acordo com a Justiça, aceitou uma medida alternativa: passar por um curso sobre segurança no trânsito.

Operador de empilhadeiras, Maicon vai aos sábados na sede do Corpo Voluntário de Socorro e Resgate do Rio Grande do Sul (CVSR), em Gravataí, na Região Metropolitana. Está entre os beneficiados por uma parceria entre a entidade e as varas criminais da cidade.

Motoristas que cometeram infrações de menor gravidade podem optar por um acordo com o Judiciário cumprindo um determinado número de horas no projeto batizado de Fórum Gravataí. Os participantes assistem a palestras de temas como segurança, alcoolismo e drogas, acompanham simulações de socorro e ouvem relatos de atendimentos reais. O grupo ainda ajuda a melhorar a infraestrutura da sede do CVSR.

– Eu teria de pagar cestas básicas. Aceitei 90 horas no projeto e tive a atenção chamada para o risco das minhas atitudes – revela Maicon, há um mês frequentando os encontros.

Desde 2009, quando as atividades tiveram início, cerca de 120 pessoas receberam aulas dos socorristas, acostumados a atender acidentes em Gravataí e nas rodovias do entorno. Na maioria dos casos, os motoristas são encaminhados ao projeto por combinarem álcool e direção ou por andarem sem habilitação.

– Focamos muito na prevenção. Queremos que, de motoristas infratores, eles se tornem multiplicadores da segurança no trânsito – explica Jane Both, presidente do Conselho Administrativo do CVSR.

Relatos de atendimentos reais
No sábado passado, os motoristas infratores conferiram a simulação do atendimento a um pedestre atropelado por um carro. Passo a passo, João Paulo Ramos de Moura Jr, chefe da equipe de socorro, demonstrou os procedimentos adequados, como isolar a área do acidente, estabilizar a cervical da vítima, verificar possíveis ferimentos, fazer a remoção correta.

– Se os alunos entendem o nosso trabalho, prestam atenção nos relatos, percebem bem o perigo que é ser imprudente no trânsito – diz João Paulo.

Ao final das horas no projeto, cada participante preenche um formulário, onde aponta o que o programa modificou no seu comportamento. No caminho para cumprir 120 horas por beber antes de dirigir e se envolver em um acidente de moto com uma viatura da Brigada Militar, o soldador Rodrigo Gonçalves, 33 anos, assegura que seu relato será o de um motorista regenerado.

– Se tiver de dirigir, só vou no refrigerante. Ou, se eu beber, deixo a chave com a patroa – diz.

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