EDITORIAIS
Pesquisa recém divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) confirma em números a percepção de quem dirige de forma rotineira pelo Estado: do ano passado até agora, a situação das rodovias gaúchas se deteriorou consideravelmente. A piora é percebida de forma mais acentua-da nas rodovias sob responsabilidade dos governos estadual e federal, que apresentam níveis de dificuldades muito superiores aos das concedidas pela iniciativa privada. O resultado aponta para a urgência de novos investimentos nas estradas, particularmente no que se refere à pavimentação e à duplicação das mais perigosas e movimentadas.
A situação no Rio Grande do Sul não é muito diferente da registrada no país de maneira geral, já que o levantamento registrou em âmbito nacional uma queda no percentual de entrevistados que apontam condições favoráveis. Preocupa, porém, o fato de, no Estado, o percentual de rodovias que pode receber o conceito bom e ótimo ter caído de 58,7% para apenas 48,9%. O aspecto mais grave é que, na maioria dos casos, os problemas apontados implicam riscos à segurança dos usuários, pois se referem a casos de erosão na pista e a buracos no asfalto. Além disso, contribuem para encarecer o frete, levando o consumidor a arcar com o custo final. Os problemas se mantêm devido à escassez de investimentos, à falta de fiscalização sobre veículos mais pesados e a equívocos nas fases de planejamento e execução das obras. É isso que dá margem a constantes engodos na prestação de serviços por parte de empreiteiras, a desperdício de recursos e mesmo a casos de corrupção.
Um Estado que depende basicamente das rodovias para o deslocamento da população e o transporte de mercadorias precisa encontrar formas de contornar a falta de recursos oficiais para investir mais nessa área. Se não há recursos orçamentários, a alternativa é buscá-los fora, apostando em alternativas como as parcerias público-privadas, por exemplo. O inadmissível é que, por restrições de toda ordem, inclusive ideológicas, o Rio Grande do Sul continue impondo um custo tão elevado para a sociedade, impedindo sua economia de melhorar os níveis de produtividade devido a deficiências de infraestrutura.
Qualquer que seja a reação, o poder público, em âmbito estadual e federal, só terá melhores condições de reverter esse quadro quando alcançar níveis de excelência em planejamento, na execução de projetos, na redução da burocracia e na capacidade de fiscalizar com rigor questões como excesso de peso nas estradas. Mas é preciso que invista também para desafogar as rodovias, apostando mais nos sistemas hidroviário e ferroviário.
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