FERNANDO WEBER MATOS, PRESIDENTE DO CREMERS - ZERO HORA 28/01/2012
O Conselho Regional de Medicina (Cremers) encaminhou correspondência ao governo do Estado sugerindo que as estradas com pedágio tenham ambulâncias tipo UTI, ou seja, com equipe médica completa e com equipamento adequado para socorrer vítimas de acidentes mais graves.
As concessionárias passariam a proporcionar, mediante contrato, não mais as simples ambulâncias de resgate, que têm equipamento básico mas não contam com médico, e, sim, UTIs móveis, como as que encontramos na freeway.
A iniciativa tem por base relatos de médicos que atuam nas unidades de emergência, principalmente de hospitais do Interior. São depoimentos inquietantes, preocupantes. O atendimento inicial feito por um médico pode ser a diferença entre a vida e a morte.
Infelizmente, hoje são milhares de pessoas que saem traumatizadas e feridas desses infortúnios, muitas com sequelas importantes ou até com invalidez permanente. O serviço prestado pelas ambulâncias de resgate é louvável, mas não tem o poder de resolutividade e eficácia que boa parte dos acidentes exige.
O mais perturbador é que a cada ano aumenta o número de acidentes. A combinação de álcool e motores potentes, às vezes acompanhada de estradas estreitas ou mal conservadas, é altamente perigosa. Além disso, cresce vertiginosamente a frota motorizada.
Hoje, no Rio Grande do Sul, são 4,5 milhões de veículos, praticamente um para cada dois habitantes. Milhares de novos carros passam a circular mensalmente. É um crescimento alarmante, irrefreável, não acompanhado pela evolução nos serviços de saúde. As emergências sempre superlotadas, independentemente da época do ano, e a falta de leitos hospitalares estão aí para confirmar.
Então, parece evidente que, mais cedo ou mais tarde, os gestores terão de olhar com mais atenção o que acontece nas estradas no aspecto de socorro às vítimas de acidentes. No ano passado, 949 perderam suas vidas nas estradas estaduais e federais do Estado.
Estamos deparando com uma epidemia fora de controle. De acordo com o Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde, o país fechou o ano de 2008 com 38.273 mortes causadas pelo trânsito. O setor de seguros informa que em 2011 foram registrados mais de 58 mil óbitos. No cenário mundial, o Brasil ocupa o quinto lugar em mortes no trânsito. Os custos dos acidentes de trânsito representam de 1% a 2% do PIB dos países.
A mortalidade é crescente. Entre as providências a serem tomadas está, sem dúvida, a implantação de um sistema mais eficiente de socorro nas estradas.
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