segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

TRÂNSITO GAÚCHO MATA 21 PESSOAS NO FERIADO DE NATAL

CORREIO DO POVO 29/12/2014

Trânsito gaúcho mata 21 pessoas no feriado de Natal. Foram contabilizadas as ocorrências de quarta-feira a domingo
Cinco pessoas da mesma família morreram na manhã de sábado na ERS 446 | Foto: Cleber Montier / Rádio Estação / Divulgação / CP
Cinco pessoas da mesma família morreram na manhã de sábado na ERS 446 | Foto: Cleber Montier / Rádio Estação / Divulgação / CP
Pelo menos 21 pessoas perderam a vida em acidentes de trânsito em vias e rodovias gaúchas no feriado de Natal. Foram contabilizadas as ocorrências de quarta-feira a domingo. No ano passado, o trânsito matou 38 pessoas de 20 a 29 de dezembro em decorrência do feriadão.

Domingo, 28 de dezembro

Livramento (1): A colisão entre duas motos deixou um homem de 29 anos neste domingo. De acordo com a Brigada Militar (BM), o acidente foi na avenida Dom Pedro II.

Unistalda (1): Um acidente no km 441 da BR 287 causou a morte de uma pessoa que viajava em um veículo que bateu contra duas árvores. A vítima, que não teve o nome revelado, chegou a ser atendida, mas morreu no hospital.

Santa Bárbara do Sul (1): Uma saída de pista matou a caroneira de uma Parati, neste domingo, no km 398 da BR 285. A suspeita é de aquaplanagem, já que chovia no momento do acidente. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) identificou a vítima como Juliana Giovelli Przyczynski, de 29 anos.

Veranópolis (1): Um homem de 45 anos morreu atropelado na madrugada deste domingo na Serra. Segundo a Brigada Militar (BM), Hélio Neres Solano foi atingido por um Chevette na rua Capitão Pelegrino Guzzo.

Sábado, 27 de dezembro

Carlos Barbosa (5): Cinco pessoas da mesma família morreram na manhã de sábado na ERS 446, na Serra gaúcha. As vítimas estavam em um Corsa que colidiu frontalmente contra um caminhão no Km 6 da rodovia por volta das 8h15min.

Sexta-feira, 26 de dezembro

Pelotas (1): A colisão entre dois caminhões e um carro, na madrugada desta sexta-feira, na zona Sul do Estado, provocou a morte de uma pessoa. O acidente foi registrado no km 75 da BR 392.

Montenegro (1)
: Um idoso de bicicleta foi atropelado duas vezes no km 284 da ERS 470, na tarde de sexta-feira. Chovia forte no momento do acidente.


Canela (1): Uma jovem de 25 anos morreu atropelada na noite de sexta-feira em Canela. Jéssica Maria Nase estava em uma parada de ônibus na rua Patrício Zini Sobrinho, bairro Bom Jesus, quando foi atingida por um caminhão.


Passo Fundo (1): Um homem de 33 anos morreu em decorrência de um acidente na noite de sexta-feira no Planalto Médio. Lúcio da Silva, integrante do Passo Fundo Fusca Clube, estava internado no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), onde faleceu no sábado. Ele trafegava pela avenida Brasil, quando perdeu o controle do veículo, que capotou e bateu em uma árvore no canteiro central. Com a violência do choque, ele foi arremessado para fora do carro e o veículo foi parar na pista contrária.

Quinta-feira, 25 de dezembro

Mostardas (2): Dois homens morreram na manhã da quinta-feira depois de colidirem um Santana contra uma árvore na RST 101, no Litoral Norte do Estado. O carro com placas de Alvorada estaria em alta velocidade.


Capão da Canoa (1):
Uma mulher morreu depois que uma caminhonete Ecosport atingiu a motocicleta que ela estava com a companheira na avenida Paraguassú no Litoral Norte. A vítima dirigia a moto quando foi atingida pelo carro, que invadiu a pista contrária, por volta das 11h da quinta-feira.

Canela (1):
Um motociclista morreu na tarde da quinta-feira após cair na rua Júlio de Travi, Distrito Industrial. Mário Erthal de Antunes de Oliveira, de 38 anos, perdeu o controle do veículo em uma curva.

Passo Fundo (1):
Um adolescente de 17 anos morreu na noite da quinta-feira na colisão entre um carro e uma moto no Norte do Estado. Luiz Artemo Baltz do Prado estava na rua Juvêncio de Carvalho, quando foi atingido por um Gol que vinha na direção oposta.


Quarta-feira, 24 de dezembro

Porto Mauá (1):
Um homem morreu em uma colisão entre um Ford Focus e uma Elba CSL na manhã da quarta-feira. O acidente ocorreu por volta das 7h30min na ERS 344, entre Porto Mauá e a vila de São José do Mauá, no Norte do Estado.

Maquiné (1): O motorista de uma carreta, com placas de Eldorado do Sul, morreu na tarde da quarta-feira, ao cair de um viaduto no Km 66, da BR 101, em Maquiné, Litoral Norte. O condutor foi identificado como Gil Souza, 64 anos. Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal, o veículo trafegava na pista dupla da via e caiu no vão entre as duas pistas, sobre a BR 101 antiga.

Nova Petrópolis (1): Um homem morreu ao ser atropelado por um ônibus no final da tarde da quarta-feira. Ele estaria a cavalo as margens da ERS 235, em Nova Petrópolis, na Serra.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

O CRIME DE CAPÃO DA CANOA E A JUSTIÇA


CORREIO DO POVO Porto Alegre, 27 de Dezembro de 2014


JUREMIR MACHADO DA SILVA



O homem comum, como eu, espera da justiça decisões com critérios. Os homens incomuns, categoria na qual se inserem os especialistas e os membros do judiciário, trabalham com uma noção mais sinuosa: a justiça é uma só, mas os juízes são muitos. Cada um pode ter um entendimento diferente. É isso. O que torna a justiça incompreensível para os leigos é o entendimento. Eu, por mim, abolia o entendimento. Seria melhor um robô julgando. Ficaríamos livres do entendimento. O judiciário gaúcho vai ao STF pedir a manutenção do imoral auxílio-moradia para a magistratura alegando que a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul não pode derrubar medida do STF.

Faz sentido. Mas continua indecente. O que deve prevalecer? A decência.

Enquanto isso, uma desembargadora anulou o aumento do salário mínimo regional. O governador deveria ter mandado o projeto de aumento no primeiro semestre de 2014 por ser ano eleitoral. Não mandou, segundo se sabe, para não parecer eleitoreiro (ou, segundo a oposição, para não fechar as portas das empresas financiadoras de campanha). Mandou depois das eleições. Eleitoreiro não ficou. Mas as empresas, que não querem pagar, arranjaram motivo para contestar. Faz sentido. Mas continua chocante. O mesmo judiciário que luta pelos seus privilégios encontra motivos para atrapalhar a vida da plebe.

Um motorista bêbado entrou na contramão e matou uma jovem em Capão da Canoa. Houve flagrante. A juíza não homologou o flagrante por faltar o atestado de óbito. Está de brincadeira. O que pensa o homem comum, o sujeito, que como eu, quer um papo reto: o motorista era branco e de classe média alta. Dirigia uma EcoSport. A moça que morreu era pobre e homossexual. Ia para o batente cedo num feriado. Um leitor me pergunta: como quem se identifica quem tem a tarefa de julgar? O criminoso vai responder em liberdade. A família está revoltada. O homem comum também. O sujeito não quis fazer o teste do bafômetro. Para o homem comum, como eu, isso tem valor de confissão. Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Então ninguém poderia ser obrigado a passar no Raio-X de aeroporto. É diferente? Não vejo como. É a máquina que produz a prova? Fala sério, cara!

A lei precisa mudar. Envolveu-se em acidente: bafômetro. Estou cansado do entendimento. Li a minuta do projeto que altera a Lei Orgânica da Magistratura. Está no STF. Os juízes querem uma dúzia de bolsas (creche, alimentação, inclusive em férias, educação para filhos até 24 anos, formação em nível de pós-graduação, tudo). Se ganharem, virarão semideuses. Não digo deuses para evitar um processo e o pagamento de indenização. Devo ter entendido mal. O problema é sempre o entendimento. A gente não entende o judiciário com tantos juízes e tantos entendimentos. Sou positivista. Acredito que é possível ter regras claras aplicáveis objetivamente para situações equivalentes. Entendo que a razão humana permite saber quando as situações são equivalentes. É um mistério da natureza humana. Pretendo dedicar o resto da minha vida a combater o entendimento, inclusive o meu.

Quando há muito entendimento, ninguém entende mais.

CANTOR RENNER EMBRIAGADO SE ENVOLVE EM NOVO ACIDENTE DE CARRO

Do G1 São Paulo 26/12/2014 20h01

Advogado diz que Renner bebeu antes de dirigir, mas está arrependido. Glécio Mariano afirmou que o cantor admitiu ter tomado cerveja e vodca. Sertanejo se envolveu em acidente de carro em SP nesta sexta-feira (26).

Isabela Leite e Paulo Piza





O advogado do cantor Ivair dos Reis Gonçalves, o Renner da dupla sertaneja com Rick, disse que seu cliente admitiu ter consumido cerveja e vodca antes de dirigir, mas negou que o músico estivesse embriagado. "Ele bebeu bebidas alcoólicas. Foi um acidente, uma fatalidade. Já foi tudo resolvido", defendeu Glécio Mariano no 27º Distrito Policial de São Paulo, no Campo Belo.


Renner foi detido na manhã desta sexta-feira (26) após se envolver em um acidente perto do Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul da capital. O carro de luxo que o cantor dirigia, modelo BMW X5, bateu na traseira de um Fiat Uno. Ninguém ficou ferido, mas o músico foi indiciado por embriaguez ao volante e fuga do local do acidente. Ele vai responder em liberdade porque pagou fiança de R$ 10 mil.

O cantor admitiu à Polícia Militar ter consumido bebida alcoólica, "mais precisamente vodca", de acordo com o boletim de ocorrência. "Ele está arrependido, não esperava que fosse acontecer isso. As pessoas que foram lesadas vão ser reparadas. Ele pediu desculpas e se retratou", afirmou o advogado após o cantor deixar a delegacia na tarde desta sexta-feira. Renner não falou com a imprensa na saída.

Segundo Glécio Mariano, o músico tinha dado carona a um morador de rua antes do acidente, mas o advogado não soube dizer para onde seu cliente pretendia ir quando bateu em outro carro. Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do cantor estava vencida desde 10 de maio de 2010.


O cantor sertanejo Ivair dos Reis Gonçalves, conhecido por Renner, que faz dupla com o cantor Rick, deixa o 27°DP no bairro Campo Belo, em São Paulo. (Foto: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo)

Acidente
A colisão dos dois veículos ocorreu na Avenida Pedro Bueno, na região do Campo Belo, por volta das 8h10. O cantor foi levado ao 27º Distrito Policial porque havia suspeita de embriaguez. Segundo o boletim de ocorrência, o cantor exalava odor de álcool e estava com a voz pastosa.

Renner passou pelo teste do bafômetro, que constatou 1 grama de álcool por litro de ar nos pulmões, quantidade acima da permitida por lei, de acordo com o delegado Antônio Augusto Rodrigues Silva.


Cantor Renner foi detido nesta sexta-feira (Foto:
Flávio Augusto/Sigmapress/Estadão Conteúdo)

Tentativa de fuga

Testemunhas contaram que o cantor bateu em um carro estacionado e tentou fugir. Com os pneus vazios, ele não conseguiu prosseguir e bateu no portão de uma casa durante a tentativa de fuga. Ainda segundo as testemunhas, foi necessário tirar a chave do contato para que Renner aguardasse a chegada da polícia. (Veja no vídeo acima o momento da prisão do cantor)

O cantor pagou uma fiança de R$ 10 mil e vai responder ao processo em liberdade. Uma pessoa que estava no carro com ele já foi ouvida e liberada, mas o delegado não revelou a identidade dela porque quis manter a privacidade. O advogado do músico confirmou que se tratava de um morador de rua que pegou carona com Renner.

O cantor deixou a delegacia por volta das 15h desta sexta-feira sem falar com os jornalistas. Segundo uma pessoa que trabalha com os cantores, o show mais recente deles aconteceu no domingo (21) em uma cidade do Paraná. Renner mora em Alphaville, na Grande São Paulo.

Acidente com mortes

Em 2001, o sertanejo se envolveu em um acidente que deixou dois mortos em Santa Bárbara d'Oeste, no interior de São Paulo. Luís Antônio Nunes Aceto e a namorada, Eveline Soares Rossi, seguiam de moto de Piracicaba a Campinas. Renner vinha na direção contrária em uma BMW. Conforme a acusação, o sertanejo conduzia em alta velocidade, perdeu o controle do carro, atravessou a pista e atingiu o casal, que morreu na hora.

O músico foi julgado em 2008 e condenado a pagar 2 mil salários mínimos (R$ 1,4 milhão, valor que chega a R$ 3 milhões ao se considerar eventuais juros). O prazo para a quitação da indenização expirou em 27 de março de 2009. Desde então, a família do engenheiro tem recebido apenas repasses da arrecadação do cantor com direitos autorais, conforme decisão judicial.

Acidente com o cantor Renner da dupla sertaneja Rick e Renner. Ele colidiu com outro veículo no
Jabaquara, Zona Sul de São Paulo (Foto: Marcelo Gonçalves/Sigmapress/Estadão Conteúdo)

CASAL VÍTIMA DE MOTORISTA EMBRIAGADO





ZERO HORA 26 de dezembro de 2014 | N° 18024

FELIPE DAROIT TAÍS SEIBT


TRÂNSITO. TRAGÉDIA NO LITORAL

CAMINHONETE QUE SEGUIA na contramão atingiu motocicleta, matando uma jovem de 19 anos e deixando a companheira, de 22 anos, que estava na carona, gravemente ferida. Acidente ocorreu ontem, na Avenida Paraguassu, em Capão da Canoa


Dias antes do Natal, Manuela Teixeira, 19 anos, pediu um vale para a dona do restaurante Jurema’s, onde trabalhava, no centro de Capão da Canoa, no Litoral Norte. Ela queria adiantar os preparativos para a ceia com Franciele Melo, 22 anos, colega de trabalho e sua companheira havia cerca de dois anos.

Sabendo da intenção do casal de festejar a data, Gislani Pires pensou ter sido esse o motivo do atraso das funcionárias na manhã de ontem. Mas não era. Por volta das 11h, a moto guiada por Manuela, com Franciele na garupa, foi atingida por uma EcoSport desgovernada na Avenida Paraguassu, no cruzamento com a Rua Divisória. Manuela morreu no local. Testemunhas relataram que ela ainda tentou avisar que a companheira estava em meio a um matagal à beira da via, arremessada pela violência do choque.

Socorrida e conduzida ao Hospital Santa Luzia, Franciele continuava na UTI na noite de ontem, em estado gravíssimo. Familiares tentaram transferência para a Capital, mas os médicos não recomendaram a remoção, temendo que a jovem não resistisse.

No Facebook, o perfil de Manuela menciona também o nome de Franciele – e vice-versa –, deixando explícita a sintonia do casal. De acordo com Gislani, as duas gostavam de andar de skate nas horas de folga.

– Era muito bonito ver a relação das duas. Eram meninas muito meigas e ótimas funcionárias – conta Gislani.

Há três temporadas, as jovens reforçavam a equipe do restaurante Jurema’s, onde trabalha também a mãe de Franciele, Tereza, que já estava no local quando recebeu a notícia.

CONDUTOR DA ECOSPORT É INDICIADO PELA POLÍCIA

O motorista do EcoSport, Leonan dos Santos Franco, 30 anos, foi indiciado pela Polícia Civil por homicídio doloso (quando há intenção de matar) e tentativa de homicídio. Ele se negou a fazer o teste do bafômetro, mas, segundo a delegada Priscila Salgado, um exame médico, solicitado pelos policiais, além do testemunho de agentes e populares que acompanharam a ocorrência, confirmam que Franco apresentava sinais de embriaguez. Ele foi preso em flagrante e encaminhado ao Presídio de Osório.

Irmão mais velho de Manuela, Ênio Esteves Teixeira Júnior não se conforma com a tragédia que tirou a vida da caçula da família. Além dele, a jovem ainda tinha mais uma irmã.

– É inacreditável. Não é uma infração de trânsito ou uma simples imprudência: isso é um assassinato a sangue frio, feito por um ignorante alcoolizado, que teve livre acesso à bebida. É um sentimento que vai contra a lei da vida. Ninguém espera enterrar um filho ou uma irmã mais jovem – desabafa Ênio.

No registro da ocorrência, não consta a velocidade em que a Ecosport estaria circulando. O relato aponta que o veículo, que tem placas de Criciúma (SC), estava na contramão quando atingiu a motocicleta.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - A história é a mesma - LEI QUE NÃO PEGA É LEI INÚTIL, LEI PERMISSIVA É LEI DESMORALIZADA E LEI NÃO APLICADA É LEI QUE NÃO EXISTE. Uma das reformas que deve ser feita na justiça brasileira é a mudança de comportamentos dos juízes para que observem a supremacia do interesse público em relação ao direito particular e corporativo. Assim, as decisões judiciais se baseariam em interpretações da lei observando primeiro os direitos da vítima, ao invés dos direitos e benefícios do infrator, concedendo amplos direitos de defesa e acusação.

A supremacia do interesse público é um dos princípios básicos de observância obrigatória pela administração pública, correspondendo ao "atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes e competências, salvo autorização em lei." Este princípio está intimanente ligado ao da finalidade pública, em que a autoridade fica impedido de praticar ato no interesse próprio ou de terceiros.

A justiça creditou a falha na polícia. Este fato revela erros, vacilações e equívocos nas ligações burocratas, nas ações isoladas, na leniência no trato das ilicitudes e na forma assistemática de executar e aplicar a lei, que torna ineficiente os instrumentos de justiça criminal no Brasil. É algo que estamos denunciando há muito tempo e pedindo a criação de um sistema de justiça criminal mais ágil e coativo para conter o descrédito nos poderes, nas leis e na justiça.

domingo, 21 de dezembro de 2014

CARRO ATROPELA PEDESTRE E CAI DE VIADUTO EM POA

ZERO HORA 20/12/2014 | 22h32


Carro atropela pedestre e cai de viaduto na zona norte de Porto Alegre. Homem aguardava ônibus e morreu com o choque, enquanto motorista foi levado ao Hospital Cristo Redentor em estado grave




Ônix caiu do alto do viaduto depois de atingir homem na parada de ônibus Foto: Ricardo Duarte / Agência RBS

Um homem que aguardava ônibus na parada que fica em cima do viaduto José Eduardo Utzig, na zona norte de Porto Alegre, foi atropelado por um carro que seguia no sentido aeroporto-Zona Sul, por volta das 21h15min deste sábado. Com o impacto, o pedestre foi jogado para baixo do viaduto, enquanto o carro, um Ônix branco, também caiu, destroçando-se ao se chocar contra o solo na Avenida Benjamin Constant, no bairro São João.


Foto: Ricardo Duarte



O pedestre morreu na hora. Já o motorista foi encaminhado ao Hospital Cristo Redentor em estado grave. Conforme relatos de policiais militares que atenderam à ocorrência, o condutor teria perdido o controle da direção, possivelmente por causa da pista molhada pela forte chuva que atingiu a cidade, desviando-se da rota que seguia e indo em direção ao homem que esperava por um ônibus.

sábado, 20 de dezembro de 2014

RODOVIAS INSEGURANÇAS

ZERO HORA 20/12/2014


Policiamento estagnado. PRF tem mesmo número do efetivo há 20 anos para atender malha rodoviária e frota maiores. Dados constatados pelo sindicato da categoria reforçam pedido pela nomeação de candidatos prontos para assumir e pelo não fechamento de cinco postos da PRF

por Vanessa Kannenberg*




Foto: Lauro Alves / Agencia RBS


Apesar de ter que atender uma frota que saltou de 2.179.398 em 1998 para a 5.989.921 de veículos em 2014, e uma malha rodoviária quase 200 quilômetros mais extensa, o efetivo da Polícia Rodoviária Federal (PRF) é o mesmo há 20 anos: 700 policiais. Além disso, no período, pelo menos seis postos da PRF foram extintos e outros cinco estão fadados a fechar as portas.

O enxugamento da estrutura da polícia oferece risco aos usuários das rodovias federais e pode atrapalhar os planos de quem planeja viajar ao litoral durante o verão. Caso novos postos sejam fechados, os policiais cogitam realizar protestos e até paralisar as atividades no litoral durante o veraneio. Entre as unidades que correm o risco de terem as portas cerradas está a de Tabaí, na BR-386.

Contrários ao possível fechamento da unidade, moradores do município e usuários da rodovia realizaram um protesto na quinta-feira, dia 18 de dezembro, que bloqueou a estrada. Eles aguardam que a superintendência da PRF bata o martelo entre fechar os postos de Tabaí e Montenegro e, caso a escolha seja pela primeira opção, prometem novas manifestações. Somado à unidade que será fechada pelo órgão, ainda devem ser extintos outros quatro postos: localizados em Santo Antônio da Patrulha e em São Gabriel, na BR-290, em Carazinho, na BR-386, e em Pinheiro Machado, na BR-293.


Quem já está com um movimento estruturado são os próprios policiais. Com intermédio do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais do RS (Sinprfrs), eles enviaram ofícios a Brasília — que garantem não ter sido respondidos —, e promoveram reuniões. No último encontro, na quinta-feira, aguardavam a presença da superintendência da PRF gaúcha, mas ninguém apareceu.

— Santa Catarina expandiu mais de 30% das unidades e de efetivos, por que nós temos o mesmo efeito há 20 anos e só vemos os postos fecharem? Tememos não só pelo nosso trabalho, pois quando tiramos a farda somos pessoas comuns e também queremos mais segurança — defende um dos diretores do Sinprfrs, Maicon Nachtigall.


Mais do que manter as unidades existentes, os policiais pedem uma reestruturação do efetivo.

— Tem policial que trabalha sozinho, é perigoso. Acontece porque muitos foram realocados para a Região Metropolitana, e o Interior ficou desabastecido — argumenta Nachtigall.

A maior indignação do sindicato é a não nomeação de novos servidores. Do último concurso, 500 foram nomeados em agosto, mas apenas 24 foram destinados ao RS, conforme o sindicato.

— Se contarmos os mais de 70 policiais que se aposentaram em 2014, continuamos com déficit e, por isso, o efetivo nunca cresce no RS — aponta o diretor.

Aprovados criaram comissão para pressionar nomeações

Os aprovados no concurso feito em 2013 pela PRF criaram uma comissão para pressionar a nomeação. Chamada de Comissão Nacional dos Aprovados no Cadastro de Reserva do Concurso da PRF em 2013, a associação afirma que no edital estava prevista a contratação imediata de mil policiais, mas apenas 500 foram nomeados.

— Mil pessoas aprovadas fizeram o curso de formação e 950 concluíram com êxito, mas apenas 500 foram chamados. Os outros 450 ainda seguem esperando — afirma Thiago Rodovalho, integrante do conselho fiscal da comissão.

Rodovalho ainda cita que o edital previa um cadastro reserva de mais mil aprovados, que atualmente conta com 766 pessoas, nenhum com curso de formação.

— A agonia maior é a falta de perspectiva em relação ao governo, pois não há informações concretas sobre as nomeações. Houve uma nomeação de 950 servidores para o Ministério da Agricultura, o que corresponde a todos os aprovados pela PRF, mas parece que segurança não tem sido prioridade do governo — reclama Rodovalho.

Segundo a comissão, há previsão legal para a atuação de 13 mil policiais rodoviários federais no país, mas apenas 9 mil estão em atividade. Este ano, Rodovalho afirma que cerca de 500 servidores da área se aposentaram e, até agosto de 2015, mais 900 devem se aposentar, o que reforça a urgência das nomeações.

PRF diz que fechamento de postos não significa desatendimento

Conforme o inspetor Diego Brandão, assessor de comunicação da PRF no país, as nomeações não são o único indicativo de aumento do efetivo, pois é preciso levar em conta o realocamento de policiais de outros estados para o Rio Grande do Sul. O número de policiais realocados, no entanto, ainda não foi informado pelo órgão.

Brandão explica também que o órgão "cumpriu todos os prazos estabelecidos para os concursos", mas as nomeações dependem do Ministério do Planejamento. A reportagem entrou em contato com o ministério, que não se posicionou sobre as nomeações.

Sobre o fechamento dos postos no Rio Grande do Sul, a assessoria de imprensa da PRF no Estado confirma o risco de extinção dos cinco postos, mas relata que não há previsão de data. O posto de Carazinho deve ser fechado para uma reforma, com estimativa de reabertura em 2016. O órgão ainda argumenta que as extinções não prejudicam a população, pois o atendimento poderá ser feito por telefone. Por meio de nota, o órgão afirmou que a intenção dos fechamentos é ter "mais viaturas rodando", pois um policial "parado no posto" não é tão eficaz quanto um policial circulando nas rodovias.

NÚMEROS

Veja o que mudou (ou não) em 20 anos nas BRs gaúchas:


— Malha rodoviária: aumentou em pelo menos 192 quilômetros, com duplicações nas BRs 386, 101 e 392, criação de quarta faixa na Freeway e construção da BR-448 (Rodovia do Parque). Como algumas obras estão em andamento, foram contabilizados apenas os trechos concluídos.

— Frota de veículos: 2.179.398 em 1998, chegando a 5.989.921 veículos em novembro neste ano, segundo o Detran

— População: passou de 9.138.670 pessoas em 1991 para 10.693.929 em 2010, segundo o IBGE, um aumento de 17%

— Postos da PRF: dos 42 postos, seis foram fechados nos últimos anos, o equivalente a 14,3%. Com o fechamento de outros cinco, o total de unidade extintas chegará a 26,2%.

— Efetivo de policiais rodoviários federais: permanece o mesmo desde 1994, com cerca de 700 policiais ativos, segundo o Sinprfrs. Conforme a Comissão Nacional dos Aprovados no Cadastro de Reserva do Concurso da PRF em 2013, 2,8 mil policiais deveriam atuar no Estado para atender devidamente as BRs.

* Colaborou Fernanda da Costa




COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - É o resultado da gestão política da segurança que vigora no Brasil em que tudo é tratado com amadorismo, superficialidade, imediatismo, sucateamento e propaganda. A PRF é uma polícia de trânsito que está mais focada em multar e vem sendo preparada para executar missões de fronteira, reduzindo a atenção na segurança preventiva de trânsito das rodovias federais. Aliás, por acreditar no fiel cumprimento dos princípios federativos por parte dos Poderes da República é que defendo a transformação da PRF em Polícia Nacional de Fronteiras, passando o encargo da segurança preventiva nas rodovias federais para a Polícia Militar,  restabelecendo assim a responsabilidade territorial dos Estados.

sábado, 6 de dezembro de 2014

PRF DEVE FECHAR CINCO POSTOS NO RS

ZERO HORA 05/12/2014 | 21h42

Reestruturação. Polícia Rodoviária Federal deve fechar cinco postos no Estado. Sem data prevista, ação faz parte de uma reestruturação nacional da PRF que foca em aumentar a segurança nas rodovias


por Vanessa Kannenberg



Objetivo é que policiais não trabalhem mais sozinhos e reduzir ociosidade dos postos Foto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS

Dos atuais 40 postos da Polícia Rodoviária Federal espalhados pelo Rio Grande do Sul, cinco devem ser fechados no próximo ano. Sem data exata prevista, a ação faz parte de uma reestruturação nacional da PRF que foca em aumentar a segurança nas rodovias federais (BRs).

Os prédios que devem ser desocupados ainda não estão 100% definidos, pois todos deverão ser analisados pela superintendência gaúcha do órgão. A tendência é que sejam os postos localizados em Santo Antônio da Patrulha e em São Gabriel na BR-290, em Montenegro ou Tabaí (não está definido) e em Carazinho na BR-386, e em Pinheiro Machado na BR-293.


A equação que definirá a escolha, segundo o chefe de Comunicação da PRF-RS, Alessandro Castro, levará em conta rodovias que tenham pouco movimento, postos que fiquem muito próximos uns dos outros e aqueles que tenham poucos policiais.

— A atual localização dos postos foi definida há 30 anos pelo Dnit, ou seja, levou em consideração a construção das rodovias e obras. Agora, queremos focar na questão policial, na segurança e na fiscalização — esclarece Castro.

O destino das estruturas ainda não está definido. Conforme Castro, elas podem ser demolidas (assim como aconteceu com parte dos prédios que eram dos pedágios) ou serem repassadas a outros órgãos, como o Samu.

A ideia é que não haja mais policiais trabalhando sozinhos, para dar segurança a eles e aos motoristas e passageiros. Atualmente, 780 policiais rodoviárias patrulham as rodovias federais gaúchas.

Sobre a contratação de novos agentes, o chefe de Comunicação revela que não há previsão para o RS. Em agosto, quando foram nomeados 500 no país, 25 vieram para o Estado. Embora mais 500 devam assumir o posto nos próximos meses, nenhum deve ficar em território gaúcho.​

terça-feira, 18 de novembro de 2014

TRÂNSITO FATAL NO RS



ZERO HORA 18 de novembro de 2014 | N° 17987

COMEÇO DE SEMANA. Dois acidentes, quatro mortes na BR-290


NO PRIMEIRO CASO, trio seguia a serviço para Santa Maria quando carro bateu contra caminhão. No segundo, médico de30 anos morreu a caminho do consultório, no Litoral, ao perder controle de veículo, capotar, invadir pista contrária e colidirEm dois acidentes na BR-290, quatro pessoas perderam a vida entre a madrugada e a manhã de ontem. O primeiro caso foi no começo da madrugada, em Rosário do Sul, na Fronteira Oeste, quando as três vítimas morreram em uma colisão frontal entre o Gol em que estavam e um caminhão, no km 466, na entrada de um posto de combustíveis. O trio seguia de Uruguaiana para Santa Maria e o caminhão, de Cachoeirinha, trafegava no sentido São Gabriel-Rosário do Sul.

Segundo a ocorrência registrada na Polícia Civil de Rosário, a batida teria ocorrido quando o caminhão teria tentado acessar a entrada do posto. O condutor, Aristildes Antonio da Silva, 54 anos, não se feriu. Ele foi submetido ao teste do bafômetro que deu resultado negativo.

O motorista do Gol, Glaucius Rodrigues Bohm, 47 anos, morreu no local. Os dois passageiros do carro – Ademir Osório Gonçalves de Oliveira, 45 anos, e João Joel da Silva Duarte, 67 anos – chegaram a ser socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levados ao Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, mas já chegaram sem vida. O sepultamento dos três está previsto para a manhã de hoje, em Uruguaiana.

TRAJETÓRIA ENCERRADA EM SEGUNDOS, NA ESTRADA


Outro acidente aconteceu às 7h15min, também na BR-290 , no km 61 da freeway, em Glorinha. O médico Lucas Freitas Sartor, 30 anos, conduzia uma Ecosport em direção ao Litoral quando perdeu o controle do veículo, invadiu a pista contrária e capotou a caminhonete, que bateu de frente contra uma Freemont, que trafegava no sentido contrário.

Os dois ocupantes da Freemont foram encaminhados ao Hospital de Pronto Socorro de Canoas com ferimentos leves. As causas do acidente ainda serão investigadas.

Sartor, natural de Caxias do Sul, morava atualmente em Capão da Canoa com a mãe. O médico seguia para Torres, onde trabalhava como ortopedista e traumatologista.

Sartor se formou em 2008 e fez residência durante três anos no Hospital Pompeia, em Caxias do Sul. Depois desse período, passou a trabalhar em Capão da Canoa, Tramandaí, Porto Alegre e em Torres. O corpo do médico seria velado a partir da noite de ontem, em Caxias do Sul, onde será sepultado.

O acidente provocou um congestionamento de mais de um quilômetro no sentido Litoral-Porto Alegre na freeway.

sábado, 15 de novembro de 2014

TRÊS PESSOAS DA MESMA FAMÍLIA MORREM EM COLISÃO FRONTAL NA RSC-287

ZERO HORA 14/11/2014 | 22h18

Três pessoas da mesma família morrem em acidente na RSC-287. Duas pessoas ficaram feridas e o trânsito foi completamente interrompido




Foto: Maurício Elesbão Stracke / Arquivo pessoal

Três pessoas morreram em um acidente de trânsito na noite desta sexta-feira, na RSC-287, em Vale do Sol, no Vale do Rio Pardo. Duas pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas para hospitais da região. O acidente aconteceu no km 122 da rodovia, quase na divisa com Vera Cruz.

Segundo o Comando Rodoviário da Brigada Militar, a colisão frontal envolveu um Vectra, onde estava apenas um policial militar, cujo nome não foi divulgado, e um Gol, onde estavam as vítimas.


Morreram Vitoria Teresinha Morsch dos Santos e os pais Hugo Morsch e Herta Gliceria Morsch. O motorista e marido de Vitoria, identificado como Jorge Antônio dos Santos, e a filha do casal, Ana Luiza dos Santos, ficaram feridos e foram encaminhados para atendimento. O CRBM não soube informar a idade dos envolvidos.


Leitor Mauricio Elesbão Stracke registrou o resgate e enviou pelo WhatsApp

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

INFRAÇÃO QUE MATA



ZERO HORA 14 de novembro de 2014 | N° 17983


BETO ALBUQUERQUE



“Racha motivou acidente que causou morte de jovem em Porto Alegre.” “Ultrapassagem perigosa causa morte na BR-316.” Manchetes como essas podem estar com os dias contados, ao menos com a frequência com que são noticiadas. O dia 1º de novembro de 2014 ficou marcado pela entrada em vigor da lei – que apresentei em 2007 – que aumenta as penalidades para práticas no trânsito que ceifam vidas a todo instante.

O fato é que a impunidade tem gerado mais acidentes. Após 17 anos em vigor, o Código de Trânsito Brasileiro já não respondia adequadamente nos casos de homicídios envolvendo motoristas embriagados, excesso de velocidade, prática do “racha” ou o tráfego pelo acostamento.

A nova lei coíbe um dos principais motivos de morte no trânsito: as ultrapassagens perigosas, que resultam em colisões frontais. As ultrapassagens em local proibido correspondem a 4% dos acidentes em rodovias, porém respondem por 33,3% das vítimas fatais. São vidas perdidas, famílias destruídas, jovens que não chegarão à idade adulta.

A simples prática dessa irregularidade já vai pesar significativamente no bolso do motorista irresponsável, que terá que pagar multa de até R$ 1.915,40, quando flagrado. E, no caso de acidente com vítima, o causador pode ser condenado a até seis anos de prisão.

Insisto na necessidade de o Estado atuar em várias frentes, pois o objetivo não é aumentar arrecadações ou colocar pes- soas na cadeia, é salvar vidas. É necessário investir pesado na educação para o trânsito e na fiscalização. Também aguardamos a aprovação final de projeto de lei que apresentei em 2009, que institui o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito, com metas de redução a serem atingidas pelos governos.

Aceitar que a violência possa ser um fato normal é uma tentativa de diluir o terror que ela provoca, de se submeter aos seus efeitos. Por isso, a população deve fazer a reflexão de quantas mortes está disposta a suportar e por quantos anos ainda teremos quew lamentar o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Trânsito, realizado no terceiro domingo de novembro de cada ano.

Líder do PSB na Câmara dos Deputados, autor da Lei 2.592/2007, que alterou o Código de Trânsito Brasileiro

domingo, 9 de novembro de 2014

MORTE EM BRIGA POR ABASTECIMENTO DE CARRO

Homem morre durante briga em posto de combustíveis em São Leopoldo. A causa, conforme a Polícia Civil, foi uma parada cardiopulmonar


ZH 08/11/2014 | 20h24



Uma discussão entre dois clientes de um posto de combustíveis em São Leopoldo, no Vale do Sinos, terminou em morte neste sábado. O motivo do desentendimento, que teve agressão física, seria que ambos queriam abastecer o carro na mesma bomba.

De acordo com informações da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), Laerte Rodrigues da Rosa, 57 anos, sofreu uma parada cardiopulmonar durante a briga. O outro envolvido, Marcio Lusiano, 41 anos, foi preso em flagrante e autuado por lesão corporal seguida de morte, crime cuja pena varia de quatro a 12 anos de reclusão e não dá direito a fiança.

Em depoimento à Polícia Civil, ele declarou que esperava sua vez de ser atendido e foi ofendido por Rodrigues.

— No momento em que os direitos humanos deveriam estar elevados e o bom senso ser exaltado, isso (agressão) é inadmissível — afirma a delegada Elisabete Scopel.

A delegada relata que familiares de Lusiano chegaram a ser agredidos por pessoas que estavam na rua. Os agressores, no entanto, fugiram com a chegada da Brigada Militar.

*Zero Hora

terça-feira, 4 de novembro de 2014

FISCALIZAR E PUNIR



FOLHA.COM 04/11/2014 02h00



EDITORIAL



O combate à carnificina diária verificada nas ruas e estradas brasileiras ganhou no sábado (1º) um importante reforço. Entraram em vigor alterações no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) que deixaram mais duras as punições para o motorista que expõe a risco sua própria vida e a de outras pessoas.

Tornaram-se mais caras, por exemplo, as multas aplicadas a ultrapassagens perigosas, como aquelas feitas pelo acostamento, pela direita ou com invasão irregular do outro sentido. Em alguns desses casos, a sanção pecuniária passou de R$ 191,54 para R$ 1.915,40, um aumento de 900%.

A nova cifra parece muito mais adequada para atingir o fim a que se propõe: coibir manobras que, por sua temeridade, passaram a ser consideradas gravíssimas.

Tomem-se as colisões frontais entre veículos, na maior parte das vezes provocadas por ultrapassagens proibidas. Embora representem apenas 3% dos acidentes nas rodovias federais, respondem por 33% das mortes nessas estradas.

Espera-se que o endurecimento do CTB contribua para reduzir as estatísticas negativas nessa seara. Em 2010, o Brasil alcançou uma marca triste: passaram a morrer, a cada ano, mais de 40 mil pessoas em decorrência de acidentes de trânsito. Só nesse período foram perdidas mais de 200 mil vidas.

Como é óbvio, o agravamento da lei, por si só, não será a solução para esses problemas –embora possa causar impacto no curto prazo. Para que produza os efeitos desejados, a medida precisa vir acompanhada da devida fiscalização.

Há ainda outro tipo de fiscalização –nesse caso, sobre os recursos oriundos das multas– que deveria ser melhorada. Relatório de 2012 do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo mostrou que, dos cerca de R$ 600 milhões arrecadados de 2008 a 2011, somente 0,05% recebeu a destinação correta.

Essa situação motivou o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) a apresentar projeto de lei que tipifica como improbidade administrativa a não aplicação exclusiva do dinheiro de multas de trânsito em sinalização, engenharia de tráfego, policiamento e educação de motoristas, conforme determina o CTB.

O texto, entretanto, está há quase um ano estacionado na Câmara dos Deputados. Uma pena. Sua aprovação ajudaria a dissipar a impressão, nem sempre incorreta, de que o rigor punitivo tem base antes na ânsia arrecadadora do que nos esforços de prevenção.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA -  POR UM TRANSITO MAIS SEGURO...Sou a favor das multas rigorosas, mas nas quatro vias: 1) a do condutor "assassino" no trânsito que deveria perder o carro, ser preso e indenizar para sempre suas vítimas; 2) a do governante "terrorista" que deixa as vias públicas cheias de buracos, sem manutenção, mal sinalizadas e sem policiamento; 3) a do policiamento de trânsito que prioriza os atos infracionais e se omite na questão de segurança; 4) e a daqueles que têm o dever de prevenir, evitar e coibir as licitações fraudulentas, a corrupção, a propina, o superfaturamento e o uso de material precário na construção de vias públicas, mas não faz.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

CHOQUE NO BOLSO PARA DESPERTAR A CONSCIÊNCIA


ZH 31 de outubro de 2014 | N° 17969


POLÍTICA + | Rosane de Oliveira




Haverá choro e ranger de dentes a partir deste sábado, quando entram em vigor os novos valores das multas para quem faz ultrapassagem em local proibido nas estradas. Não faltarão vozes para dizer que o sentido das multas, que tiveram aumento de até 900%, é meramente arrecadatório e que o ideal é educar os motoristas para que não cometam infrações. É verdade, mas, quando a educação não funciona, o choque no bolso é uma técnica eficaz para despertar a consciência.

Qualquer aprendiz sabe que, se existe uma placa de ultrapassagem proibida, é porque naquele ponto o desrespeito à regra coloca em risco a vida de quem faz a manobra e a de quem vem em sentido contrário. Na prática, motoristas experientes desafiam o perigo o tempo todo nas estradas e ultrapassam em curvas, sem enxergar o que está à frente, como se participassem de uma brincadeira de roleta-russa. Com o aumento do valor das multas, espera-se que os apressadinhos tenham mais cuidado.

As novas regras também têm por objetivo inibir os rachas e as ultrapassagens pelo acostamento, comuns até em vias duplicadas, quando se formam engarrafamentos. A multa para quem for flagrado ultrapassando pelo acostamento ficará sete vezes mais cara. Pula de R$ 127,69 para R$ 957,70. Para quem forçar uma ultrapassagem de risco a multa sobe 10 vezes: de R$ 191,54 para R$ 1.915,40.

Para os motoristas envolvidos em rachas, a multa passará de R$ 574,62 para R$ 1.915,40, e as penas ficarão mais duras. Hoje, esses infratores são condenados a, no máximo, dois anos de reclusão. Com a nova lei, o tempo pode aumentar para seis anos, se houver lesão corporal, ou para 10, quando resultar em morte.

Autor do projeto apresentado em 2007, aprovado em maio e sancionado agora pela presidente Dilma Rousseff, o deputado Beto Albuquerque (PSB) justifica que 60% das mortes no trânsito ocorrem em choques frontais. Na maioria dos casos, diz ele, são provocadas por ultrapassagens indevidas.

No Brasil, as mortes por acidentes de trânsito aumentaram 41,7% em 10 anos. No Rio Grande do Sul, houve aumento de 16,9%.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

REPRESSÃO À IMPRUDÊNCIA



ZERO HORA 30 de outubro de 2014 | N° 17968


LUÍSA MARTINS

FISCALIZAÇÃO. Vai pesar ainda mais no bolso


Multas ficarão até 900% mais caras a partir de sábado. Mudança vai atingir ultrapassagens em local proibido ou pelo acostamento e motoristas que fazem rachas. Tempo de prisão em caso de crime de trânsito também aumenta


A partir de sábado, motoristas que provocarem situações de risco no trânsito estarão sujeitos a pagar mais caro pelas infrações. Em alguns casos, muito mais caro: o aumento no valor das multas, determinado a partir da sanção presidencial de uma lei que altera 11 artigos do Código Brasileiro de Trânsito, pode chegar a 900%. Os artigos se referem, principalmente, a ultrapassagens em estradas e a disputas de rachas. As mudanças, conforme o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), podem resultar em mais segurança para motoristas e pedestres, além de preservar a infraestrutura urbana.

Quem for flagrado ultrapassando pelo acostamento, por exemplo, em vez de receber multa de R$ 127,69, como prevê a lei atual, vai passar a pagar R$ 957,70 – valor mais de sete vezes maior.

– O bolso é a parte mais sensível do ser humano, por isso há esperança de que a nova lei reduza o número de ocorrências – afirma Rafael Roco de Araújo, doutor em Engenharia com ênfase em Sistemas de Transportes e professor da PUCRS.

Envolvidos em rachas ou corridas não autorizadas também estarão sujeitos a penas mais duras. Atualmente, esses motoristas são condenados a, no máximo, dois anos de reclusão. Com a nova lei, o tempo pode aumentar para seis anos, caso haja lesão corporal, ou para 10, quando resultar em morte.

O projeto foi elaborado em 2007 pelo deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS) e sancionado em maio pela presidente Dilma Rousseff. A mortes por acidentes de trânsito no Brasil aumentaram 41,7% em 10 anos, segundo o Mapa da Violência 2013, divulgado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos (Cebela). Ainda que o Rio Grande do Sul tenha caído de 18º para 21º no ranking, houve aumento de 16,9%.

– As multas estão defasadas há muito tempo. Exalto a maior severidade principalmente em relação às ultrapassagens, que podem acabar em choques frontais. Levando em conta a velocidade com que esses veículos transitam, quase sempre há mortos ou, pelo menos, feridos – diz João Fortini Albano, professor de Engenharia de Produção e Transportes da UFRGS.

EM CASO DE REINCIDÊNCIA, MULTA SERÁ DOBRADA

A nova lei ainda determina que, se houver reincidência, a multa será reaplicada em dobro, podendo chegar a R$ 3.830,80.

– Pesando no bolso, pode ser também que pese a consciência – afirma o professor da UFRGS.

O Denatran garante que 5% dos recursos das multas são direcionados ao Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (Funset), algo que a ativista Diza Gonzaga, presidente da ONG Vida Urgente, vê com bons olhos, mas com ressalvas. Ela deseja um percentual maior dedicado a iniciativas que cuidem não só da educação, mas da melhoria das estradas:

– A educação no trânsito é um processo permanente que deve abarcar todos os níveis de ensino, do infantil ao adulto. Gostaria que essa verba fosse utilizada para aprimorar a engenharia de trânsito: se uma curva é chamada “da morte” ou uma estrada é apelidada “do inferno”, algo está errado.



 

terça-feira, 28 de outubro de 2014

MENINO É ATROPELADO NA CALÇADA POR VEÍCULO CONDUZIDO POR POLICIAL AFASTADO POR PROBLEMAS PSICOLÓGICOS



ZERO HORA 28 de outubro de 2014 | N° 17966

CLÁUDIO GOLDBERG RABIN E FERNANDA DA COSTA


ACIDENTE ATROPELADO POR POLICIAL. Menino tem pé arrancado ao ser atingido por carro

VEÍCULO CONDUZIDO POR SOLDADO passou sobre criança domingo à noite, em Palmeira das Missões. O estado do garoto de sete anos é gravíssimo


A noite de comemoração de um aniversário se transformou em um pesadelo para a família de Gabriel da Silva Kruger, sete anos. Atropelado enquanto brincava na calçada, em Palmeira das Missões, no norte do Estado, o garoto teve o pé arrancado, três costelas quebradas e um pulmão perfurado. O quadro relatado à família pelos médicos que cuidam de Gabriel é pouco animador: ele passou parte da noite em coma e segue em estado gravíssimo. Mais forte do que o desejo de Justiça em relação ao motorista responsável pelo atropelamento, um policial militar, o que a família mais anseia é ver Gabriel recuperado.

– Só queremos que ele escape dessa – diz o tio do menino, Edson Vander Sieben, 42 anos.

Ele estava com o sobrinho em uma festa de aniversário e testemunhou o acidente. Para o garçom, é difícil aceitar que Gabriel tenha sido atropelado na calçada e por alguém que deveria zelar por sua segurança, um policial:

– Esse cidadão tinha de dar exemplo. Queremos que ele responda na Justiça pelo que fez.

Gabriel foi atropelado pelo soldado Endrigo Petter, que está afastado do trabalho há mais de um ano, em licença médica por problemas psicológicos, conforme o major Carlos Aguiar, subcomandante do 39º Batalhão de Polícia Militar de Palmeira das Missões. Petter dirigia um Corsa pela Rua Maris de Barros, no centro de Palmeira das Missões, quando perdeu o controle do carro e invadiu a calçada, na noite de domingo.

Conforme Sieben, o veículo passou sobre Gabriel e atingiu outras duas pessoas. O menino teve o pé direito arrancado, da canela para baixo, e desmaiou.

Gabriel foi levado ao hospital do município e, na madrugada, transferido para o Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo, onde está internado no CTI.

Após o atropelamento, o soldado foi agredido por moradores com chutes e socos e ferido por golpe de faca no abdômen. Encaminhado ao hospital de Passo Fundo, já recebeu alta. Ontem, Petter teve a prisão decretada pela Justiça. Ele pode responder pelos crimes de lesão corporal ou tentativa de homicídio. O inquérito policial deve ser concluído em até 10 dias.

domingo, 26 de outubro de 2014

75 POR CENTO DOS ACIDENTES FATAIS COM JOVENS ENVOLVE ÁLCOOL



CORREIO DO POVO 25/10/2014


Estudo aponta que álcool está ligado em 75% dos acidentes fatais com jovens. Campanhas de conscientização são lançadas para diminuir o problema


Hygino Vasconcellos



Um número alarmante. Segundo estudos científicos, 75% dos acidentes fatais com jovens estão ligados ao álcool. O alerta foi dado pelo psiquiatra Gustavo Teixeira, que recentemente lançou o livro “Manual Antidrogas”. Ele ressalta que diversos estudos apontam que o uso abusivo do álcool está relacionado a um número “assustador” de acidentes automobilísticos entre adolescentes. Segundo estudos americanos, aproximadamente 40% dos afogamentos e até 50% dos estupros de estudantes universitários estão também relacionados ao uso abusivo do álcool.

A Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, realizada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que consultou 1.455 alunos de 64 turmas do 9 ano (adolescentes com idade entre 13 a 14 anos) de 52 escolas de Porto Alegre, não apontou resultados melhores. Em um dos questionários, 78,2% dos jovens porto-alegrenses afirmaram que já experimentaram alguma vez bebida alcoólica índice acima do registrado no país, de 66,6%. Em relação a outras capitais brasileiras, Porto Alegre fica, neste quesito, em segundo lugar junto com Curitiba e atrás de Florianópolis, com índice de 78,8%.

Além disso, 29% dos alunos gaúchos admitiram que já sofreram algum episódio de embriaguez, o que deixa a cidade na terceira posição. Na primeira posição fica novamente Florianópolis, com 31,1%, e logo atrás Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, com 30,7%. O psiquiatra do Hospital de Clínicas, Thiago Pianca, entende que a situação da Capital não é muito diferente em relação aos outros estados, já que a variação dos índices é pequena. “O consumo precoce é um problema nacional.”

Conforme Pianca, a ingestão do álcool por crianças e adolescentes vai agir diretamente no cérebro, nas partes que estão em desenvolvimento, responsáveis pelo controle do impulso.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

RODOVIAS FEDERAIS PIORARAM NO GOVERNO DILMA



O Estado de S.Paulo 19 Outubro 2014 | 03h 04


OPINIÃO



Pioraram, no governo Dilma Rousseff, os indicadores de qualidade da malha rodoviária brasileira, segundo a Pesquisa CNT de Rodovias 2014. Houve pouco investimento, deterioração das condições de segurança e aumento do número - de 219, em 2011, para 289, em 2014 - de pontos críticos, tais como cruzamentos entre rodovias e ferrovias no mesmo nível, pontes caídas, queda de barreiras, presença de máquinas em operação nas pistas e buracos grandes. Se as rodovias brasileiras fossem todas boas ou ótimas, o País teria economizado R$ 1,79 bilhão em 2014, calcula o diretor da Confederação Nacional dos Transportes Bruno Batista.

Nos últimos 10 anos, o número de veículos em circulação cresceu 122% e a extensão das rodovias pavimentadas, apenas 13,8%, segundo o levantamento. Entre 2010 e 2014, o número de quilômetros pavimentados avançou apenas 5,6%. Como o volume de tráfego aumentou mais, as rodovias ficaram mais perigosas, exigindo mais dos motoristas.

De um total de 203,5 mil km de rodovias pavimentadas e de 1,69 milhão de km que formam a malha brasileira, a pesquisa abrangeu 98,4 mil km - mas só 32,4% estavam em perfeitas condições de rodagem. Nos 18,9 mil km sob concessão privada, 14,3 mil km (75,7%) registravam condições ótimas ou boas, mais que o dobro do porcentual registrado pelas estradas sob gestão pública (34,7%). Em 2013, apenas 4,4 mil km de estradas federais foram licitados e passaram à administração privada, mas não houve tempo suficiente para uma expressiva ampliação de investimentos.

As rodovias são responsáveis por mais de 60% do transporte de carga no País. Viabilizam o deslocamento das safras de grãos colhidas principalmente na Região Centro-Oeste para os grandes portos do Sudeste e do Sul. Delas depende, portanto, parte do gigantesco superávit do agronegócio brasileiro, superior a US$ 80 bilhões no ano passado. De boas rodovias também depende a competitividade dos produtos brasileiros exportados, mas a CNT calcula que o mau estado das rodovias eleve em 26% o custo do transporte.

Daí a importância do levantamento anual da CNT sobre o estado das rodovias e os problemas enfrentados por quem se vale delas tanto para se deslocar até o trabalho, a escola ou os centros de lazer como para transportar bens. Qualidade do pavimento, da sinalização, da estrutura de apoio, da geometria das vias, das curvas e dos acostamentos é bem mais do que estatística.

domingo, 19 de outubro de 2014

SEIS MORTES NUMA MADRUGADA VIOLENTA NO RS



ZH 19 de outubro de 2014 | N° 17957

Dani Barcellos

Acidentes. Tragédias no trânsito


Motorista na contramão foi uma de duas vítimas em colisão frontal na Rodovia do ParquePelo menos seis pessoas morreram em acidentes de trânsito na madrugada de sábado, no Rio Grande do Sul.

Na colisão mais grave, foram três vítimas fatais em Santa Rosa. Na Rodovia do Parque (BR-448), o motorista de um Corsa com placas de Canoas teria trafegado pela contramão e atingido frontalmente um Palio Weekend com placas de Fontoura Xavier, no km 14,8, no sentido Interior-Capital por volta das 3h. Os dois motoristas morreram no local e quatro passageiros do Corsa foram levados para o Pronto Socorro de Canoas. Um menino de seis anos ficou gravemente ferido.

Conforme o policial rodoviário federal Adriano Castro, pouco antes do acidente uma testemunha abordou uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas proximidades do aeroporto para contar que um carro na contramão quebrara o seu retrovisor.

Em Santa Rosa, um Gol bateu no canteiro central da Avenida Expedicionário Weber, a principal via da cidade, derrubou um poste, atravessou a pista e colidiu em um caminhão com placas de Encruzilhada do Sul. Até as 9h de sábado, a Brigada Militar confirmava três mortos – dois homens e uma jovem. Segundo a BM, o Gol partiu-se ao meio. Havia cinco tripulantes no carro.

Na BR-448, uma testemunha havia alertado a polícia a respeito de homem que dirigia em sentido contrário



Em São Leopoldo, mulher perde a vida na RS-240

Uma mulher morreu em um acidente no km 02 da RS-240, às 3h30min em São Leopoldo, no Vale do Sinos, também na madrugada de sábado.

Conforme o Grupo Rodoviário de Portão, o Renault Clio, com placas de Portão, saiu da pista, desceu um barranco e se chocou com uma árvore.

A vítima foi identificada como Erci Inês Sesstron, 50 anos. Ela estaria no banco traseiro do Clio, acompanhada pelo cunhado, que dirigia o veículo, e da irmã.

Os dois feridos foram encaminhados ao Hospital Centenário, em São Leopoldo.

sábado, 18 de outubro de 2014

ESTRADAS DESTRUÍDAS



ZH 8 de outubro de 2014 | N° 17956



EDITORIAL




Pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), recém divulgada, evidencia o descaso com as estradas gaúchas, que estão se deteriorando em velocidade muito superior à capacidade do governo de investir na manutenção e nas melhorias. É mais um argumento irrefutável para a revisão do atual modelo de administração, e tema inadiável para o debate eleitoral que ora se desenvolve na disputa pelo governo do Estado. O levantamento mostra que as rodovias concedidas à iniciativa privada são melhores do que as administradas pelo poder público e que as piores do ranking são justamente as estaduais.

Enquanto o modelo se mantém como está, é preciso pelo menos que o poder público siga à risca alguns pressupostos elementares para garantir a segurança dos usuários e evitar um custo financeiro adicional para os gaúchos. Se há dificuldades de ampliar a malha pavimentada, o governo tem ao menos o dever de manter o que existe em condições de trafegabilidade. O que se constata, porém, é uma deterioração gradativa de trechos em condições adequadas de trafegabilidade, sob o ponto de vista de aspectos como geometria, pavimentação e sinalização.

Um aspecto particularmente grave é que, além de não conseguir manter as estradas como deveria, o poder público também não cumpre a sua parte sob o ponto de vista da fiscalização, imprescindível para a punição de quem trafega com excesso de peso, por exemplo. Em consequência, as dificuldades são maiores justamente no noroeste do Estado, onde é maior o tráfego de caminhões devido ao escoamento de safras. Isso faz com que os produtores enfrentem uma redução da competitividade. E, ao mesmo tempo, que os consumidores sejam forçados a arcar com o custo adicional do frete.

Num modelo econômico que privilegia o transporte rodoviário, não há perspectiva de crescimento sustentável sem investimentos em infraestrutura, particularmente os relacionados aos deslocamentos de pessoas e transporte de cargas. Por isso, se não tem como garantir pistas com um padrão mínimo de qualidade, o Estado precisa optar logo por um modelo alternativo que permita enfrentar definitivamente essa questão.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

FUJA DAS ARMADILHAS DO GPS



ZH 14 de outubro de 2014 | N° 17952

TECNOLOGIA. DIREÇÃO SEGURA

ROTAS INDICADAS PELO sistema de georreferenciamento nem sempre são as melhores opções para deslocamento e podem representar risco



Aliados dos motoristas para se deslocar nas cidades ou em estradas, os equipamentos de GPS podem acabar atrapalhando a viagem e até oferecer risco ao sugerir uma rota. No sábado à noite, um motorista que ia de Venâncio Aires para Caxias do Sul teria sido levado pela orientação do sistema a utilizar uma estrada de terra, sem iluminação ou sinalização, em Teutônia. Ao passar por uma ponte, perdeu o controle do veículo e caiu em um arroio. No acidente, a mulher e dois filhos – um menino e uma menina – morreram. A professora de cartografia da UFRGS Andréa Iescheck dá dicas para evitar contratempos.

DICAS PARA APROVEITAR O EQUIPAMENTO
UTILIZE APLICATIVOS QUE MOSTREM ATUALIZAÇÕES SOBRE AS ESTRADAS
Prefira usar o smartphone a aparelhos de GPS. Na internet, é fácil encontrar aplicativos de celular como o Waze e o Google Maps, que informam ao usuário se há problemas nas rodovias, especialmente em cidades grandes ou em estradas conhecidas (o Waze é atualizado com informações repassadas pelos próprios usuários). Os equipamentos de GPS para veículos normalmente apresentam atualizações menos frequentes. Por isso, acidentes, obras e problemas na sinalização não costumam aparecer.
DÊ PREFERÊNCIA ÀS VIAS PRINCIPAIS
Utilizar estradas mais conhecidas, com mais movimento, diminui a probabilidade de surpresas.
– Hierarquizando o que é principal e o que é secundário, o motorista fica menos sujeito a entrar em uma região de risco. Teoricamente, tem menos problema – alerta a professora Andréa Iescheck.
Além disso, vias principais são utilizadas por mais usuários, o que garante mais atualizações dos aplicativos sobre possíveis problemas no tráfego.
ESTUDE O TRAJETO ANTES DE SAIR DE CASA
Não é preciso abrir um mapa e fazer um estudo cartográfico das cidades, mas é bom ter uma ideia sobre o que esperar no caminho. Uma breve pesquisa no Google Maps ou mesmo em um mapa de papel pode ajudar o motorista a conhecer suas opções de rota. Mas fique atento para utilizar um mapa atualizado.

GPS GUIA MOTORISTA PARA ACIDENTE QUE MATOU SUA FAMÍLIA

ZERO HORA 12/10/2014 | 16h31


GPS teria guiado motorista de Caxias à estrada de chão onde ocorreu acidente com três mortes
Carro voltava de Venâncio Aires quando caiu em arroio no interior de Teutônia




Carro mergulhou no arroio Estrela e ficou com as rodas voltadas para cima Foto: LUCAS LEANDRO BRUNE / Divulgação


O GPS teria guiado o motorista Sérgio José Scortegagna Filho, 40 anos, à estrada de chão onde ocorreu o acidente que matou a mulher e os dois filhos dele. A família voltava de Venâncio Aires a Caxias do Sul quando ocorreu o acidente, no interior de Teutônia. A Zafira de Sérgio caiu no Arroio Estrela, na noite de sábado. Morreram a mulher dele, Maria Carolina Abreu Lima da Rosa Homrich Scortegagna, 32, e os filhos Rafaela, três, e Eduardo, sete. Sérgio sobreviveu.

Segundo a Brigada Militar de Teutônia, Sérgio ligou o GPS para procurar o melhor caminho em direção a Caxias do Sul, onde a família morava. O aparelho orientou o motorista a seguir pelo interior, passando pela linha São Jacó, onde ocorreu o acidente, em ponto sem iluminação ou sinalização. Outro caminho possível seria seguir pela Rota do Sol (RSC-453).

Por volta de 20h30min, o carro caiu de uma ponte sobre o Arroio Estrela e ficou com as rodas voltadas para cima. Sérgio conseguiu sair do veículo, mas não conseguiu auxiliar a família, que morreu afogada.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

EM DISCUSSÃO, MOTORISTA DE ÔNIBUS QUEBRA VIDRO DE CARRO

ZH 25/09/2014 | 15h43


Após discussão, motorista de ônibus quebra vidro de carro em Porto Alegre. Caso aconteceu na última sexta-feira e imagens foram gravadas por um passageiro




Vídeo mostra motorista da linha T8 quebrando o vidro de um automóvel com uma barra de ferro Foto: Reprodução

Um motorista da linha T8, da Carris, quebrou os vidros de um carro com uma barra de ferro, em Porto Alegre, após discussão no trânsito. O caso aconteceu na última sexta-feira e um dos passageiros gravou um vídeo mostrando as agressões. De acordo com o delegado Ajaribe Pinto, da 15ª Delegacia de Polícia da Capital, o condutor de um Palio e o motorista do coletivo bateram boca desde a Avenida Bento Gonçalves até o terminal da Avenida Antônio de Carvalho, onde aconteceram os ataques.

Segundo a polícia, duas ocorrências foram registradas: uma pelo condutor do carro e outra pelo motorista do ônibus. O primeiro alega ter sido agredido com uma barra de ferro pelo funcionário da Carris, como se pode ver nas imagens. O segundo afirma que quatro pessoas que estavam no automóvel teriam investido contra ele após discussão no trânsito.

Ambos foram encaminhados ao Departamento Médico-Legal de Porto Alegre para que fosse realizado o exame de corpo delito. A polícia aguarda o resultado da perícia para encaminhar o caso ao judiciário, que deverá marcar o julgamento.

A assessoria de imprensa da Carris informou que o motorista consultou um médico e recebeu atestado de dois dias, devido a supostas agressões que ele teria sofrido antes de quebrar os vidros do carro. Ainda segundo a empresa, o funcionário entraria em férias na próxima segunda-feira, mas em função do ocorrido, o descanso foi antecipado. A Carris comunicou que vai esperar o julgamento para tomar alguma atitude.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

PARADAS INSEGURAS E PRECÁRIAS

DIÁRIO GAÚCHO 24/09/2014 | 09h31


Paradas de ônibus são péssimas na ERS-118. Falta de abrigos, de sinalização e precariedade dos pontos de ônibus são problemas para quem usa o transporte coletivo nos 40km da rodovia



Foto: Tadeu Vilani / Agencia RBS


Aline Custódio


Quem depende das paradas de ônibus ao longo dos 40km da ERS-040 entre a BR-116, em Sapucaia do Sul, e a ERS-040, em Viamão, precisa de doses extras de paciência e de cautela para enfrentar a falta de infra-estrutura. Na manhã da sexta-feira passada, o Diário Gaúcho percorreu a via e encontrou problemas que vão desde falta de sinalização até inexistência de proteção aos passageiros das linhas municipais, intermunicipais e especiais.

No trecho de Cachoeirinha, pertencente ao Jardim Betânia, o vigilante Jair Veiga, 31 anos, desafia a falta de indicação de uma parada para pegar diariamente o ônibus até o trabalho, em Novo Hamburgo. O ponto fica exatamente onde a via está sendo duplicada, para a construção de um viaduto que, segundo Jair, atrapalha a visão de quem aguarda pelo transporte.

- Tiraram a placa de ônibus há meses. Muitos não param para os passageiros. Se eu quiser pegar o ônibus, preciso quase entrar na rodovia e corro o risco de ser atropelado - conta.

"É uma vergonha"

Na parada seguinte, o autônomo Denilson Bitencourt, 41 anos, aguardava na beira da estrada, sentado num dos dois bancos improvisados com pneu e concreto. Para piorar a situação, engolia a poeira a cada veículo que cruzava a via.
- Em dias de sol, é terra para todo o lado. Quando chove, chego molhado no trabalho por falta de proteção na parada. É uma vergonha, e isso nunca vai mudar - disse, descrente em melhorias a partir da duplicação da via.


"Falta de respeito"

Em Gravataí, a auxiliar de serviços gerais Elca Luzia Scherer, 73 anos, decidiu caminhar quase 1km até encontrar a única parada com proteção para os passageiros. Parcialmente destruída, a proteção tem como banco um tronco de árvore colocado pelos próprios moradores da região.

- O sol estava muito forte para ficar desprotegida. É uma falta de respeito, principalmente, com quem tem mais idade - desabafou.

Carlos construiu uma proteção

A situação mais curiosa existe em Alvorada, onde o morador do km 26, Carlos Machado, 62 anos, construiu a única proteção para os passageiros no trecho pertencente à cidade. De madeira, com telhado de amianto e lona plástica presa por taquaras e fios, a parada existe há dez anos. Carlos revela que, no ano passado, fiscais tentaram retirar a casinha que tem até uma pia ligada à rede de água. Mas os moradores do Bairro Tijuca não permitiram.

- Construí a casinha para vender água no verão. No inverno, ela fica como proteção de quem precisa esperar o ônibus. Coloquei até dois tocos de madeira para quem quiser sentar. Minha vontade é construir uma do outro lado da estrada - revelou.

Manutenção é com o Daer

O Daer informa que a responsabilidade pela instalação e manutenção das paradas de ônibus na faixa de domínio da ERS-118 são do próprio Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem. Os municípios só têm responsabilidade pelas paradas dentro da cidade. O que está na faixa de domínio do Daer (mesmo que em perímetros urbanos) é administrado pela autarquia.

A situação das paradas da estrada foi repassada à 1ª Superintendência Regional do Daer, em Esteio. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, o projeto de duplicação da rodovia inclui a remodelação das paradas de ônibus, com os recuos e especificações necessárias, mas ainda sem data para ser realizada.

Saiba mais:

- No total, a ERS-118 tem 80,38km de extensão, desde Sapucaia do Sul até Vila Itapuã. São 50km pavimentados e 30km não pavimentados.
- Entre o entroncamento com a BR-116 até o entroncamento com a ERS-040 são 40km.
- Cruza por Viamão, Alvorada, Gravataí, Cachoeirinha e Sapucaia do Sul.
- Mais de 130 linhas de ônibus (municipais, intermunicipais e especiais) passam pelo local.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A JORNADA DOS SEM-AUTOMÓVEL




ZH 22 de setembro de 2014 | N° 17930


VINÍCIUS FERNANDES


MOBILIDADE MENOS MOTOR. NO DIA MUNDIAL SEM CARRO, Zero Hora mostra a rotina de pessoas que abriram mão do meio de transporte e adotaram alternativas mais sustentáveis mesmo que por apenas 24 horas


Já são quase 10 anos sem automóvel. Para o desenvolvedor de softwares Helton Moraes, 36 anos, é difícil traçar uma retrospectiva detalhada de 2004 para cá, mas hoje, no Dia Mundial sem Carro, lembra com felicidade da década em que declarou independência do motor. Apesar dos dias de chuva, das pedaladas cansativas e da hostilidade de muitos motoristas – que compõem o cenário de dificuldades dos que abrem mão do veículo individual –, Helton acredita que as pessoas não são tão dependentes do carro quanto imaginam ser.

Em sua casa, no bairro Bom Fim, vive com a mulher e o enteado. Ela vai para o trabalho de ônibus; ele, de bicicleta, e o menino caminha para a escola. Poderiam comprar um carro, mas, contrariando um dos principais argumentos dos defensores do transporte individual, acreditam ter mais liberdade não motorizados.

– Ter um carro implica gastar com garagem e combustível. Não é barato. Então a nossa pergunta número um foi: precisamos ter um carro? Pesou o fator logístico, que implica estacionar. E um acidente é uma despesa, é na verdade um custo psicológico – explica Helton, que só se rende ao automóvel para fazer viagens longas.

– Tu alugas o carro, ele está com a manutenção em dia, quando tu devolves te livras do problema – argumenta.

Em Porto Alegre, há um veículo para cada 1,9 habitante, segundo levantamento realizado pelo professor de transportes da UFRGS João Fortini Albano. O estudo também aponta que a Capital está na média dos grandes centros europeus, como França e Itália, e acima do índice nacional, de um veículo para cada 2,5 habitantes. Mas especialistas encontram otimismo na cultura da bicicleta, que cresce principalmente entre os jovens.

– A bicicleta tem muitas vantagens, e a cultura da modernidade, de sustentabilidade ambiental, marcha nesta direção. Vai encontrar resistências? Vai. Tem correntes muito radicais, o usuário do carro é muito cativo, mas eu acho reversível – pondera Albano.

Especial


Disposição para adaptar a rotina é fator determinante


BRUNA VARGAS


Quando comprou um carro, a jornalista Tatiana Roesler, 40 anos, acreditava que teria mais tempo com a primeira filha, então recém- nascida. Seis anos depois, com dois filhos não tão dependentes, morando perto da escola e a poucos quilômetros do trabalho, ela vive uma contradição: vem ganhando condições para deixar de usar o carro, mas percebe que se tornou dependente dele. A convite de ZH, a jornalista encarou o desafio proposto pelo Dia Mundial Sem Carro nesta segunda: passar um dia inteiro sem girar a chave.

Manhã

-Às 8h50min, Tatiana, Martina, seis anos, e Theo, quatro, vão a pé para a escola, a quatro quadras de casa.

– Já fizemos isso outras vezes, em dias de tempo bom. Eles adoram – comenta, sobre os pequenos.

-Às 9h, deixa a criançada e faz um pit stop na padaria: para sair de casa 10 minutos mais cedo, adiou o café.

-Após o lanche, Tatiana espera pelo ônibus que a deixa no escritório, no bairro Praia de Belas. Paga R$ 2,95 pela passagem e leva 14 minutos para percorrer o trajeto – de carro, no mesmo tempo a jornalista larga os filhos na escola e chega ao serviço.

-Tatiana faz as contas: para manter o carro, gasta R$ 60 semanais em gasolina e R$ 30 em lavagem, R$ 200 mensais em garagem, quase R$ 3 mil anuais entre seguro e IPVA.

– É um terceiro filho – reflete.

Tarde

-Sem carro, Tatiana almoça próximo ao trabalho e caminha até uma loja na Avenida da Azenha. Ela observa que se, de carro, precisa pensar previamente em rotas e locais para estacionar, sem ele tem de prever outras necessidades, como sacar dinheiro para a passagem e optar por sapatos e roupas mais confortáveis.

-Volta ao trabalho de ônibus. Na matemática da tarde, o transporte público sai na frente: de carro, teria pagado R$ 10 para estacionar.

Noite

-Tatiana costuma deixar o trabalho às 18h e buscar os filhos na escola, que funciona até as 19h.

-Desta vez, desce no meio do trajeto para sacar dinheiro e volta para a parada. O último coletivo do dia surge a menos de meia hora do fechamento da escolinha:

– Vou chegar lá e vão estar só os dois – angustia-se.

-Ao chegar à escola, às 18h50min, uma dúzia de crianças ainda brinca.

– Minha mãe está cansada – aponta Martina, certeira, a poucos metros de casa.

-Após um dia sem carro, a jornalista, que desistiu de se mudar para a Zona Sul para evitar o uso do carro, busca justificativas para manter o hábito:

– Acho que é preciso usá-lo de forma consciente, oferecendo carona, fazendo rotas alternativas e deixando na garagem sempre que possível.

-Os planos de erradicar o carro da vida da família não foram descartados. Mas, depois da experiência, devem ficar para mais tarde, segundo ela.

– Hoje, definitivamente, não seria possível – atesta.



Mais de R$ 60 por dia


De acordo com uma pesquisa produzida pela analista de Educação Financeira do Estúdio de Finanças da PUCRS Nahiane Pastro, o motorista porto- alegrense gasta R$ 60,91 por dia para ter um carro. O cálculo considerou um veículo de R$ 45 mil, que consome dois tanques de gasolina por mês. Foram contabilizadas despesas com estacionamento, seguro anual, depreciação do veículo, manutenção e IPVA.

Pensando em se libertar dos encargos financeiros que vêm de carona com o carro, André Snia, 31 anos, passou a levar a vida no ritmo das pedaladas. Locomover- se sobre duas rodas modelou seu dia a dia de tal maneira, que hoje trabalha com manutenção de bicicletas. Cruzar a Avenida Coronel Bordini com o filho de seis anos na cadeirinha acoplada à bike é parte da rotina. Há pelo menos 10 anos dividindo a via com veículos motorizados, André percebe um trânsito ainda mais intolerante e agressivo com os ciclistas.

– Os motoristas não nos respeitam nem um pouco. Sabem que o carro é mais forte e se aproximam da bicicleta – relata André, que, embora reconheça a importância da data, encara o 22 de setembro como um dia qualquer:

– Para nós dois, todo dia é Dia Mundial sem Carro.

O AUTOMÓVEL NÃO É O VILÃO



ZH 22 de setembro de 2014 | N° 17930

 

OSCAR ESCHER*


O Dia Mundial sem Carro é um convite não só para refletir sobre o uso de transporte sustentável, mas também para cobrar dos gestores públicos uma estrutura política adequada ao nosso tempo, voltada para as próximas gerações, contrariando o modelo das soluções obreiras nas cidades, que levam a sociedade a suspeitar que as obras não são feitas para as pessoas.

O transporte coletivo só atingirá plenamente a necessidade de atender o cidadão se for planejado, fiscalizado e gerido em rede, e a gestão deverá ser harmonizada entre todas as esferas de governo. Nas regiões metropolizadas, não há mais espaço para as muralhas medievais da divisão política, ao contrário, a única solução é a gestão partilhada.

No Dia Mundial sem Carro, não devemos cair no discurso fácil da satanização do automóvel, porque numa visão de médio e longo prazos vemos no transporte individual (automóvel, bicicleta, patins ou jornada a pé) a maior satisfação da individualização. Mas entendemos que o transporte coletivo de qualidade é a melhor solução para as cidades.

Hoje, a sociedade é dependente da indústria do automóvel. Neste contexto, o carro é a maior praga das cidades. Teremos de descobrir outra dimensão para o automóvel, uma vez que a calçada é feita para circular, caminhar, encontrar e conviver. Não é estacionamento.

É importante destacar também que inúmeros são os benefícios para o meio ambiente com o transporte hidroviário, o aeromóvel, o metrô e a bicicleta. Mas, para que a população sinta os benefícios do transporte coletivo, é preciso mais.

No modal rodoviário, por exemplo, não bastam apenas novos corredores de ônibus, é preciso também faixas exclusivas, ciclovias, área para passeios públicos, como as obras do Programa de Aceleração do Crescimento, que planejamos partindo da jornada a pé e que vão ultrapassar gerações.

*ARQUITETO E URBANISTA, SUPERINTENDENTE DA METROPLAN

terça-feira, 9 de setembro de 2014

PROTEÇÃO E PRIORIDADE AO PEDESTRE


ZH 09 de setembro de 2014 | N° 17917


VANDERLEI CAPPELLARI*




De 18 a 25 de setembro, será comemorada a Semana Nacional do Trânsito. Neste ano, o tema da semana é “Cidade para as pessoas. Proteção e prioridade ao pedestre”. Certamente, em todo o país, acontecerão muitos debates e atividades com foco nesta questão fundamental nas relações diárias entre as pessoas no dia a dia do trânsito. Em Porto Alegre, não será diferente, com uma extensa programação desenvolvida pela Coordenação de Educação para a Mobilidade da EPTC, envolvendo abordagens de conscientização; palestras, esquetes teatrais, entre outras ações, para uma maior conscientização e proteção das pessoas, especialmente o pedestre.

Mesmo com uma redução gradativa na acidentalidade do trânsito neste ano na Capital, menos 17,88% nos primeiros oito meses do ano, em relação ao mesmo período do ano passado, em razão das ações educativas, cerca de 400 atividades até o final do ano; pelas campanhas na mídia; pelas atividades em fiscalização em abordagens e blitze; e devido aos trabalhos de engenharia de tráfego, ainda é elevado o número de conflitos envolvendo os pedestres. De acordo com recentes dados divulgados pela EPTC, por intermédio da Coordenação de Informações do Trânsito, das 89 vítimas fatais de janeiro a agosto, 35 aconteceram por atropelamentos. Além disto, 957 pedestres ficaram feridos. É uma realidade preocupante.

É evidente a responsabilidade dos gestores do trânsito para reduzir o quadro de acidentalidade, com ações contínuas de fiscalização e de educação, além das medidas de engenharia de tráfego. Esta meta não pode ficar restrita às equipes técnicas, mas abranger a participação do conjunto da sociedade. Se não houver o envolvimento diário de todos os segmentos, certamente os resultados não avançarão como se deseja.

Na verdade, nada justifica uma única morte no trânsito. Esta guerra absurda, com cerca de 50 mil vítimas fatais por ano no país, atinge e enluta a todos. E precisa acabar. Nossa missão, permanente, é de mudar a cultura existente, em busca de uma maior cordialidade nas relações; de respeito aos limites, com prioridade às pessoas, lembrando sempre que somos pedestres, antes de tudo.


*DIRETOR-PRESIDENTE DA EPTC

domingo, 7 de setembro de 2014

VEÍCULOS RESISTÊNCIA EM XEQUE


ZH 07 de setembro de 2014 | N° 17915

ITAMAR MELO

ELES SÃO SEGUROS?

O QUE DIZEM testes que avaliam a qualidade de veículos vendidos no Brasil, realizados por entidade de defesa do consumidor



O freio ABS apareceu em 1971. O airbag frontal chegou ao mercado três anos depois. Na Europa e nos Estados Unidos, esses sistemas são considerados indispensáveis há décadas. No Brasil, só deixaram de ser um luxo em janeiro, quando tornaram-se obrigatórios nos veículos novos. Apesar do atraso de 40 anos, foi um avanço importante, que eleva a segurança do carro nacional a outro patamar. Mas o consumidor não deve se iludir. Há indícios de que o automóvel brasileiro, em geral, ainda é um perigo em comparação com o de países mais avançados e cobra um preço alto em mortes e lesões perfeitamente evitáveis.

O melhor termômetro dessa diferença são testes realizados desde 2010 pelo Programa de Avaliação de Veículos Novos para a América Latina e o Caribe (Latin Ncap), organização de defesa do consumidor que seleciona alguns modelos e os envia a um laboratório alemão, onde eles são submetidos a uma colisão frontal. Depois, medem-se as lesões sofridas por bonecos especiais e inspeciona-se o que ocorreu com o automóvel. No final, chega-se a uma nota que vai de zero a cinco estrelas.

O resultado dos testes mais recentes é alarmante. De oito modelos latino-americanos analisados, dois conseguiram quatro ou cinco estrelas para adultos no banco dianteiro. Para crianças, a pontuação é ainda pior. Na Europa e nos Estados Unidos, onde as avaliações são mais rigorosas, a maioria dos carros obtêm conceito máximo.

Um dos veículos testados foi o New Palio, produzido na Argentina. O modelo sem airbag obteve nota zero. Na versão com airbags frontais, o dispositivo fez diferença, e a nota subiu para três estrelas.

– Numa escala de zero a cem, três estrelas significaria uma nota entre 40 e 60. Não pode ser considerado um resultado positivo. Temos o terceiro maior mercado consumidor de carros, somos o quarto maior produtor e pagamos preços exorbitantes. Deveríamos ter uma segurança de primeiro mundo – afirma o engenheiro Dino Lameira, pesquisador da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste).

Um das razões para o desempenho é que o carro nacional sai de fábrica equipado com menos dispositivos de segurança que o similar estrangeiro. No momento em que o Brasil finalmente adota o ABS e o airbag, os carros do Hemisfério Norte já incorporaram como itens básicos outros sistemas que por aqui vão ser encontrados só nos modelos mais caros.

CARROS DE GERAÇÃO ANTERIOR NO BRASIL

Um exemplo é o Controle Eletrônico de Estabilidade (ESP), que poupa milhares de vidas nos Estados Unidos e na Europa. Outra causa para a discrepância dos resultados estaria na própria estrutura dos veículos.

– A diferença na estrutura pode ser atribuída a três razões principais: falta de reforço, solda deficiente e materiais de baixa resistência. Isso acontece porque o governo não exige mais segurança, e as montadoras querem obter o maior lucro possível – critica Alejandro Furas, secretário-executivo da Latin Ncap.

A segurança do veículo brasileiro ganhou destaque internacional no ano passado, quando a agência de notícias Associated Press produziu extensa reportagem intitulada “Carros feitos no Brasil são mortais”. O texto qualificava de “tragédia nacional” a qualidade dos automóveis em circulação no Brasil. A reportagem citava exemplos como o Ford Ka, que na versão latino-americana obteve uma estrela no Latin Ncap. A versão europeia, que segundo o fabricante é outro carro, alcançou quatro estrelas, no bem mais rígido Euro Ncap. O engenheiro mecânico Marcelo Alves, do Centro de Engenharia Automotiva da USP, confirma que os modelos disponíveis aqui são carros diferentes dos que circulam no Exterior com o mesmo nome:

– Os brasileiros são de uma geração anterior e não contam com o que existe de mais avançado em engenharia. São os veículos que se encontrava na Europa há 10 ou 15 anos. Até o ano passado, ainda tínhamos no Brasil um projeto de 50 anos, a Kombi. Carros assim não têm como passar em teste.

ZH solicitou entrevista sobre a segurança dos carros brasileiros com um representante da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A entidade informou que apenas o presidente, Luiz Moan Yabiku Junior, fala sobre o assunto, mas ele não estaria disponível.



Observar itens de segurança não é o bastante



Ainda que dispositivos de proteção sejam importantes, consumidor precisa ficar atento à nota em testes de colisão e à manutenção

O brasileiro que entra na loja para escolher um automóvel costuma ter em mente questões como beleza, tamanho, conforto e preço. Quando assina o contrato, ele também pode estar se decidindo, sem saber, entre a vida e a morte.

– O nosso consumidor sequer sabe quais são os itens de segurança automotiva – observa o engenheiro da USP Marcelo Alves.

A presença desses dispositivos deveria ser, como ocorre em outros países, um critério fundamental de escolha. Em geral, quanto mais itens, melhor. A Latin Ncap recomenda que o carro tenha ao menos freios ABS, cintos de segurança de três pontos, airbags e sistema Isofix para fixação de cadeirinhas infantis.

Se ficar sem esses itens é considerado um risco pelos engenheiros, e tê-los não é garantia de segurança total. Um caso ilustrativo é o J3, do fabricante chinês JAC. Apesar de estar equipado com airbags, o veículo alcançou apenas uma estrela no teste de colisão frontal da Latin Ncap. Isso pode ocorrer quando o problema do carro é estrutural.

Na dúvida, a melhor saída é verificar como o modelo saiu-se nos testes de colisão. O problema é que são poucos os veículos produzidos no Brasil já avaliados. Como não há obrigatoriedade, cabe a uma entidade com fundos limitados, a Latin Ncap, realizar avaliações em carros selecionados. Uma possibilidade seria ver o desempenho nos testes do automóvel de mesmo nome vendido no mercado europeu, japonês ou americano, mas essa prática não é recomendável. Com frequência, há diferenças de projeto, de fabricação e de itens de segurança incluídos – com desvantagem para o produto nacional.

Adquirido o veículo com o máximo de acessórios e a melhor das pontuações, ainda assim não é o caso de relaxar:

– É preciso lembrar que um carro pode ter custado R$ 150 mil e vir com todos os itens de segurança, mas se não trocar o pneu, cuidar da suspensão e usar o cinto, ele vai ser pior do que o carro mais simplesinho que estiver com isso em ordem – alerta o engenheiro Oliver Schulze, da comissão técnica de segurança veicular da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE).



LABIRINTO DAS ESTRADAS



ZH 07 de setembro de 2014 | N° 17915


CADU CALDAS


ELEIÇÕES 2014 O DESAFIO DAS RODOVIAS

COMO INVESTIR E QUALIFICAR as principais vias do Rio Grande do Sul? O maior gargaloda infraestrutura do Estado é um dosgrandes problemas do próximo governador



No discurso, a receita é fácil. Basta misturar ingredientes como vontade política, agilidade nos estudos ambientais, seriedade nas licitações e investimento graúdo para tornar as estradas gaúchas uma referência de qualidade. Na prática, a equação não é tão simples.

Com as finanças públicas estranguladas por uma dívida que já passa de R$ 50 bilhões e sem capacidade de assumir novos empréstimos, o Estado tem recursos escassos para aplicar na melhoria da estrutura rodoviária. Considerado principal gargalo na infraestrutura estadual, o custo de ter estradas tão ruins, segundo cálculos da consultoria Intelog, ultrapassa R$ 20 bilhões ao ano e se reflete na perda de competitividade das empresas, que gastam mais com transporte e conservação adequada, e em mercadorias mais caras nas prateleiras do Estado.

Dados do Conselho Nacional de Trânsito (CNT) dão sinal do descompasso: a participação do Rio Grande do Sul na malha pavimentada do país é de 5,4%, enquanto no Estado circula 12,9% da frota nacional de veículos.

Apesar da expansão no orçamento destinado a rodovias pelo governo do Estado de 2010 para cá, o montante investido avança em um ritmo mais lento do que a necessidade de manutenção. O resultado são ainda dezenas de cidade sem acesso asfáltico, como a pequena Amaral Ferrador, no sudeste do Estado, e estradas esburacadas e sobrecarregadas pelo fluxo cada vez maior de carros, motos e caminhões, como a RS-305, no Noroeste, e a RS-118, na Região Metropolitana, que representam não só perdas para a economia, mas também mais mortes no trânsito.

O desafio que espera o ocupante do Palácio Piratini nos próximos anos é grande. Além de decidir quais obras serão tratadas como prioridade, caberá ao próximo governador do Rio Grande do Sul apontar soluções efetivas para melhorar a malha rodoviária gaúcha. É aí que começam as divergências. Enquanto Tarso Genro (PT), por exemplo, defende a manutenção do atual modelo da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) para dar agilidade e autonomia nas licitações, Ana Amélia Lemos (PP) propõe uma mudança na natureza jurídica da empresa para diminuir a quantidade de impostos pagos. Os candidatos também discordam sobre a possibilidade de todos os municípios gaúchos terem acesso asfaltado até 2018. Vieira da Cunha (PDT) promete concluir todas as obras nas cidades que ainda não têm asfalto. Já José Ivo Sartori (PMDB) é mais cauteloso e afirma ser temerário fazer esse tipo de promessa, já que parte dos recursos depende da recuperação das finanças públicas estaduais.



ERS-118: SEM FÔLEGO



Basta percorrer alguns quilômetros da RS-118, uma das principais rodovias da região metropolitana do Estado, ligação entre Viamão e Sapucaia do Sul, para perceber que a estrada já não suporta o imenso volume de tráfego, que hoje chega a 60 mil veículos por dia. A lenda da duplicação da rodovia estadual, de tão extensa, bem poderia ser escrita em muitos capítulos. Cada anúncio de início – ou reinício – das obras marcaria uma parte do texto, que perpassa promessas de pelo menos cinco governos. São quase duas décadas de projetos cumpridos pela metade.

Aprovado em 1996, o programa de duplicação nunca avançou no ritmo esperado pela população. Hoje, só dois quilômetros de um total de 22,4 km estão completamente duplicados. Executada de forma fatiada, a duplicação tem agora mais 11 quilômetros previstos para ser entregues este mês e pelo menos mais cinco até dezembro. Mesmo se confirmados esses trechos, caberá ao ocupante do Piratini entre 2014 e 2018 concluir a obra.

RACHADURAS E BURACOS DE DIFERENTES TAMANHOS

A carência de investimentos não se reflete apenas na qualidade do asfalto. Faltam viadutos, passarelas, acostamento. Na altura do autódromo de Tarumã, em Viamão, uma placa institucionaliza os problemas ao advertir os condutores: “Defeito na pista.” O aviso faz sentido. A partir daquele ponto até Sapucaia do Sul, quando a rodovia encontra a BR-116, os motoristas deparam com rachaduras e buracos de diferentes tamanhos. À noite, a situação piora. Sem iluminação pública, boa parte do trajeto se torna um breu e o motorista conta apenas com os faróis do carro e, se tiver sorte, da luz da lua, para enxergar alguns metros à frente. Com exceção de alguns trechos recapeados perto da entrada de Alvorada, os condutores ficam diante de uma pista irregular e um acostamento em péssimas condições.




ERS-305: SEM MANUTENÇÃO


Com pouco mais de 60 quilômetros de extensão, a RS-305, no noroeste do Estado, bem poderia ser utilizada para escoar parte da produção agrícola da região e ser rota de transporte de carga para o centro do país. Mas não é.

As condições são tão ruins e os buracos tão grandes que os motoristas de carretas são obrigados a desviar do trecho que liga Horizontina a Crissiumal e seguir rotas alternativas. A saída mais em conta custa muito mais caro: o trajeto de 220 quilômetros por Palmeiras das Missões aumenta o tempo de viagem e o gasto com combustível em mais de três vezes.

Os recursos de R$ 2,6 bilhões que o Estado recebeu através de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Banco Mundial e de repasses do governo federal para investir em estradas até 2014 não chegaram até lá. Para Paulo Menzel, da Intelog Logística e coordenador do Forum Temático de Infraestrutura da Agenda 2020, a rodovia é o retrato do prejuízo que a falta de investimento causa para a economia gaúcha.

– O custo logístico gaúcho não para de crescer, chegou a 19,83% do PIB em maio. Nos Estados Unidos, por exemplo, não passa de 8,5%. Na Europa, não passa de 8%. Fica cada vez mais difícil atrair empresas para a região. O custo logístico é tão alto que ultrapassa qualquer incentivo fiscal que o governo possa dar – afirma Menzel.

R$ 1 BILHÃO AO ANO PARA RECUPERAR AS RODOVIAS

Cálculos do Sindicato da Indústria de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral no Rio Grande do Sul (Sicepot) apontam que o nível de investimento para recuperar o atraso das rodovias gaúchas e baixar o custo do transporte ao nível de países desenvolvidos seria de pelo menos R$ 1 bilhão ao ano, mais do que o dobro da média anual aplicada na última década.




AMARAL FERRADOR: SEM ASFALTO


A bucólica Amaral Ferrador guarda um título bastante indigesto para os 6 mil moradores do município situado no sudeste do Estado. É a cidade com maior trecho sem acesso pavimentado do Rio Grande do Sul. Para chegar até lá é preciso percorrer mais de 37 quilômetros em uma estrada marcada por buracos, pontes em péssimas condições e muita poeira.

A falta de asfalto não é exclusiva da pequena comunidade. Outros 72 municípios ainda têm trajetos de acesso, ou alguns trechos, de chão batido. Quando comparada com os Estados mais próximos, a situação gaúcha é ainda mais crítica.

Com a conclusão dos 25,3 quilômetros de extensão da rodovia SC-157, que liga as cidades de Paial e Chapecó, em maio passado, todos os 295 municípios de Santa Catarina passaram a ter pelo menos um acesso asfaltado. Se a comparação é com o Paraná, Estado com economia e população parecidas, também estamos correndo atrás. Lá, apenas quatro dos 399 municípios ainda não contam com trecho pavimentado.

Nos últimos quatro anos, 32 cidades foram asfaltadas, um avanço significativo em relação aos cinco municípios beneficiados durante o governo Yeda. Mesmo assim, o progresso é insuficiente para Tarso cumprir a promessa feita em 2010 de pavimentar o acesso a todas as cidades.

FICA DIFÍCIL ATÉ ATRAIR MÉDICOS E DENTISTAS

Sem asfalto, as cidades se tornam ilhas do avanço econômico. O custo de transporte sobe e a integração com municípios da região se complica. Até a atração de médicos e dentistas para atender à população no posto de saúde se torna um desafio. Não à toa, o percentual de pobres e extremamente pobres nas cidades sem asfalto é de 18,36% quando a média estadual não passa de 8,35%.

Para quem mora à beira da estrada, até mesmo manter limpas as roupas recém-lavadas exige esforço. No trecho de terra que liga a BR-116 a Amaral Ferrador, a poeira levantada pelo trânsito de carros e ônibus deixa as peças com uma camada em tom de laranja tijolo. Quando chove, o problema fica ainda pior: a entrada das pequenas propriedades rurais vira um lamaçal, e o alagamento de partes do caminho impede a passagem de veículos de transporte público, isolando as pessoas dentro de casa.

Moradora de Amaral Ferrador há 12 anos, Rosane Rodrigues já viu a obra de asfaltamento da estrada começar e parar duas vezes. Na última, em 2010, oito quilômetros do trecho inicial da estrada chegaram a ser alargados, mas logo depois das eleições, as máquinas retroescavadeiras foram embora:

– Em ano eleitoral, os candidatos chegam a se pechar na nossa porteira. Todo mundo promete asfalto, mas quem é que ainda acredita em promessa de político, né? – afirma Marcos Vínicius, 25 anos, filho de Rosane.


EGR no centro da divergência


Criada pelo atual governo em julho de 2012 como um novo modelo de pedagiamento no Estado, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) é o tema de maior divergência entre os candidatos ao Piratini. Enquanto Tarso defende a manutenção da estatal no atual modelo, uma sociedade anônima (S.A.), que lhe garante autonomia nas licitações e a possibilidade de contratar pessoal pelas regras da CLT, os principais adversários na disputa eleitoral sugerem uma mudança na natureza jurídica da companhia.

A razão disso é que, por ter adotado regime jurídico de empresa privada, a EGR ficou obrigada a pagar os impostos cobrados das empresas comuns, que são mais pesados. Em 2013, foram R$ 21,9 milhões, incluindo imposto de renda, Contribuição Social, ISSQN sobre as obras, Cofins e PIS. O montante representou o dobro do investimento na conservação de estradas, que foram R$ 10,5 milhões no período.

Em 2014, entre janeiro e julho, a quantia arrecadada nas 14 praças de pedágio foi de R$ 133,6 milhões e o valor aplicado chegou a R$ 89,1 milhões.


Confira as propostas do candidatos ao Piratini