ZH 22 de setembro de 2014 | N° 17930
OSCAR ESCHER*
O Dia Mundial sem Carro é um convite não só para refletir sobre o uso de transporte sustentável, mas também para cobrar dos gestores públicos uma estrutura política adequada ao nosso tempo, voltada para as próximas gerações, contrariando o modelo das soluções obreiras nas cidades, que levam a sociedade a suspeitar que as obras não são feitas para as pessoas.
O transporte coletivo só atingirá plenamente a necessidade de atender o cidadão se for planejado, fiscalizado e gerido em rede, e a gestão deverá ser harmonizada entre todas as esferas de governo. Nas regiões metropolizadas, não há mais espaço para as muralhas medievais da divisão política, ao contrário, a única solução é a gestão partilhada.
No Dia Mundial sem Carro, não devemos cair no discurso fácil da satanização do automóvel, porque numa visão de médio e longo prazos vemos no transporte individual (automóvel, bicicleta, patins ou jornada a pé) a maior satisfação da individualização. Mas entendemos que o transporte coletivo de qualidade é a melhor solução para as cidades.
Hoje, a sociedade é dependente da indústria do automóvel. Neste contexto, o carro é a maior praga das cidades. Teremos de descobrir outra dimensão para o automóvel, uma vez que a calçada é feita para circular, caminhar, encontrar e conviver. Não é estacionamento.
É importante destacar também que inúmeros são os benefícios para o meio ambiente com o transporte hidroviário, o aeromóvel, o metrô e a bicicleta. Mas, para que a população sinta os benefícios do transporte coletivo, é preciso mais.
No modal rodoviário, por exemplo, não bastam apenas novos corredores de ônibus, é preciso também faixas exclusivas, ciclovias, área para passeios públicos, como as obras do Programa de Aceleração do Crescimento, que planejamos partindo da jornada a pé e que vão ultrapassar gerações.
*ARQUITETO E URBANISTA, SUPERINTENDENTE DA METROPLAN
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