BEATRIZ FAGUNDES, O SUL
Porto Alegre, Domingo, 04 de Dezembro de 2011.
Ônibus envolvido em acidente que matou 33 pessoas na Bahia era irregular. Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal, o veículo não tinha autorização para realizar o serviço de fretamento
O ônibus envolvido em um acidente que matou 33 pessoas na madrugada deste sábado, em Brejões, no Sudoeste da Bahia, era irregular. Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal, o veículo já pertenceu a duas empresas e não tinha autorização para realizar o serviço de fretamento. Porém, uma liminar concedida por uma juíza de Brasília impedia os policiais rodoviários de fiscalizarem o transporte. O órgão também afirmou que a gravidade do acidente dificulta a identificação dos corpos das vítimas
Uma tragédia de grandes dimensões envolvendo famílias humildes de trabalhadores que literalmente ganhavam o pão com o suor de seu corpo. O governo de Pernambuco está envolvido e decretou luto oficial de três dias, já que a maioria dos assassinados são pernambucanos. Mas, não sejamos ingênuos, não vai dar nada!
Pelo que apurei, ninguém sabe a quem pertencia o veículo. E, ele não é o único, nem será o último ?navio negreiro' do século vinte e um a trafegar absolutamente sem condições pelas estradas brasileiras. Aqui mesmo, na área urbana de Porto Alegre, avistamos todos os dias ônibus totalmente esgualepados transportando operários, especialmente prestadores de serviços terceirizados do Departamento Municipal de Limpeza Urbana. Mas, a política é do ?não dá nada'! Uma sociedade plena de direitos liberada pela cultura, por liminares, habeas corpus e fianças não pode pretender que reine a ?Justiça'! Não! O reinado é do mais abonado, do esperto, daqueles que frequentam as melhores rodas sociais e, principalmente, dos sem qualquer caráter
Como bem descreveu a leitora Marta, que nos brindou com um e-mail no final de semana sobre a coluna de ontem: "Como professora, posso afirmar que alguns pais estão criando verdadeiros ?monstros' que, em hipótese alguma, aceitam qualquer contrariedade! Surtam, e seus igualmente surtados progenitores chegam à escola em estado absolutamente caótico! Tenho pena dos velhinhos do século vinte e um: serão dominados por déspotas!". Como candidata natural à idosa nos próximos anos, sinto que devemos nos insurgir sobre o quadro previsível que nos aguarda. O tema de ontem deve ser refletido, e foi. Recebi com muita satisfação o e-mail de Leandro Barbosa: "A propósito da coluna de hoje (ontem), permente a afirmação de que, sim, as atuais gerações sabem e querem seus direitos, mas não sabem os limites onde começam os direitos do próximo, tampouco seus deveres. Não pretendo defender o "atropelador" que, em concurso formal, praticou lesões leves em ciclistas (cinge-se!). Mas, devemos ponderar e não deixar de enxergar algumas coisas. Ilustro: vinha eu praticando minha corrida matinal pela avenida Beira-Rio, hoje [ontem], quando vi um motorista tentando estacionar seu veículo no entorno das quadras de esporte. Porém, por imperícia (e por incúria do poder público) o carro ficou com as rodas da frente penduradas em um vão na rampa que dava acesso ao local do estacionamento. Quis ajudar, mas não havia nada que pudesse fazer. Só um guincho para resolver o problema. Eis que um grupo de ciclistas (destes profissionais) passou, quando um deles comentou, ao que todos riram: ?olha que babaca! Tem que tomar no ** mesmo!'. Cheguei em casa e meu pai abriu pequeno debate sobre o que a senhora escreveu. Li e pensei: é verdade, estas gerações sabem e hipervalorizam os seus direitos (o que é correto), crescem ouvindo-os dos seus pais, porém nada sabem dos seus deveres, Beatriz. Olha, vou te contar. Onde vamos parar assim! Abraço! Bom findi!" É isso aí!
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