quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

DEVAGAR, QUASE PARANDO

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA - ZERO HORA 04/12/2011

Foi a morte de José Carlos Moreira, 51 anos, quarta-feira, na Rua da Conceição, que chamou a atenção para o absurdo: a passarela da rodoviária, interditada desde 18 de outubro, ainda não começou a ser consertada. Moreira foi atropelado por um caminhão quando tentava atravessar a rua, bem embaixo da passarela. E o que disse o secretário de Obras e Viação, Cássio Trogildo, para justificar a demora? Que a recuperação ainda não começou porque a Smov precisa cumprir certas formalidades.

A prefeitura se defende dizendo que existe uma travessia segura, por dentro do túnel que liga a Avenida Júlio de Castilhos à estação do trensurb, mas as pessoas insistem em atravessar num local perigoso. Agora, haverá gradis para inibir a travessia sob a passarela. Fica fácil culpar o morto quando os vivos não fazem o seu papel. O atraso é imperdoável, mas não é privilégio da prefeitura.

Mesmo quando existe dinheiro disponível, as obras estaduais e federais se enroscam no cipoal da burocracia. Os investimentos privados também enfrentam obstáculos capazes de fazer os menos persistentes desistirem. Não raro, burocratas criam dificuldades para vender facilidades. Os atrasos entram no cálculo do risco RS. O catamarã que deveria começar a operar em abril na rota Porto Alegre-Guaíba só começou a navegar em outubro. O Cais Mauá demorou 10 meses entre a assinatura do contrato de concessão da área, no final do governo passado, e a entrega das chaves, na semana passada. Só na última quarta-feira o Estado se livrou das escolas de lata, que funcionaram entre 2005 e 2011. A promessa era de que seriam eliminadas no início deste ano.

Mesmo com dinheiro abundante, as obras do PAC se arrastam em ritmo de lesma, com honrosas exceções. A duplicação da BR-386, no trecho Tabaí-Estrela, não está andando na velocidade desejada porque o governo ainda não resolveu a realocação de uma comunidade indígena instalada às margens de um trecho. O aeroporto Salgado Filho é um dos retratos mais bem-acabados dessa dificuldade. A ampliação da pista, prometida no governo Fernando Henrique, ainda não começou. E o terminal, com capacidade já esgotada, vai ganhar um puxadinho que, pelo andar das obras, não ficará pronto na data prevista.

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