terça-feira, 8 de março de 2011

SEGURANÇA VIÁRIA

A comoção provocada pelas mortes em acidentes de trânsito não pode, depois de passado o primeiro impacto das tragédias, como a ocorrida em Santa Catarina no último sábado, levar à resignação. O massacre em estradas e ruas, em especial durante os feriadões, precisa ser encarado com medidas preventivas capazes de pelo menos reduzir as causas de tanto sofrimento, e nunca como algo muitas vezes percebido como resultado inevitável do aumento do número de veículos em circulação. Não há como aceitar que a mortandade seja explicada apenas pela tendência das estatísticas. É dever de todos, a começar pelas autoridades, a reversão de números que significam vidas, muitas das quais abreviadas por deficiências em ações preventivas e em fiscalização, combinadas com imprudência e desrespeito às normas mais elementares de convivência no trânsito.

O setor público, com iniciativas que devem envolver sempre a comunidade, vem sendo desafiado, pelo aumento de acidentes, a atualizar suas condutas em relação à evolução do tráfego de veículos. Além de obras que tornem as rodovias mais seguras, é preciso que o controle do trânsito esteja adequado ao aumento de fluxo provocado pela expansão da frota e também, como consequência, pela ampliação do número de novos motoristas. As rodovias brasileiras, em que o tráfego pesado de caminhões convive com a intensa circulação de veículos leves, devem merecer – enquanto não são duplicadas – atenção redobrada quanto à sinalização e à fiscalização dos policiais rodoviários.

O Brasil é retardatário em relação a muitos países em desenvolvimento no que se refere a ações preventivas no trânsito, mas é também uma das nações que mais veem suas frotas de veículos crescer. O setor rodoviário, com estradas precárias e reduzida presença ostensiva de policiais, não se preparou para essa mudança propiciada pelo bom momento econômico. Para que as iniciativas sejam duradouras e não se concentrem apenas em datas especiais, o Brasil, e o Rio Grande do Sul em especial, poderia se engajar, com atitudes vigorosas, à campanha mundial da ONU, que elegeu o período de 2011 a 2020 como A Década de Ação pela Segurança Viária. A pior das omissões será a assimilação de tragédias como fatalidades que encobrem responsabilidades e adiam soluções.

EDITORIAL ZERO HORA 08/03/2011

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