sábado, 3 de março de 2012

MORTES NO TRÂNSITO CUSTAM BILHÕES PARA O RS


Alto custo. Mortes no trânsito custaram R$ 5,3 bilhões ao Estado nos últimos cinco anos, aponta Detran. Somente no ano passado, acidentes com vítimas fatais somaram R$ 1,1 bilhão aos cofres gaúchos. Humberto Trezzi, ZERO HORA, 03/03/2012 | 06h01

O Rio Grande do Sul perdeu R$ 5,3 bilhões em decorrência de mortes no trânsito só nos últimos cinco anos. Isso é mais do que o orçamento da prefeitura de Porto Alegre em 2012, que soma R$ 4,7 bilhões. Um custo repartido por todos os cidadãos. O cálculo é de que cada morte represente uma perda de R$ 551 mil.

Como morreram 9.708 pessoas em acidentes em vias gaúchas entre 2007 e 2011, a perda supera os R$ 5 bi. A conta não inclui sequelas invisíveis, como tratamento de estresse pós-traumático. A estimativa foi feita, a pedido de Zero Hora, pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS). A base é um estudo que mostra o custo que cada morte em acidentes acarreta para a população brasileira.

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Confira o custo da tragédia no Estado

O trabalho, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea, órgão do governo federal) em 2006, foi atualizado com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A média é de uma vítima fatal a cada 11 acidentes.

Só em 2011 a perda em decorrência das mortes no trânsito no Rio Grande do Sul foi de R$ 1,1 bilhão. Entre os fatores elencados pela pesquisa como indutores a prejuízos com acidentes de trânsito estão:

— Cuidados em saúde (hospitalar, pré e pós, perda de produção, remoção, IML e funeral);

— Custos do veículo (danos materiais, perda de carga, remoção e estacionamento, conserto);

— Custos da via e do ambiente (danos à propriedade pública, privada e ambientais);

— Custos institucionais (atendimento, policiais, judiciais);

— Sequelas (traumas, estresse).

O cálculo dos custos é baseado numa complexa fórmula matemática que inclui preços diferenciados para automóveis, caminhões e motos envolvidos nos desastres, estrutura hospitalar na região onde ocorreu o desastre, estrutura para remoção de feridos, salário pago para o policial que atende à ocorrência e qualidade das estradas.

Nem tudo são más notícias, ressalta o pesquisador Paulo Fernando Palma Neves, assessor de Planejamento do Detran-RS. Ele lembra que em 2011 foram registradas142 mortes a menos do que no ano anterior nos acidentes ocorridos no Estado:

— A estimativa é de R$ 100 milhões em dinheiro poupados no Rio Grande do Sul em 2011, com a diminuição das mortes em relação ao ano anterior.

Desastre com vítima custa 29 vezes mais

Com base em cálculos atualizados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), é possível dizer que o custo médio de um acidente sem vítimas, no Brasil, é de R$ 19 mil.

Já cada acidente com ferido tem um custo médio de R$ 90 mil (cinco vezes maior). E a morte num acidentes eleva o custo médio para R$ 551 mil, que é 29 vezes maior do que aquele sem vítimas. É que pessoas feridas ou mortas envolvem despesas extras para o poder público, como remoção, atendimento hospitalar, inquérito policial e, no caso das mortes, necropsia.

Mas existem também as despesas privadas dos familiares — como atendimento médico, reabilitação ou funeral — e todo o prejuízo arcado pela comunidade com a interrupção temporária da rodovia no local do acidente, por exemplo.

— É por isso que o prejuízo não é do Estado e sim de toda a cidadania. Acidentes abalam o PIB (Produto Interno Bruto) de um país — resume o pesquisador Paulo Fernando Palma Alves, do Detran-RS.

No levantamento original realizado pela Ipea, feito em 2006 — que estabeleceu pela primeira vez o custo médio dos acidentes —, foram levadas em conta acidentes nos quais 468.371 pessoas estiveram envolvidas. Dessas, 84,4% saíram ilesas, 14,2% ficaram feridas e 1,4% morreram.

Desastre com vítima custa 29 vezes mais

Com base em cálculos atualizados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), é possível dizer que o custo médio de um acidente sem vítimas, no Brasil, é de R$ 19 mil. Já cada acidente com ferido tem um custo médio de R$ 90 mil (cinco vezes maior). E a morte num acidentes eleva o custo médio para R$ 551 mil, que é 29 vezes maior do que aquele sem vítimas.

É que pessoas feridas ou mortas envolvem despesas extras para o poder público, como remoção, atendimento hospitalar, inquérito policial e, no caso das mortes, necropsia. Mas existem também as despesas privadas dos familiares – como atendimento médico, reabilitação ou funeral – e todo o prejuízo arcado pela comunidade com a interrupção temporária da rodovia no local do acidente, por exemplo.

– É por isso que o prejuízo não é do Estado e sim de toda a cidadania. Acidentes abalam o PIB (Produto Interno Bruto) de um país – resume o pesquisador Paulo Fernando Palma Alves, do Detran-RS.

No levantamento original realizado pela Ipea, feito em 2006 – que estabeleceu pela primeira vez o custo médio dos acidentes –, foram levadas em conta acidentes nos quais 468.371 pessoas estiveram envolvidas. Dessas, 84,4% saíram ilesas, 14,2% ficaram feridas e 1,4% morreram.


Estados mais ricos têm prejuízo menor

As enormes diferenças econômicas entre as regiões brasileiras também se refletem nos acidentes de trânsito. Quanto mais opulenta é a economia de um Estado, menos custoso é o desastre registrado lá. É o que mostra o levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) com base em mais de 400 mil acidentes no Brasil.

Enquanto o custo médio por acidente no Rio Grande do Sul foi de R$ 48 mil (média que inclui os sem vítimas, os com feridos e aqueles com mortes), no Amapá o custo médio foi de R$ 100 mil – mais do que o dobro do registrado pelos gaúchos. Em outro exemplo, no Rio de Janeiro o prejuízo foi de R$ 52 mil, mas no Maranhão chegou a R$ 89 mil.

Um dos autores da pesquisa do Ipea, o engenheiro civil e mestre em engenharia de transportes Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho explica a lógica dessas informações. Ele ressalta que Estados mais pobres têm estradas mais precárias, veículos mais antigos e menos cuidados, dificuldades de atendimento a acidentados e hospitais com menos recursos.

– Tudo isso, somado, só pode resultar em prejuízos maiores para a economia local, quando ocorre um acidente. E ainda maiores para a família do acidentado, já que os vencimentos médios nesses locais são menores do que nos Estados mais ricos – resume Carvalho.

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