PARA ESCAPAR. Assalto em sinal de trânsito: leitores dizem como se previnem - 09/10/2007 às 17h31m; O Globo Online
RIO - Depois de mais um episódio de violência no sinal de trânsito (uma aposentada de 76 anos morreu na Avenida Pastor Martin Luther King Jr, assassinada por assaltantes), O GLOBO ONLINE perguntou aos leitores que cuidados tomam para correr menos risco de assalto ao volante. Dicas não faltam de quem vive o dia-a-dia do perigo. Confira os dez mandamentos e leia também o que recomendam os especialistas :
1) Pé na embreagem e no acelerador: Roberto Lopes recomenda parar o carro no meio da pista com razoável distância para o veículo da frente. E ensina: "Manter o pé na embreagem e, de leve, no acelerador. Abriu o sinal, é sair de imediato". Marcel Henrique Cintra estuda a posição que o veículo vai ficar e o deixa engrenado. "Colo o máximo que conseguir no carro ao lado, impedindo que moto ou pedestre passe entre os carros. Mantenho espaço para o carro da frente e sempre mantenho o carro engrenado, pronto para uma partida rápida", diz.
2) Avançar o sinal: Esta é a preferida da maioria dos leitores que enviaram respostas. Todos destacam que o recurso vale à noite, com movimento menor nas ruas. E tem que ir devagar, olhando para tudo quanto é lado no cruzamento. Com a palavra, Wagner Guedes: "A instrução aqui em casa é avançar sinais de trânsito cautelosamente. Mais vale pagar uma multa por avanço de sinal do que pagar com a vida". Paulo Melo Caratori diz que a partir das 23h procura não parar em sinais vermelhos. "Tomo todo cuidado para não colocar outras pessoas em risco e, infelizmente, é uma medida que deve ser tomada", ressalta. Isso já lhe custou duas multas de trânsito na Orla de Ipanema. "Acho um absurdo os pardais multarem avanço de sinal após 23h", reclama.
3) Sempre em movimento: Marco Nascimento não chega a furar o sinal vermelho, mas tenta não parar o carro. Como? Ele explica: "Se o sinal amarela, eu já vou parando de onde estiver e vou em marcha de tartaruga até o sinal abrir de novo. A roubada é ficar parado".
4) Olho aberto e para tudo quanto é lado: é Luiz Antonio Ribeiro Silva quem orienta. "Fico atento.Olho fixamente para as pessoas que estão próximas ao sinal". Ele justifica com o argumento de que "bandido gosta do elemento surpresa". O leitor emenda: "Quando você olha, ele sabe que você pode reagir e, na dúvida, prefere outra vítima". Cristiano Souza de Oliveira está sempre de olho vivo no retrovisor. "Se eu notar alguma coisa estranha, sigo em frente", conta.
5) Vidro fechado e nada de objetos de valor: Isildo Almeida se cuida para "nunca exibir objetos de valor, tais como celular, jóias, carteiras, bolsas e cordões de ouro". Ele recomenda também aos demais leitores "deixar os vidros fechados até em cima e manter as portas travadas".
6) Tornar-se um ex-motorista: não é brincadeira não. Muita gente contou que simplesmente desisitiu de dirigir, por causa do medo de assalto. "Decidi vender meu carro, andar a pé, de metrô ou de táxi. Livrei-me dos bandidos, do seguro, das multas, dos flanelinhas oficiais e extra-oficiais, do IPVA, da vistoria do Detran, do aumento dos combustíveis, da despesa de estacionamento, da troca de óleo, da revisão periódica. Enfim, gasto menos e diminuí o stress", relata Eliane Fiuza. Rodrigo Barçal Rodrigues Cechinel tomou a mesma atitude depois de um trauma. "Após ser assaltado seis vezes nos sinais da cidade, em vários bairros, fiquei traumatizado. Não conseguia pegar o volante sem ficar apavorado. A minha triste providência foi vender o carro", narra. Ricardo Kayat é outro sem-carro voluntário. "Ando de metrô, ônibus e táxi. Financeiramente é mais viável e, principalmente, diminui consideravelmente o risco de assalto", comenta.
7) Reagir ou não reagir: os especialistas em segurança advertem que não se deve tentar enfrentar os bandidos. Jorge Luiz Paz Bengochea segue à risca. "É melhor entregar um bem material que posso trocar do que a vida, que nunca mais recuperarei. Bens materiais vão e vêm, mas a vida é uma só", alerta. O leitor Eduardo Henrique Vieira Mello até concorda, embora acabe preferindo o risco. "Já fui assaltado três vezes, sempre na Zona Sul: Lagoa, Leblon e Flamengo. Reagi violentamente em todas, coisa estúpida e não recomendável", reconhece. Ele diz não ser "louco ou desequilibrado" e admite que talvez só por milagre esteja vivo para contar o que passou. "Sou apenas mais um produto do desespero, medo e insegurança com características próprias: eu reajo! É luto ou luta? Você quem decide", desabafa o leitor.
8) Nada de celular: vítima também da violência, Gero Matteo conta que aprendeu a manter janelas fechadas e não usar celular, para não se distrair no sinal. "Quando aconteceu comigo, meu primeiro pensamento foi se eu iria morrer. O pânico é imenso e daí para frente só resta confiar na sorte e na fatalidade", relembra.
9) Evitar os cantos e as pontas: Eliana Maria Sales Dias anda sempre "com um celular e um relógio quebrados" quando está de carro, e R$ 20 para entregar ao ladrão, se necessário. "O resto carrego numa capanga por baixo da blusa (documentos, celular, cartões de crédito)", ela diz. A leitora toma mais cuidados: "Procuro sempre trafegar nas faixas centrais das pistas". Fabio Henrique Oliveira Silva dá outra dica: "Dificilmente fico na primeira fila ou numa das pontas da via durante a noite".
10) Película escura nos vidros: Leandro Mathiello Barros relata que "um dos procedimentos tomados foi fechar os vidros do carro com insulfilm G4, que corresponde a 60% de preto". Ele sabe que fica fora da lei. "É ilegal, mas ficar sem o carro também não é nada legal", rebate, com humor.
Um comentário:
Eu acho que o governo tem que dar uma resposta. Não podemos continuar com esses assaltos. No outro dia eu deixei a minha casa, eu ia encontrar para comer em restaurantes Itaim, e eu vi uma pessoa agredida. Foi horrível.
Postar um comentário