Instrutor de autoescola é assassinado após acidente. Cerca de 10 minutos depois de ter a frente cortada, jovem foi baleado na cabeça por outro motorista - SILVANA DE CASTRO | CAXIAS DO SUL - zero hora 07/06/2011
Um desentendimento depois de um acidente de trânsito com danos materiais mínimos, na tarde de domingo, em Caxias do Sul, foi fatal para o instrutor de autoescola Doglas Rafael Ebert Kappes, 27 anos. O jovem foi baleado na cabeça cerca de 10 minutos depois de ter a frente de seu Corsa verde cortada por um outro Corsa, branco, e de colidir levemente na traseira do veículo.
Oautor do crime já foi identificado e deverá se apresentar à Polícia Civil nesta semana. Doglas levava uma torta para a casa da noiva, que estava de aniversário, no bairro Jardim Eldorado, por volta das 15h.
– Começou quando saímos da padaria. O carro branco cortou a nossa frente. Depois de um quebra-molas, em uma descida, ele cortou e freou, e o Doglas bateu de leve – conta um amigo que acompanhava o instrutor, pedindo para não ser identificado por temer represálias.
Doglas e o amigo observaram a direção seguida pelo veículo. Indignado com o comportamento do motorista, Doglas deixou a torta na casa da namorada e avisou que iria tentar localizar o automóvel. Seu objetivo era anotar a placa para registrar uma ocorrência. O pai dele, o autônomo Adélio Kappes, 58 anos, preocupado, foi atrás do filho em sua caminhonete.
Pai e filho encontraram o Corsa branco estacionado próximo a uma residência, a cerca de duas quadras de onde a família se reunia para o aniversário. Doglas pediu ao pai que copiasse a placa. Nesse mesmo instante, o motorista teria saído da casa e, depois que Doglas deu a partida em seu Corsa verde, o seguido de carro. Com um problema mecânico, a caminhonete do pai ficou parada no caminho. A 50 metros de Adélio, Doglas parou o Corsa para juntar uma calota que havia se soltado na colisão ocorrida 10 minutos antes.
Chamadas para ajudar Adélio com a caminhonete, sete pessoas, entre parentes e amigos, depararam com o veículo do suspeito. Conforme as testemunhas, de dentro do Corsa branco, o motorista teria acionado duas vezes em direção ao grupo o gatilho de uma arma, supostamente uma espingarda, que falhou.
– Acho que ele não sabia quem era a pessoa que ele estava procurando e tentou atirar naqueles que viu na rua – acredita outro amigo da vítima, integrante do grupo.
Depois, o homem teria atirado novamente, agora contra o instrutor, que estava fora do carro e foi atingido com um tiro na cabeça. As testemunhas acreditam que o assassino buscou a arma na casa em que estava no Jardim Eldorado, mas essa não seria sua moradia. Segundo parentes e amigos, a vítima e o autor do tiro não se conheciam. Socorrido pelos amigos, o rapaz morreu no Hospital Pompeia, às 19h de domingo.
– Quando vi, o piá estava caído. Não tem explicação. Não consigo acreditar que ele está ali dentro do caixão – desabafou o pai, durante o velório, na manhã de ontem.
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