terça-feira, 12 de março de 2013

S.O.S. NAS RODOVIAS


ZERO HORA 12 de março de 2013 | N° 17369

EDITORIAIS


A calamitosa realidade das rodovias gaúchas é incompatível com a condição de quarta unidade mais rica da federação ocupada pelo Rio Grande do Sul, que precisa estabelecer um plano emergencial para corrigir essa deficiência histórica. Como admitir que, além de ocupar um inacreditável último lugar em percentual de rodovias pavimentadas – apenas 7,2% das vias estaduais, federais e vicinais –, o Estado não consiga sequer levar adiante os poucos projetos de novas obras em andamento, por razões que vão da falta de dinheiro ao excesso de burocracia e a restrições de ordem política? O minucioso levantamento divulgado na edição dominical de Zero Hora deixa evidente que, sem a adoção urgente de um conjunto de providências – incluindo maior ênfase ao capital privado para suprir as carências de recursos públicos –, os gaúchos continuarão cada vez mais reféns de mortes e custos adicionais na sua precária malha de estradas. A sociedade não pode se resignar com essa situação.

Se não bastassem os riscos à integridade física que o descaso no sistema rodoviário impõe aos usuários, um único dado é suficiente para justificar providências que mirem resultados a médio e longo prazos, sem se restringir a uma administração específica. Só em 2011, por exemplo, a estimativa é de que os prejuízos impostos pelo abandono da infraestrutura rodoviária ao Estado tenham alcançado R$ 20 bilhões. O montante seria suficiente para a conclusão de mais de 20 projetos equivalentes à BR-448, a Rodovia do Parque, a mais importante obra de trânsito em andamento no Rio Grande do Sul. Com 70% dos trabalhos concluídos, a tão aguardada alternativa à BR-116 será lembrada sempre por outra característica infelizmente indissociável dessa área: o desperdício de dinheiro. A prática é facilitada pela falta de um mínimo de eficiência na elaboração de projetos, pela precariedade da fiscalização sobre o tráfego de caminhões com excesso de peso e pela ganância de empreiteiras, que em muitos casos se arrastam nos prazos e prestam serviços de má qualidade para reforçar os próprios ganhos.

Um aspecto alentador é que, embora as rodovias estejam em grande parte às voltas com crateras na pista e falta de sinalização, há solução para o problema. Bastariam R$ 2 bilhões anuais, ao longo de uma década, para recuperar o atraso. A questão é que, mesmo assim, a sociedade continua sendo confrontada com restrições a alternativas como as parcerias público-privadas e ações políticas contra os pedágios, embora todos os levantamentos mostrem uma situação bem mais favorável nas rodovias concedidas. O Rio Grande do Sul precisa, e já, de um plano estratégico consistente, de prazo longo, com a participação da iniciativa privada, novas concessões e fiscalização rigorosa do poder público por meio dos órgãos reguladores para garantir estradas à altura das necessidades dos gaúchos.

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