sexta-feira, 20 de abril de 2012

CARTEIRA FALSA


Detido com habilitação comprada, Leandro passa uma hora no Presídio Central e revela uma prática que se repete entre os garotos recém-chegados aos 18 anos - ZERO HORA 20/04/2012


O caso em que o jogador Leandro, 18 anos, foi flagrado em blitz portando falsa carteira de habilitação por volta da 0h de ontem, na zona norte de Porto Alegre, é muito comum entre os garotos que sobem das categorias de base de clubes.

Leandro passou a madrugada no Palácio da Polícia e, por volta das 7h40min, encaminhado ao Presídio Central. Ficou recolhido por uma hora na área de triagem, a cela destinada aos presos que estão de passagem. Não conversou com ninguém. Foi solto uma hora depois.

Hoje, Leandro vai prestar depoimento às 12h ao delegado Flávio Conrado, da 4ªDP. Seria às 10h, mas pela manhã participará do treino que apronta o time para enfrentar o Canoas, amanhã, às 16h, no Olímpico, na semifinal da Taça Farroupilha. O que a polícia deseja saber é como ele conseguiu a habilitação falsa.

Leandro foi detido durante uma barreira do Balada Segura que se realizava na Avenida Farrapos, altura do número 4.263. Ele estava numa caminhonete Honda CR-V e foi abordado por agentes do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM). Ao mostrar o documento, os policiais desconfiaram e consultaram a Secretaria de Segurança Pública. Era documento não cadastrado.

A delegada Liliane Pasternak Kramm autuou Leandro por uso de documento falso, cuja pena vai de dois a seis anos de detenção. A CNH foi apreendida e passará por perícia.

Após a detenção, Leandro confidenciou a soldados PMs que teria pago R$ 1,8 mil pela carteira, em Goiânia.

Um antigo comerciante do bairro Azenha, que não quis se identificar, garante ser comum a venda de carteira entre os jogadores recém saídos das categorias de base. É mais fácil comprar do que participar do curso de formação de condutores:

– Compra-se de tudo aqui por volta, atestado, carteira... Os garotos têm preguiça de ir aos cursos e se submetem à conversa do pessoal.

Leandro treinou com uma expressão fechada. O técnico Vanderlei Luxemburgo falou sobre o deslize do seu jogador, evitando repreendê-lo publicamente.

– Ele já foi punido ao ser preso. Agora, o mais correto é orientá-lo – disse o técnico.

O diretor executivo Paulo Pelaipe adotou a política da responsabilidade pessoal. Argumentou que se trata de um problema individual. Segundo ele, o clube não pode servir de “babá de jogador!”


Outros casos

Ronaldinho - Em março de 2001, Ronaldinho usou habilitação falsa, comprada por R$ 400 em Joinville, Santa Catarina. Em junho do mesmo ano, Ronaldinho outra vez foi flagrado sem habilitação.

Cleiton Xavier - Em abril de 2004, Cleiton Xavier, ex-Inter, foi preso ao portar habilitação falsa. Havia pago R$ 600.

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