ZERO HORA 29 de dezembro de 2012 | N° 17297. ARTIGOS
Alessandro Barcellos*
Como presidente do Detran/RS, como gaúcho e como pai de família, sinto-me profundamente entristecido com o elevado número de mortes ocorridas no trânsito no feriado de Natal. A informação de que o aumento da chacina nas ruas e estradas foi maior em outros Estados não nos serve de alívio. Desejo, assim, me solidarizar com as famílias e redes de amigos das vítimas por essas perdas, que nunca poderão ser repostas.
O trabalho em defesa da vida tem sido cada vez maior. Estamos investindo, somente nos feriados de Natal e de Ano-Novo, quase R$ 1,3 milhão em campanhas educativas na mídia, como estabelecido em lei. Em esforço conjunto de diversos órgãos de trânsito, mais de mil agentes fiscalizaram as estradas, quase 90 mil veículos foram abordados.
O que foi percebido durante esse trabalho? Que as campanhas e a nova lei contra a alcoolemia ao volante já estão surtindo efeito: foi consideravelmente menor o número de condutores alcoolizados, na proporção com feriados anteriores. Desta vez, porém, foram principalmente o excesso de velocidade e as ultrapassagens indevidas que enlutaram tantas famílias. Mais frentes de trabalho, portanto.
À tristeza pelo final violento de tantas vidas humanas, segue-se o questionamento: o que pode a autoridade de trânsito contra essa carnificina? Em verdade, não é possível ter um agente de trânsito sentado atrás de cada motorista, lembrando-o de que em determinado trecho é proibido ultrapassar ou alertando-o de que está excedendo a velocidade permitida. A decisão do que fazer enquanto dirige, a avaliação do risco a ser corrido e, principalmente, a decisão de que vale a pena correr esse risco são somente do condutor. Por isso é exigido que ele seja maior de idade: espera-se que, como adulto, ele seja maduro para tomar decisões acertadas.
Esse adulto, porém, leva para as ruas e estradas suas condições de vida. Como podemos reduzir seu nível de estresse, sua competitividade, seus conflitos internos, familiares e sociais? A resposta é: não podemos. O comportamento inadequado no trânsito não é um problema social, é um sintoma, gravíssimo, de diversas doenças da nossa sociedade. Enquanto cada condutor não se responsabilizar por seu próprio comportamento, por sua vida e pelas vidas que leva em seu veículo, haverá muitas mortes, desde já anunciadas. A esperança está em uma mudança coletiva, em que atitudes arriscadas não sejam bem-vistas; em uma maior participação da influência familiar e social; em uma educação voltada para a transmissão de valores que defendem a vida, como a solidariedade e o respeito. Esse é o nosso trabalho, esse é o nosso dia a dia. Por isso lutamos.
Como presidente do Detran/RS, como gaúcho e como pai de família, sinto-me profundamente entristecido com o elevado número de mortes ocorridas no trânsito no feriado de Natal. A informação de que o aumento da chacina nas ruas e estradas foi maior em outros Estados não nos serve de alívio. Desejo, assim, me solidarizar com as famílias e redes de amigos das vítimas por essas perdas, que nunca poderão ser repostas.
O trabalho em defesa da vida tem sido cada vez maior. Estamos investindo, somente nos feriados de Natal e de Ano-Novo, quase R$ 1,3 milhão em campanhas educativas na mídia, como estabelecido em lei. Em esforço conjunto de diversos órgãos de trânsito, mais de mil agentes fiscalizaram as estradas, quase 90 mil veículos foram abordados.
O que foi percebido durante esse trabalho? Que as campanhas e a nova lei contra a alcoolemia ao volante já estão surtindo efeito: foi consideravelmente menor o número de condutores alcoolizados, na proporção com feriados anteriores. Desta vez, porém, foram principalmente o excesso de velocidade e as ultrapassagens indevidas que enlutaram tantas famílias. Mais frentes de trabalho, portanto.
À tristeza pelo final violento de tantas vidas humanas, segue-se o questionamento: o que pode a autoridade de trânsito contra essa carnificina? Em verdade, não é possível ter um agente de trânsito sentado atrás de cada motorista, lembrando-o de que em determinado trecho é proibido ultrapassar ou alertando-o de que está excedendo a velocidade permitida. A decisão do que fazer enquanto dirige, a avaliação do risco a ser corrido e, principalmente, a decisão de que vale a pena correr esse risco são somente do condutor. Por isso é exigido que ele seja maior de idade: espera-se que, como adulto, ele seja maduro para tomar decisões acertadas.
Esse adulto, porém, leva para as ruas e estradas suas condições de vida. Como podemos reduzir seu nível de estresse, sua competitividade, seus conflitos internos, familiares e sociais? A resposta é: não podemos. O comportamento inadequado no trânsito não é um problema social, é um sintoma, gravíssimo, de diversas doenças da nossa sociedade. Enquanto cada condutor não se responsabilizar por seu próprio comportamento, por sua vida e pelas vidas que leva em seu veículo, haverá muitas mortes, desde já anunciadas. A esperança está em uma mudança coletiva, em que atitudes arriscadas não sejam bem-vistas; em uma maior participação da influência familiar e social; em uma educação voltada para a transmissão de valores que defendem a vida, como a solidariedade e o respeito. Esse é o nosso trabalho, esse é o nosso dia a dia. Por isso lutamos.
*DIRETOR-PRESIDENTE DO DETRAN/RS
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - A tristeza do Diretor do Detran/RS é de todos, mas devemos considerar que estamos começando a estabelecer uma mudança de cultura no trânsito. Esta mudança não tem sido mais rápida diante da negativa do Judiciário em reconhecer a supremacia do interesse público ao individual, justificado nas benesses constitucionais. A solução seria o enxugamento da Constituição estabelecendo um equilíbrio entre direitos e deveres.
Por outro lado, as campanhas educativas serão sempre inoperantes se a ânsia arrecadatória continuar prevalecendo diante de fiscalização executada insuficiente e de forma pontual e de estradas mal feitas, mal conservadas, esburacadas, sem sinalização, com pista simples e rodovias limitadas a 80 km a velocidade máxima. Acredito que solução seria investir em estradas melhores e mais seguras (fiscalizando o material utilizado, a engenharia e a sinalização), aumentar a velocidade nas rodovias e numa fiscalização permanente ao longo das rodovias através de radares (nas retas), monitoramento mais amplo (em especial nas curvas) e processo motomecanizado (mais barato e mais ágil) apoiados por guarnições motorizadas e estações de controle.
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