ZERO HORA 15 de agosto de 2013 | N° 17523
MARCELO SGARBOSSA*
Personagem esquecido em Porto Alegre, o pedestre ganhou destaque após quase 900 terem sido atropelados nos sete meses de 2013. Foram 29 mortes por atropelamento, fazendo o índice crescer mais de 80% neste ano. Com dificuldade de locomoção, idosos representam a maioria das vítimas.
Aproveitando o Dia Nacional do Pedestre, celebrado em 8 de agosto, a EPTC reforçou campanhas educativas, com abordagens e orientações aos caminhantes da Capital. A conscientização é de extrema importância, sobretudo quando deixa de ser pontual e se torna cotidiana. Mas é um processo de longo prazo e não basta focar apenas nas vítimas.
Ações simples podem dar ótimos resultados, como ampliar a fiscalização e punir os infratores. Quem circula pela cidade, porém, percebe a falta de agentes de trânsito. Com isso, motoristas abusam da velocidade, pondo em risco a vida de pedestres e ciclistas, elos mais frágeis da corrente.
Recomendada pela Organização Mundial da Saúde, a redução do limite de velocidade em áreas urbanas é iniciativa de sucesso no Exterior que queremos aprovar na Câmara de Vereadores. Algumas cidades do país já discutem as Zonas 30 km/h, para dar tranquilidade às pessoas que se deslocam a pé ou de bicicleta, às crianças e aos mais velhos, que precisam de tempo maior para atravessar as ruas.
Há muita gente indignada com o tratamento que as autoridades dispensam aos caminhantes em Porto Alegre. Nas reuniões da frente parlamentar que discute o Plano de Mobilidade Urbana, nasceu a ideia de um movimento para lutar pelos direitos dos pedestres. Entre as reclamações, passeios públicos em péssimo estado, desrespeito por parte dos motoristas e o total descaso nos cruzamentos, obrigando as pessoas a longas esperas antes de fazer a travessia correndo.
Para garantir uma espera menor e um tempo maior para cruzar ruas e avenidas com sinaleiras, protocolamos um projeto de lei que altera o Estatuto do Pedestre. O PL dos 30 segundos propõe que a pessoa aguarde, no máximo, meio minuto antes de atravessar, após acionar a botoeira (que hoje parece não funcionar). Para a travessia, o tempo mínimo também será de meio minuto, sendo ainda maior em áreas próximas a hospitais, escolas ou com grande fluxo de pessoas.
Mudar a cultura para que o pedestre deixe de ser um cidadão de segunda classe não é tarefa fácil. Se desejamos viver em um país desenvolvido, temos que modificar esta realidade. Do contrário, a cada ano ficaremos apenas lamentando o aumento das mortes nas ruas da nossa Capital.
*VEREADOR DE PORTO ALEGRE
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