ALÍVIO NO TRÂNSITO. 41 vidas poupadas nas ruas
Pela primeira vez em quatro anos, mortes e acidentes caem simultaneamente na Capital, resultado atribuído a maior rigor nas blitze
FRANCISCO AMORIM
Ao intensificar as ações contra o álcool ao volante em 2012, Porto Alegre segue uma fórmula adotada em outras cidades brasileiras para conter o morticínio no trânsito. Os resultados começaram a aparecer: é a primeira vez em quatro anos que o número de mortes e o de acidentes caem simultaneamente na Capital.
Conforme levantamento da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), com a queda de 7,2% no número de acidentes e 28,1% no total de mortes no ano passado em relação a 2011, foram poupadas 41 vidas em Porto Alegre. Para o diretor-presidente da EPTC e secretário de Transportes, Vanderlei Cappellari, o aumento no número de blitze contribuiu para a redução da violência no trânsito:
– As blitze não apenas ajudam na fiscalização do trânsito, mas têm caráter pedagógico importante. Elas se somam aos investimentos em engenharia de tráfego e às ações de educação.
Em 2012, houve 720 grandes operações, duas por dia, em média. Dessas, 260 integraram a Balada Segura, ação realizada nas noites e madrugadas em pontos estratégicos para tirar de circulação motoristas que bebem e dirigem. No ano anterior, haviam sido realizadas 575 blitze – 265 da Lei Seca.
Na divulgação dos números, quando balões foram soltos por filhos de funcionários da EPTC, Cappellari destacou que, nas operações, agentes de trânsito passaram em revista 18,7 mil condutores. Desses, 651 foram flagrados pelo bafômetro e outros 1.581, autuados por se negar a fazer o teste:
– O número de conflitos no trânsito ainda é alto, mas esperamos manter um bom ritmo de redução. O importante é que a queda neste ano se deu apesar do aumento da frota.
Sem mortes relacionadas a álcool ao volante em Caxias
Apertar o cerco a maus motoristas tem sido uma estratégia bem-sucedida tanto em cidades grandes quanto em médias. No Rio de Janeiro, a Operação Lei Seca – que já pegou motoristas ilustres, entre eles atores, músicos e jogadores de futebol – parece trazer resultados. Segundo dados de outubro – os mais recentes divulgados pelas autoridades –, o número de mortes caiu 20,6%, de 63 para 50, na comparação com o mesmo mês de 2011.
Em Caxias do Sul, na Serra, uma iniciativa semelhante também trouxe resultados. Em seu primeiro ano, a força-tarefa de prefeitura, Brigada Militar, Polícia Civil e Polícia Rodoviária Federal conseguiu frear o número de mortes causadas pela combinação álcool e direção. Entre novembro de 2011 e novembro de 2012, não foram registradas mortes envolvendo motoristas embriagados durante a madrugada.
Foco nos motociclistas e pedestres
Reduzir atropelamentos e colisões envolvendo motocicletas está entre as principais metas da EPTC em 2013. Isso porque 75% das mortes registradas em Porto Alegre são de pedestres ou motociclistas.
– Acreditamos que o combate ao álcool no trânsito continue a trazer resultados, mas é preciso reforçar ações específicas – disse o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari.
No entendimento das autoridades, o álcool está diretamente ligado a parte dessas mortes por dois motivos. No caso dos atropelamentos, os pedestres seriam vítimas de motoristas com reflexos prejudicados pela ingestão de bebidas. Entre os motociclistas, o risco seria dobrado: a perda da capacidade de reação de quem está no guidão estaria por trás de quedas e ultrapassagens irregulares.
Apesar de alto, o número de mortes de pedestres caiu 38,7% em 2012, e o de motociclistas, 31,7% (veja gráfico acima). Além de barreiras noturnas, os motociclistas têm sido alvo de ações específicas. Muitas blitze realizadas pela EPTC e Brigada Militar têm se dedicado à fiscalização de motos.
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