Rogério Mendelski - Correio do Povo, 17/06/2012
No país da esperteza já apareceu mais um golpe para pegar incautos ou pessoas de boa-fé. Trata-se do golpe do motoqueiro aplicado em motoristas que se envolvem em acidentes de trânsito. O relato é de uma leitora desta coluna que o faz pensando em colaborar para evitar novas vítimas. O caso ocorreu em São Paulo, mas poderia ter ocorrido em qualquer cidade brasileira.
"No mês de abril, o carro do meu filho foi abalroado por trás, num farol fechado, por uma motoqueira com outra mulher na garupa. A moto caiu e a pessoa na garupa ficou com a perna embaixo da moto. Meu filho filmou a placa da moto e obteve telefone de uma das acidentadas. O telefone não existia. Um funcionário da CET (a EPTC paulista) que estava próximo, acionou o resgate e a motoqueira mandou cancelá-lo. Como ela não quis ser socorrida, o ''marronzinho'' (o ''azulzinho'' de SP) pediu para que saíssem do local para liberar o tráfego, sem antes orientar meu filho de que seria interessante registrar um boletim de ocorrência (BO), e foi o que fizemos na mesma tarde. Um mês depois, recebi telefonema "em casa" da dita cuja, querendo fazer um acordo, dizendo que o conserto da moto estava por volta de R$ 800,00 e que a garupa machucou muito a perna, estando havia 20 dias sem poder trabalhar. Por ela não ter aceito o atendimento do resgate, disse que não teria acordo nenhum. Mais um mês se passou e, em junho, recebi uma intimação policial, na minha casa, para me apresentar no distrito de Perdizes para prestar depoimento, por ''omissão de socorro''. Chegando lá, soubemos que havia sido registrado um BO pelas tripulantes da moto e que, quatro dias após o acidente, elas foram ao IML fazer exame de corpo de delito. Prestamos os depoimentos, meu filho como condutor, eu como proprietário do veículo, e o carro passou por perícia policial e agora o caso está com minha advogada para provar que não houve omissão de socorro. Felizmente, o nosso BO foi feito antes do delas e tínhamos o nome do agente de trânsito que atendeu à ocorrência, bem como sabíamos a hora exata que o chamado do resgate foi cancelado. Mesmo assim, a dor de cabeça e trabalheira estão sendo grandes".
Seguradoras avisam (1)
Sempre que um motorista se envolver num acidente de trânsito com motoqueiros, o conselho das seguradoras de veículos é que se registre um boletim de ocorrência, independentemente da responsabilidade pelo ato. Ocorrem diariamente acidentes no qual o motoqueiro é culpado e tenta fazer um acordo no local, diz que está bem e que não quer socorro médico.
Seguradoras avisam (3)
O caso narrado ocorre com muita frequência. Portanto, não caia na conversa do motoqueiro que diz não ter sofrido nada, no momento do acidente. Num caso recente, um motorista, mesmo tendo a palavra do motoqueiro que não havia se machucado, foi ao distrito registrar a ocorrência. Lá estavam o motoqueiro e outros colegas tentando registrar um BO por omissão de socorro.
Seguradoras avisam (2)
Mais tarde, o motoqueiro vai a um distrito policial, registra o BO e alega que o veículo fugiu do local sem prestar socorro. Cobra, depois, na Justiça, dias parados, conserto da moto, etc... Na maioria dos casos, as testemunhas do motoqueiro são outros colegas de profissão.
Seguradoras avisam (4)
O principal alerta das empresas seguradoras aos seus clientes que se envolvem em acidentes é sobre a classificação do mesmo: abalroamento em motos não é colisão, mas atropelamento. Daí a necessidade de se fazer sempre o registro da ocorrência, evitando aborrecimentos, ações judiciais e até mesmo prováveis ameaças pessoais.
Seguradoras avisam (5)
Não são todos os motoqueiros que procedem nesse terreno da esperteza e que isso fique bem claro. Mas em acidentes envolvendo veículos e motos, as seguradoras alertam para o registro policial e a imediata comunicação a elas, com uma cópia do BO. Só assim elas poderão auxiliar o segurado contra qualquer "esperteza" que lhe for aplicada.
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