Dourados News (HC) - 28/05/2009
Para o douradense a Lei Seca, que deveria regulamentar o horário de funcionamento de comércios que vendem bebidas
alcoólicas em Dourados não sai do papel porque está na índole do
brasileiro não cumprir a lei, seja ela qual for.
A opção venceu por 30 votos a segunda colocada, que foi a falta de
fiscalização da prefeitura, que teve 204 votos, contra 234 da primeira
colocada (42,31% dos votos).
O advogado e ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior, em entrevista
ao Jornal Zero Hora/RS disse que o não cumprimento das leis no país não é
exclusividade do cidadão comum e que até no Judiciário, que deveria
ajudar no cumprimento das leis há desobediência.
“É porque não se cumpre
lei neste país. Havia, por exemplo, uma lei que proibia a contratação
de parentes no Judiciário. A própria Constituição estabelecia. Foi
necessário que o Conselho Nacional de Justiça baixasse uma portaria para
que viesse a ser cumprida. No Brasil, precisa-se de lei que confirme
lei”, disse ele.
Comentando esta e outras afirmações do ex-ministro, Jorge Luiz Paz
Bengochea, que foi Coronel do Quadro de Oficiais/BM no Rio Grande do Sul
completou que “Miguel Reale Júnior é um expoente no mundo do direito,
mas esquece que nada adiantam as leis se não tiver uma estrutura para
aplicar e executar as leis, além da vontade do Estado e do povo em
cumprir”.
“No Brasil, como pode o povo obedecer as leis, se os Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário não as cumprem e nem respeitam? A maior prova
deste desrespeito está na nossa constituição federal de 1988. Ela
continua sendo emendada impunemente, interpretada conforme a conivência e
agregados privilégios
sem deveres aos que possuem mais poder de pressão.
‘Uma nação perdida,
não é a que perdeu um governo, mas a que perdeu a lei’, portanto se
estas não são aplicadas é como se não existissem”, critica o oficial.
(para ler a entrevista de Reale e o comentário de Bengochea.
Mas, tem que fiscalizar também.
A segunda opção, que diz respeito à falta de fiscalização da prefeitura
(36,89% dos votos), foi comentada inclusive como meio de diminuir a
violência em Dourados, no debate promovido sobre violência na Câmara
Municipal de Dourados na última segunda-feira. Lá, entre outras medidas,
o sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, diretor do Instituto Sangari,
responsável pelo Mapa da Violência nos Municípios Brasileiros e pelo
Relatório de Desenvolvimento Juvenil sugeriu que o cumprimento da Lei
Seca seria um passo importante para a diminuição dos índices de
violência em Dourados.
A redação entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da
prefeitura para saber o que o município vem fazendo para garantir o
cumprimento da lei que é de 2006 e que foi de autoria do então vereador
Carlinhos Cantor, atual vice-prefeito da cidade e secretário de Serviços
Urbanos,
justamente a pasta que deveria estar trabalhando para o cumprimento da
lei.
O contato foi feito antes das 11h e a assessoria ficou de providenciar
uma resposta oficial do Município, porém, até o fechamento desta edição
não houve retorno.
Além dessas duas opções, outras 87 pessoas (15,73%) disseram que a Lei
não sai do papel porque os comerciantes não deixam e outras 23 pessoas
(4,16%) disseram que nem sabiam que existia Lei Seca em Dourados. Cinco
pessoas (0,9%) acham que a lei não funciona por falta de divulgação.
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