quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

PROTEÇÃO PARA OS JOVENS


ZERO HORA 19 de fevereiro de 2014 | N° 17709

ENTREVISTA

“Precisamos encontrar uma proteção para os jovens”




Mestre em Sociologia pela Universidade de Brasília (UnB), consultor em segurança e educação no trânsito e autor de livros sobre o tema, Eduardo Biavati, 48 anos, assessorou o Detran-RS em 2012 e 2013. Ele salienta que ainda “há um longo caminho” para diminuir a carnificina nas ruas e estradas. Leia trechos da entrevista a ZH:

Zero Hora – Por que houve queda de mortes no trânsito do Estado?

Eduardo Biavati – O Rio Grande do Sul adotou uma política intersetorial para lidar com essa questão, um esforço entre Detran, polícias rodoviárias, Brigada Militar e operações de controle. É algo que vemos de maneira muito parcial em outros lugares. O resultado indica mesmo uma tendência de redução de acidentes, parece estar ficando consistente. Porém, apesar do sucesso e das centenas de vidas que foram poupadas, ainda estamos longe de dizer que o problema foi domado.

ZH – O governo está investindo bem o dinheiro nas ações de prevenção e fiscalização?

Biavati – Tudo bem, salvamos centenas de vidas e 9% (redução de mortes no trânsito desde 2010) não é irrelevante de jeito nenhum, mas o que ainda quero ver nos próximos anos é o aprofundamento das estratégias. Só ter a boa-fé não adianta. Isso custa muito dinheiro. A recomendação da Organização Mundial da Saúde é que cada Estado e país tenha um órgão, uma agência, que cuide da coordenação desse trabalho. Hoje, os órgãos têm um tantinho de dinheiro, não existe um orçamento independente que coordene. Quem manda é o Detran, mas ele não tem como passar dinheiro para a Secretaria de Saúde para comprar ambulância, por exemplo.

ZH – Quais são as ações mais urgentes?

Biavati – Já demos um grande passo fazendo todo o mundo sentar à mesma mesa, mas não demos o passo de estabelecer um orçamento estadual independente para coordenar as ações e dar sustentabilidade da conquista a longo prazo. Precisamos encontrar uma proteção para os jovens. A Austrália, Espanha, França e Inglaterra, por exemplo, fazem campanhas mais fortes e permanentes do que nós. Temos de manter a pauta nas escolas, falar nisso até cansar.

Nenhum comentário: