sábado, 16 de fevereiro de 2013

AULAS DE FÍSICA PARA CONDUTORES?



ZERO HORA 16 de fevereiro de 2013 | N° 17345. ARTIGOS

Alexandre Beluco*


É cada vez mais frequente a veiculação de notícias sobre acidentes envolvendo caminhões tombados e automóveis capotados. As alças de acesso às rodovias talvez sejam as mais atingidas por acidentes com caminhões tombados. Mas várias curvas mais “apertadas”, em rodovias por todo o país, também figuram como palcos para esse tipo de acidente.

Na manhã de quinta, dia 14 de fevereiro, um caminhão foi tentar uma manobra e ficou preso no canteiro que divide os dois sentidos da Avenida Assis Brasil, em Porto Alegre, impedindo o fluxo em uma das pistas e dificultando o fluxo na outra pista. Mas este é apenas mais um entre vários e frequentes exemplos.

Os cruzamentos de vias movimentadas nas cidades assistem a muitos choques violentos, que evoluem para capotagens, por vários e diferentes motivos. Os automóveis hoje em dia rapidamente aceleram às velocidades mais elevadas e os motoristas parecem sempre querer aproveitar os últimos instantes dos amarelos e dos vermelhos para cruzar as sinaleiras.

E muitos se esforçam inclusive para aproveitar o intervalo de tempo que é conhecido como “entre vermelhos”.

Os motoristas precisam, por exemplo, saber como os veículos se comportam em curvas. Especialmente os condutores de veículos longos precisam saber como os veículos se comportam ao longo de curvas inclinadas, onde as variações de velocidade do veículo e de sua aderência ao pavimento da pista, especialmente no caso de veículos articulados, podem compor uma equação de solução relativamente complexa.

Alguns anos atrás, em Guarulhos, um empresário provocou um acidente com consequências terríveis ao conduzir um automóvel superesportivo a velocidades próximas de 200 km/h. Quando encontrou um ressalto suave na pista seu veículo decolou, passando pelo guard rail e avançando sobre a pista contrária, chocando-se frontalmente com outro veículo.

É claro que a solução para esses acidentes passa por maior fiscalização de limites de velocidade, por maior fiscalização do respeito aos limites de cargas transportadas por caminhões, por maior fiscalização do respeito às sinaleiras, e assim por diante.

Homens e mulheres em sua maioria têm massas que variam desde os 50 quilos até cerca de 120 quilos e conseguem se movimentar a velocidades máximas de até cerca de 15 km/h a 25 km/h. Com treinamento, é possível conduzir veículos com massas que variam desde uma tonelada até várias toneladas a velocidades de até 80, 100 ou 120 km/h. Em situações extraordinárias, em pistas de corrida e com treinamento, pessoas com habilidades específicas conseguem conduzir veículos a velocidades mesmo acima de 300 km/h.

Os caminhões e veículos longos atualmente têm capacidades de carga bastante razoáveis e são usualmente equipados com motorizações potentes, que permitem que sejam conduzidos a velocidades médias bastante altas. Nessas condições, essas máquinas, especialmente aquelas que são articuladas, assumem características dinâmicas bastante complexas.

Tendo isso em mente, podemos perguntar... os condutores habilitados a esses veículos receberam treinamento correto?

Podemos ainda perguntar... como seria possível complementar esse treinamento?

E finalmente a pergunta que precisa ser apresentada... seriam necessárias aulas de física?


*ENGENHEIRO CIVIL E FÍSICO, PROFESSOR DA UFRGS




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