quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A DIFÍCIL TAREFA DE DAR E RESPEITAR LIMITES

ZERO HORA 20 de fevereiro de 2013 | N° 17349. ARTIGOS
 

Christine Tessele Nodari*


Uma vez, ouvi em uma palestra que as crianças nascem egoístas, hedonistas e egocêntricas. De forma bem simplificada isso significa que crianças pequenas se preocupam apenas com seus próprios interesses, que têm como objetivo apenas seu próprio prazer e que acreditam que o mundo gira em torno delas. Com o passar do tempo, os tão famosos “limites” vão lapidando esses pequenos seres, que passam a perceber que não são os únicos no mundo. Assim, nos tornamos aptos a viver em harmonia com o ambiente e a sociedade. A difícil tarefa de dar limites a nossas crianças passou a ser tema obrigatório em reuniões de escola, nas conversas com amigos e na literatura de autoajuda.

De modo geral, estamos certos de que ensinar a respeitar limites é fundamental para a educação do ser humano. Mas como ensinar uma criança a respeitar limites se nós, adultos, temos tanta dificuldade em aceitar os limites que nos são colocados? Não conseguimos entender que existe limite de espaço físico em uma cidade, e por isso não é possível que circulem todos os carros que a indústria consegue produzir. Não conseguimos entender que existe limite de vagas de estacionamento, e por isso não vamos conseguir estacionar em todos os lugares onde desejamos ir. Não conseguimos entender que existe um limite na capacidade do planeta em absorver as emissões de poluentes da nossa frota de veículos. Não conseguimos entender que existem limites de velocidade para circular, que existe limite de idade para dirigir, que não podemos beber álcool antes de pegar o volante e tantos outros limites que infringem nosso desejo infantil de termos o mundo atendendo a todas as nossas vontades.

Precisamos urgentemente superar essa fase egoísta, hedonista e egocêntrica. Precisamos urgentemente conviver com os limites impostos a nós para podermos, então, educar nossas crianças mostrando a elas que em todas as idades temos limites a respeitar.

*PROFESSORA, PESQUISADORA DO LABORATÓRIO DE SISTEMAS DE TRANSPORTES – UFRGS

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