ALEXANDRE BELUCCO, ENGENHEIRO CIVIL, PROFESSOR DA UFRGS - ZERO HORA 10/08/2011
Há algumas semanas, houve um acidente terrível na BR-290, no trecho que liga Porto Alegre a Pelotas. Um caminhão que fazia uma ultrapassagem chocou-se de frente com outro caminhão. Como resultado, duas mortes e muitos estragos a outros dois veículos. E não foi o único acidente desse tipo nos últimos meses; foi apenas o que mereceu maior atenção dos noticiários.
A verdade é que cada vez mais as estradas têm sido frequentadas por veículos de vários tamanhos, desde automóveis pequenos e familiares até grandes e longos caminhões de carga. Em parte pelo maior número de veículos em circulação; em parte também pelos apagões aéreos dos últimos anos; e em parte, ainda, pelo próprio modelo de desenvolvimento brasileiro, alicerçado na indústria automobilística.
Mas... por que um caminhão ultrapassava outro caminhão em uma estrada de pista única e mão dupla com tráfego tão intenso?
Quem trafega por essa estrada com alguma fre- quência percebe um certo “assanhamento” de muitos motoristas por ultrapassagens, tornando qualquer viagem nesse trecho uma experiência muito cansativa. Os caminhões, em particular, que pelo desenvolvimento tecnológico dos últimos anos são mais ágeis e têm motores cada vez mais potentes, se envolvem muitas vezes em manobras de altíssimo risco.
Quem observar a BR-116, por exemplo, que é a principal ligação entre Porto Alegre e a serra gaúcha, vai perceber que os caminhões têm contribuído decisivamente em várias situações de risco. E contribuem para a baixa velocidade média e os frequentes engarrafamentos verificados na região metropolitana de Porto Alegre. Ultrapassagens arriscadas e muitas vezes desnecessárias; uso da BR-116 para escapar de sinaleiras das vias de circulação municipais; circulação com carga em excesso e consequente baixa velocidade média; caminhões que, sem carga, parecem se transformar em carros de corrida.
Enquanto nada for feito a respeito, esses acidentes terríveis seguirão acontecendo. E as mortes nesses acidentes são mortes já anunciadas.
Em vários países, as ultrapassagens em determinadas rodovias são manobras proibidas para caminhões!
Por outro lado, os motoristas em geral e os caminhoneiros em particular não podem ser “crucificados”. É certo que mais prudência e cuidado na condução dos veículos sempre contribuirão para mudar esse quadro. Mas, decisivamente, para evitar a continuidade desse panorama, é necessário incentivar os transportes ferroviário e hidroviário e restringir os caminhões apenas ao transporte de curta distância e, em determinados casos, de média distância.
2 comentários:
Olá Jorge, sou de São Paulo, Capital, perdi meu irmão de 38 anos num acidente terrível em Campinas no dia 9 de julho, onde o condutor do vaículo que causou o acidente se evadiu e ninguém fez nada. Estava sem ânimo para escrever principalmente por causa do dia dos pais quando eu tive que fazer uma força enorme para não chorar várias vezes enquanto brincava com meus sobrinhos mas ontem eu e minha esposa recebemos a notícia de que um grande amigo nosso de 29 anos morreu num acidente em MG, ela está no velório agora e nós dois estamos tão tristes e desiludidos com tudo que não sabemos o que fazer, então resolvi escrever e pedir para todos que tiverem um pouco de humanidade e civilidade para que iniciemos uma campanha contra o trânsito violento.
Este blog foi criado pensando num poema que fiz "Troféus de Lata" e pela indignação que sinto diante dos direitos, privilégios e benevolências que constam na constituição federal. Por isto a denomina a constituição anti-cidadã. É ela que barrou a lei seca, a coatividade do bafômetro e a impunidade no trânsito. Se tivéssemos leis fortes, a bandidagem que age loucamente no trânsito estariam cumprindo prisão perpétua pela repetição das imperícias, imprudências, negligências e uso abusivo de drogas e bebidas alcoólicas que causam os acidentes e as mortes. Se tivéssemos leis fortes, as autoridades seriam punidas por deixaram as estradas em péssimas condições, sem sinalização e sem policiamento preventivo. Como temos uma constituição esdrúxula, o judiciário se torna moroso e leniente e a bandidagem fica livre para matar mais gente.
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