terça-feira, 9 de agosto de 2011

MEDIDAS INTEGRADORAS

OSVANDRÉ LECH, PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA - ZERO HORA 09/08/2011

A inauguração do totem que irá contabilizar as mortes no trânsito no país, realizada hoje, vem ao encontro do apoio à “Década de Ação para a Segurança nas Estradas”, campanha da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), que visa incentivar os governos dos países-membros a se dedicarem, entre 2011 e 2020, à redução dos acidentes de trânsito.

Segundo dados das organizações, 1,3 milhão de pessoas morrem por ano devido à violência no trânsito, o que significa uma morte a cada 30 segundos. Se as estatísticas mundiais são alarmantes, as que dizem respeito ao Brasil são ainda mais. Estamos entre os seis países que mais registram mortes. No Rio Grande do Sul, em 2010, foram mais de 1,7 mil óbitos e 50 mil lesões.

Tal cenário foi fator de motivação para que a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e a Associação Médica do Rio Grande do Sul unissem esforços para trazer e fixar na Capital gaúcha um totem que será um grande divisor de águas: pela primeira vez, poder público, sociedade civil e classe médica estarão à frente do maior propósito da nossa profissão: salvar vidas. Graças à ONG Chega de Acidentes, que vem atuando, com patrocinadores conscientes, em prol da paz no trânsito personificada no totem, o Rio Grande do Sul deflagra, a partir de agora, uma luta contra a violência no trânsito.

A maior destruição, porém, não está explícita nos números: famílias amputadas de seus afetos, e sequelas decorrentes dos traumas acabam por frear sonhos e alterar os rumos dos projetos de vida. Além disso, o sentimento de perda é sentido numa das maiores alavancas de desenvolvimento social, o potencial de trabalho. Isso porque os jovens correspondem a 10% da população. Só que, na proporção de acidentes fatais, eles são 30% do total. É um número assustador! Jovens de 18 a 29 anos com futuro interrompido; famílias devastadas em termos emocionais e materiais.

Dados da OMS apontam que para cada morte no trânsito, 11 pessoas ficam sequeladas, 38 são internadas e 380 precisam ser atendidas em emergências. A maioria das mortes no trânsito é causada por motoristas alcoolizados ou drogados, seguida pela falta do cinto de segurança e excesso de velocidade. Os profissionais de plantão nas emergências conhecem as consequências desses traumas e agora alertam e orientam a população cobrando medidas de prevenção e melhoria nos atendimentos de socorro.

Lançando um olhar mais otimista sobre o Rio Grande do Sul, encontramos o respeitado trabalho da Fundação Thiago Gonzaga, que vem se destacando nacionalmente. O símbolo do Vida Urgente, a borboleta, é a marca de um trabalho exitoso e representa o verdadeiro ideal de luta contra a violência no trânsito. Já por parte dos meios de comunicação, o Grupo RBS também tem tido um papel fundamental para a maior conscientização de motoristas e pedestres com a campanha “Violência no Trânsito – Isso tem que ter fim”. Queiramos ou não, é chegado o momento de recalcular rotas com medidas integradoras.

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