quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O MASSACRE NO TRÂNSITO

EDITORIAL ZERO HORA 10/08/2011

Estão expostos em cinco capitais, entre as quais Porto Alegre, marcadores com as estatísticas de um massacre diário. São os números das mortes no trânsito do país, que serão atualizados diariamente em totens instalados nas ruas, como se fossem relógios digitais. A campanha é inspirada em iniciativas semelhantes de outros países, mas só terá sentido se não se resumir à exposição de dados macabros. Morrem por hora no Brasil, em média, quatro pessoas em acidentes em rodovias e ruas. Nos mesmos 60 minutos, 18 são hospitalizadas com ferimentos, muitas das quais com traumas irreversíveis.

O objetivo da mobilização, com a participação de entidades das mais variadas áreas, é o de alertar a população para os danos da imprudência no trânsito. Os brasileiros convivem com iniciativas como essa há bastante tempo, mas seus efeitos nem sempre são perceptíveis. Primeiro, porque muitas vezes as mobilizações são temporárias e não chegam a contribuir para mudanças de comportamento e para a reversão das estatísticas. Outros fatores conspiram, como a baixa adesão das comunidades, em especial através da disseminação de boas ideias nas escolas. Além disso, como alertam os especialistas, ações educativas somente surtem efeitos – mesmo em nações desenvolvidas – se acompanhadas da intensificação da fiscalização e da aplicação de penas severas aos infratores.

Na semana de lançamento da campanha, a prefeitura de São Paulo dá um bom exemplo nesse sentido. Desde segunda-feira, fiscais de trânsito estão multando todos os motoristas que desrespeitam faixas de pedestres da capital. Lamentavelmente, na inauguração do mutirão paulista, mais de 20 pessoas foram atropeladas em ruas da cidade, onde – como constatou a imprensa – muitos veículos da própria prefeitura desrespeitam regras básicas de trânsito. Em Porto Alegre, campanha de respeito ao pedestre, lançada há dois anos, provocou redução nas mortes por atropelamento. Mas poderia ter obtido melhores resultados se tivesse sido acompanhada de maior rigor com os infratores.

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