ZERO HORA 03 de setembro de 2013 | N° 17542
ARTIGOS
Sinal vermelho nas estradas
por Marcus Vinícius Vieira de Almeida*
O governo do RS criou a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) sem debater amplamente com a sociedade. A falta de diálogo aprofundado foi apenas um entre tantos tropeços no processo de fundação da organização. A tão propagandeada participação popular foi deixada de lado. No Piratini, ninguém demonstrava verdadeiramente importar-se com a opinião alheia, sobretudo de quem questionasse a necessidade de mais uma estatal fadada ao fracasso.
O balanço dos primeiros seis meses de operação da EGR começou a revelar, agora na prática, o contorno da empresa. Nesse período, ela arrecadou R$ 27 milhões, sendo que R$ 11 milhões foram gastos na sua folha de pagamento e em pequenos reparos nas estradas. A sobra, de apenas R$ 16 milhões, está longe de ser tomada como um bom sinal. Pelo contrário, o resultado obtido indica um colapso em curto prazo, diante da necessidade de investimentos permanentes nas rodovias encapadas pelo governo.
Segundo especialistas, com R$ 16 milhões seria possível recuperar apenas 60 quilômetros de vias. Isso é insignificante se considerarmos que, nas nove praças de pedágios da EGR, a malha perfaz mais de 400 quilômetros. Com esse faturamento semestral, a empresa levaria quase três anos para arrecadar recursos suficientes à recuperação total dos trechos. Isso sem contar que, em muitos pontos, novas obras de duplicação e construção de terceira faixa são indispensáveis para garantir segurança aos usuários.
No Rio Grande do Sul, de acordo com dados divulgados pelo Daer, a malha viária é de 12 mil quilômetros, o que requer constante manutenção. Além disso, 104 municípios ainda não possuem acesso asfáltico. Esse cenário, ao lado dos números divulgados pelo próprio governo, revelam dois problemas crônicos. O primeiro diz respeito ao esgotamento do atual modal logístico. O segundo, e mais grave, escancara a falta de responsabilidade que o comando do Estado teve ao propagandear o fim das concessões como uma espécie de salvação da lavoura. Ao que parece, tudo não passou de um engodo.
O modelo anterior precisava ser revisto, disso não há dúvida. Mas o Rio Grande do Sul não pode viver de paliativos, tampouco de soluções engenhadas apenas para repercutir simpaticamente junto à opinião pública. Ninguém aguenta mais sofrer com as mazelas de um Estado com a saúde financeira comprometida por déficit em gestão e superávit em demagogia.
*PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO TARSO DUTRA E EX-PRESIDENTE DA FAMURS
O governo do RS criou a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) sem debater amplamente com a sociedade. A falta de diálogo aprofundado foi apenas um entre tantos tropeços no processo de fundação da organização. A tão propagandeada participação popular foi deixada de lado. No Piratini, ninguém demonstrava verdadeiramente importar-se com a opinião alheia, sobretudo de quem questionasse a necessidade de mais uma estatal fadada ao fracasso.
O balanço dos primeiros seis meses de operação da EGR começou a revelar, agora na prática, o contorno da empresa. Nesse período, ela arrecadou R$ 27 milhões, sendo que R$ 11 milhões foram gastos na sua folha de pagamento e em pequenos reparos nas estradas. A sobra, de apenas R$ 16 milhões, está longe de ser tomada como um bom sinal. Pelo contrário, o resultado obtido indica um colapso em curto prazo, diante da necessidade de investimentos permanentes nas rodovias encapadas pelo governo.
Segundo especialistas, com R$ 16 milhões seria possível recuperar apenas 60 quilômetros de vias. Isso é insignificante se considerarmos que, nas nove praças de pedágios da EGR, a malha perfaz mais de 400 quilômetros. Com esse faturamento semestral, a empresa levaria quase três anos para arrecadar recursos suficientes à recuperação total dos trechos. Isso sem contar que, em muitos pontos, novas obras de duplicação e construção de terceira faixa são indispensáveis para garantir segurança aos usuários.
No Rio Grande do Sul, de acordo com dados divulgados pelo Daer, a malha viária é de 12 mil quilômetros, o que requer constante manutenção. Além disso, 104 municípios ainda não possuem acesso asfáltico. Esse cenário, ao lado dos números divulgados pelo próprio governo, revelam dois problemas crônicos. O primeiro diz respeito ao esgotamento do atual modal logístico. O segundo, e mais grave, escancara a falta de responsabilidade que o comando do Estado teve ao propagandear o fim das concessões como uma espécie de salvação da lavoura. Ao que parece, tudo não passou de um engodo.
O modelo anterior precisava ser revisto, disso não há dúvida. Mas o Rio Grande do Sul não pode viver de paliativos, tampouco de soluções engenhadas apenas para repercutir simpaticamente junto à opinião pública. Ninguém aguenta mais sofrer com as mazelas de um Estado com a saúde financeira comprometida por déficit em gestão e superávit em demagogia.
*PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO TARSO DUTRA E EX-PRESIDENTE DA FAMURS
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