terça-feira, 14 de maio de 2013

OUTRA BATALHA PERDIDA NA GUERRA DO TRÂNSITO


ZERO HORA 14 de maio de 2013 | N° 17432

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA


Foram 35 as baixas na guerra do trânsito entre o meio-dia de sexta-feira e o final da manhã de ontem. No fim de semana do Dia das Mães, que nem feriadão era, a contabilidade macabra superou a de países em guerra civil. O trânsito no Rio Grande do Sul matou mais do que os últimos atentados à bomba ao redor do mundo. Deixou famílias enlutadas em diferentes pontos do Estado. Filhos órfãos, pais e mães arrasados pela perda de filhos, irmãos abalados pela morte de irmãos, amigos chocados, estranhos impactados pela violência do trânsito. Como explicar tantas mortes num único fimde semana?

As fotos dos carros dão uma pista, mas não a resposta inteira. A falta de estradas duplicadas é apenas uma hipótese. Na maioria dos casos, os indícios são de imprudência: excesso de velocidade e ultrapassagens perigosas. Há casos de choque em árvores, saída de pista, atropelamento. Há carros novos e velhos, potentes e de baixa cilindrada. E motos, porque a participação dos veículos de duas rodas tem ajudado a engrossar as estatísticas macabras.

Se boa parte das mortes ocorreu por excesso de velocidade, de quem é a culpa? Do motorista que não respeita os limites, em primeiro lugar, mas também da falta de fiscalização. Há radares de menos para carros de mais. Os pardais nas estradas estaduais estão desativados há dois anos, e os motoristas imprudentes se aproveitam dessa situação para correr sem risco de levar multa. E o que diz o Daer? O mesmo que dizia no ano passado: a concorrência está em andamento. A última informação é de que o Termo de Referência do edital de licitação dos pardais está pronto e foi encaminhado à Central de Licitações do Estado. Em resumo, que não há previsão para a publicação do edital, muito menos para a instalação dos pardais (confira a íntegra da explicação em www.zerohora.com/blogdarosane).

Não se sabe, até o momento, em quantos dos acidentes os motoristas estavam sob influência de álcool ou de drogas. Também não se sabe de quem foi a culpa – nas colisões frontais, é comum que um dos carros esteja trafegando dentro das regras e seja atingido pelo infrator. As investigações mostrarão os casos em que houve problemas na pista ou falta de sinalização, mas há exemplos de choques em estradas retas e bem sinalizadas.


ALIÁS

Reportagem do jornal The New York Times mostra que, no Brasil, carros são fabricados com material de qualidade inferior ao de outros países e sem itens básicos de segurança, o que pode explicar pelo menos parte das mortes.


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