ZH 31 de outubro de 2014 | N° 17969
POLÍTICA + | Rosane de Oliveira
Haverá choro e ranger de dentes a partir deste sábado, quando entram em vigor os novos valores das multas para quem faz ultrapassagem em local proibido nas estradas. Não faltarão vozes para dizer que o sentido das multas, que tiveram aumento de até 900%, é meramente arrecadatório e que o ideal é educar os motoristas para que não cometam infrações. É verdade, mas, quando a educação não funciona, o choque no bolso é uma técnica eficaz para despertar a consciência.
Qualquer aprendiz sabe que, se existe uma placa de ultrapassagem proibida, é porque naquele ponto o desrespeito à regra coloca em risco a vida de quem faz a manobra e a de quem vem em sentido contrário. Na prática, motoristas experientes desafiam o perigo o tempo todo nas estradas e ultrapassam em curvas, sem enxergar o que está à frente, como se participassem de uma brincadeira de roleta-russa. Com o aumento do valor das multas, espera-se que os apressadinhos tenham mais cuidado.
As novas regras também têm por objetivo inibir os rachas e as ultrapassagens pelo acostamento, comuns até em vias duplicadas, quando se formam engarrafamentos. A multa para quem for flagrado ultrapassando pelo acostamento ficará sete vezes mais cara. Pula de R$ 127,69 para R$ 957,70. Para quem forçar uma ultrapassagem de risco a multa sobe 10 vezes: de R$ 191,54 para R$ 1.915,40.
Para os motoristas envolvidos em rachas, a multa passará de R$ 574,62 para R$ 1.915,40, e as penas ficarão mais duras. Hoje, esses infratores são condenados a, no máximo, dois anos de reclusão. Com a nova lei, o tempo pode aumentar para seis anos, se houver lesão corporal, ou para 10, quando resultar em morte.
Autor do projeto apresentado em 2007, aprovado em maio e sancionado agora pela presidente Dilma Rousseff, o deputado Beto Albuquerque (PSB) justifica que 60% das mortes no trânsito ocorrem em choques frontais. Na maioria dos casos, diz ele, são provocadas por ultrapassagens indevidas.
No Brasil, as mortes por acidentes de trânsito aumentaram 41,7% em 10 anos. No Rio Grande do Sul, houve aumento de 16,9%.