quarta-feira, 2 de julho de 2014

SIMULADOR APROVADO


ZERO HORA 02 de julho de 2014 | N° 17847

KAMILA ALMEIDA. COLABOROU NILSON MARIANO


EMOCIONAL MAIS FORTE NA DIREÇÃO

A CONVITE DE ZH, dois especialistas usaram equipamento que se tornou obrigatório no RS e constatam: ainda que tenha distorções com a realidade, treina o psicológico do condutor



Depois de apagar o carro diversas vezes, sofrer acidentes e andar em ziguezague, dois especialistas dão o veredito sobre os simuladores de direção: estão aprovados. Felipe Brum de Brito Sousa, professor da disciplina de trânsito da Faculdade de Engenharia da Unisinos, e João Pierotto, consultor técnico de empresas de transporte e palestrante de segurança no trânsito, testaram o simulador a convite de ZH. A utilização do aparelho é facultativa – a decisão fica a critério de cada Estado. No Rio Grande do Sul, tornou-se obrigatória para a habilitação de motoristas. São Paulo também manterá o uso.

Durante o teste, realizado em um Centro de Formação de Condutores (CFC) da zona norte de Porto Alegre, Sousa e Pierotto observaram que, apesar de haver distorções entre o virtual e a prática, o simulador possibilita ao candidato a motorista um treinamento emocional antes de sair para as ruas com excesso de autoconfiança e falta de noção do perigo.

– Eu chamo isso de “cagaçoterapia” – exclama Pierotto, após ser ultrapassado por uma ambulância, não conseguir vencer a curva e bater no guard-rail à direita, tudo isso tendo chuva e noite como cenários.

Ao ver os vidros estilhaçados, complementou:

– É muito bom a pessoa ver que o acidente acontece mesmo e qual é a sensação que ele provoca. Aqui foi só o vidro, mas, na vida real, poderia ser o nariz dele quebrado. Ele começa a pensar mais antes de agir.

Os percalços, que poderiam ser fatais na vida real, mostram que nenhum dos dois, motoristas experientes, sentiu-se como se estivesse no trânsito. Mesmo assim, eles associaram as barbeiragens à falta de prática com videogames, já que o carro para treino se assemelha ao fliperama.

O carro simulado não anda mais do que a 50 km/h. O baixo ruído do motor virtual impediu Sousa de ter a percepção exata de dimensão, espaço e velocidade. Foi vítima de colisão traseira por cinco vezes em 10 minutos de teste.

– É que tu estavas com uma velocidade muito baixa – argumentou o instrutor do CFC.

– Não, andava devagar por causa da chuva, mas acima da mínima permitida, de 25 km/h – disse Sousa, explicando que o choque não fora educativo, pois estava cumprindo a lei.

A cada infração cometida ou recomendação ao motorista, um alerta era grafado na tela.

– Olha aqui, um erro de português. Isso não pode – comentou Sousa, referindo-se ao erre ausente no “ligue o parabisa”, que também não levava hífen conforme as normas ortográficas.

A atuação dos voluntários foi monitorada pelos técnicos do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran), que agendaram os testes e disseram que as ponderações seriam retransmitidas ao fabricante, já que o simulador ainda passa por aperfeiçoamentos.



REGRAS QUE NÃO PEGARAM. Nos últimos anos, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) baixou normas que não emplacaram ou não são respeitadas. Confira algumas.

DESCANSO DO CAMINHONEIRO - Em abril de 2012, a Lei do Caminhoneiro determinou que os motoristas fizessem paradas obrigatórias nas rodovias para descansar. Um dos itens previa 11 horas de repouso a cada 24 horas de trabalho. A fiscalização foi adiada porque as estradas brasileiras não têm estrutura para as paradas.

CURSO PARA MOTOBOY - Em 2010, fixou que motociclistas de transporte de passageiros (mototaxista) e de entrega de mercadorias (motofretista) deveriam fazer um curso de segurança no trânsito. Seria a credencial para poderem trabalhar.

KIT DE PRIMEIROS SOCORROS - Em 1998, motoristas foram obrigados a levar no automóvel um kit de primeiros socorros. Milhares compraram o estojo com os produtos indicados, mas ficaram no prejuízo porque a determinação deixou de valer a partir de abril de 1999.

VIDROS ESCUROS - Também em 1998, foi estabelecido que veículos com vidros escurecidos por películas deveriam ter percentuais mínimos de visibilidade, no para-brisa e nas laterais. Também não poderiam ser reflexivos, para não ofuscar outros motoristas.



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