Já são 1.001
KAMILA ALMEIDA
Depois de um início de ano auspicioso, com queda de 21% no número de mortes em janeiro, o Rio Grande do Sul retrocede na guerra do trânsito. Até junho, mais de mil pessoas morreram nas ruas e estradas gaúchas – exatamente o mesmo número do primeiro semestre do ano passado
O número de mortos no trânsito se mantém estável no Estado. Uma triste coincidência. São 1.001 mortes no primeiro semestre desde ano – exatamente igual ao mesmo período de 2011.
Nem fiscalização mais acirrada, o cerco à embriaguez ao volante e campanhas para o respeito ao limite de velocidade são suficientes para estancar essa chaga. No último final de semana, foram 26 mortes – mais do que na Páscoa, quando 15 perderam a vida, e do que no Carnaval, com 18 óbitos.
O coronel Carlos Magno Schwantz Oliveira assumiu o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) há menos de um mês, saiu de férias e retornou à frente do órgão na segunda-feira. Foi recepcionado com um relatório que o deixou alarmado. Segundo ele, as circunstâncias das colisões fogem às expectativas:
– Tivemos um fim de semana de verão, com condições boas para um trânsito seguro. Quase todos os acidentes foram durante o dia e não na madrugada, como é de se esperar. É chocante.
Quando tragédias como essa saem da curva da “normalidade”, autoridades em trânsito penam em busca de explicações. Alessandro Barcellos, diretor-presidente do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) do Rio Grande do Sul e coordenador executivo do Comitê Estadual de Mobilização pelo Trânsito Seguro, se diz alarmado. Ele acredita que apenas investimento em tecnologia pode reverter o cenário. Barcellos cita a BR-116 – que teve 10 mortes no primeiro trimestre de 2011 e duas de janeiro a março deste ano – como exemplo.
Imperícia e alta velocidade
– O que mata nas estradas é imperícia e excesso de velocidade. Será possível prevenir quando tivermos montado estradas monitoradas, como na França e no Chile. Ao avistarmos um carro cometendo uma imprudência, poderemos pará-lo mais adiante e autuá-lo. Para colocar esse plano em prática, teremos de reorganizar os recursos, mas é urgente e fundamental – disse Barcellos.
De imediato, pretende colocar em ação em setembro grupos da Brigada Militar especializados em trânsito agrupados em 16 comandos espalhados pelo Estado.
Maio e junho foram sangrentos no Estado
No início do ano, o Estado conseguiu uma façanha há tempos ausente: reduzir em 21% o número de óbitos. No quadrimestre, foram 3% a menos de mortes e uma queda de 6% em acidentes. Mas os meses que se seguiram foram sangrentos. Maio e junho somaram 343 mortes em 2012, contra 321 do ano passado – uma elevação de 6,8% no índice.
Para o chefe de Policiamento e Fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, Antônio Marcos Martins Barbosa, o último fim de semana é o reflexo da falta de cuidado geral que o Estado dá para a questão.
– Neste foram 26. Jogamos com a sorte. No próximo pode ser 30. Não temos efetivos, nem recursos tecnológicos suficientes para impedir. O policiamento do final de semana é o mesmo de dias de semana. O condutor fica com essa sensação de impunidade, quando passa por uma estrada e não vê um policial sequer.
Barbosa salienta que o Estado tem todo o estudo e a condição de estancar o problema, mas não investe. A falta de efetivo tem sido uma reclamação costumeira. Apesar disso, comemora os números nas estradas federais, onde houve uma redução de 9,6% nas mortes. Barbosa conta que foi apenas com recursos para o pagamento de horas extras que conseguiu esticar o esforço de trabalho de sua equipe, driblando a falta de policiais para não descuidar da fiscalização.
Mas está longe do ideal. Para o próximo final de semana, por exemplo, não tem nada planejado. Reconhece que os esforços são apenas para os feriados.
– Não há como intensificar as barreiras em todos os finais de semana. O efetivo já trabalha mais do que as 40 horas semanais. Estamos estudando reduzir as escalas durante a semana para dar mais atenção ao sábado e domingo, mas isso depende de mudança na legislação.
O número de mortos no trânsito se mantém estável no Estado. Uma triste coincidência. São 1.001 mortes no primeiro semestre desde ano – exatamente igual ao mesmo período de 2011.
Nem fiscalização mais acirrada, o cerco à embriaguez ao volante e campanhas para o respeito ao limite de velocidade são suficientes para estancar essa chaga. No último final de semana, foram 26 mortes – mais do que na Páscoa, quando 15 perderam a vida, e do que no Carnaval, com 18 óbitos.
O coronel Carlos Magno Schwantz Oliveira assumiu o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) há menos de um mês, saiu de férias e retornou à frente do órgão na segunda-feira. Foi recepcionado com um relatório que o deixou alarmado. Segundo ele, as circunstâncias das colisões fogem às expectativas:
– Tivemos um fim de semana de verão, com condições boas para um trânsito seguro. Quase todos os acidentes foram durante o dia e não na madrugada, como é de se esperar. É chocante.
Quando tragédias como essa saem da curva da “normalidade”, autoridades em trânsito penam em busca de explicações. Alessandro Barcellos, diretor-presidente do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) do Rio Grande do Sul e coordenador executivo do Comitê Estadual de Mobilização pelo Trânsito Seguro, se diz alarmado. Ele acredita que apenas investimento em tecnologia pode reverter o cenário. Barcellos cita a BR-116 – que teve 10 mortes no primeiro trimestre de 2011 e duas de janeiro a março deste ano – como exemplo.
Imperícia e alta velocidade
– O que mata nas estradas é imperícia e excesso de velocidade. Será possível prevenir quando tivermos montado estradas monitoradas, como na França e no Chile. Ao avistarmos um carro cometendo uma imprudência, poderemos pará-lo mais adiante e autuá-lo. Para colocar esse plano em prática, teremos de reorganizar os recursos, mas é urgente e fundamental – disse Barcellos.
De imediato, pretende colocar em ação em setembro grupos da Brigada Militar especializados em trânsito agrupados em 16 comandos espalhados pelo Estado.
Maio e junho foram sangrentos no Estado
No início do ano, o Estado conseguiu uma façanha há tempos ausente: reduzir em 21% o número de óbitos. No quadrimestre, foram 3% a menos de mortes e uma queda de 6% em acidentes. Mas os meses que se seguiram foram sangrentos. Maio e junho somaram 343 mortes em 2012, contra 321 do ano passado – uma elevação de 6,8% no índice.
Para o chefe de Policiamento e Fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, Antônio Marcos Martins Barbosa, o último fim de semana é o reflexo da falta de cuidado geral que o Estado dá para a questão.
– Neste foram 26. Jogamos com a sorte. No próximo pode ser 30. Não temos efetivos, nem recursos tecnológicos suficientes para impedir. O policiamento do final de semana é o mesmo de dias de semana. O condutor fica com essa sensação de impunidade, quando passa por uma estrada e não vê um policial sequer.
Barbosa salienta que o Estado tem todo o estudo e a condição de estancar o problema, mas não investe. A falta de efetivo tem sido uma reclamação costumeira. Apesar disso, comemora os números nas estradas federais, onde houve uma redução de 9,6% nas mortes. Barbosa conta que foi apenas com recursos para o pagamento de horas extras que conseguiu esticar o esforço de trabalho de sua equipe, driblando a falta de policiais para não descuidar da fiscalização.
Mas está longe do ideal. Para o próximo final de semana, por exemplo, não tem nada planejado. Reconhece que os esforços são apenas para os feriados.
– Não há como intensificar as barreiras em todos os finais de semana. O efetivo já trabalha mais do que as 40 horas semanais. Estamos estudando reduzir as escalas durante a semana para dar mais atenção ao sábado e domingo, mas isso depende de mudança na legislação.
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