sexta-feira, 3 de abril de 2015

SÃO 34 MORTES EM CINCO ANOS



ZERO HORA 03 de abril de 2015 | N° 18121


TRÂNSITO 10 ANOS DE ESPERA




Fim da duplicação da ERS-118 não tem prazo


COM OBRA PARALISADA desde outubro do ano passado e sem definição de data para retomar construção, governo estadual evita previsão exata e afirma que meta é finalizar os 22 quilômetros, entre Sapucaia do Sul e Gravataí, até o final do mandato

A maior ponte do mundo, com 165 quilômetros de extensão, levou quatro anos para ser construída na China. Uma cidade inteira se ergueu do nada em três anos e meio para virar capital do Brasil em 1960. No Rio Grande do Sul, a duplicação de 22 quilômetros de uma rodovia vai completar uma década sem conclusão.

Como as obras da ERS-118 entre Sapucaia do Sul e Gravataí estão paradas desde outubro e sem prazo para serem retomadas, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) já descartou a previsão do governo anterior de terminar o serviço – iniciado em 2006 – ainda neste ano.

Até agora, foram implantados 10,9 quilômetros de pista nova de concreto – média de pouco mais de um quilômetro por ano –, mas a pista antiga não começou a ser restaurada. Como resultado, os motoristas enfrentam desvios, trechos de asfalto irregular e buracos. As explicações para a lentidão do projeto incluem falta de dinheiro e demora na remoção de casas e comércios no trajeto da rodovia.

ESTUDO FINANCEIRO TRAVA RETOMADA DO SERVIÇO

Em razão da escassez financeira, no momento não há nem prazo exato para a retomada ou o fim dos trabalhos. Segundo o diretor- geral do Daer, Ricardo Nuñez, é preciso primeiro verificar quanto dinheiro o Piratini terá disponível. Segundo Nuñez, “a meta é concluir a duplicação neste governo”.

– Estamos fazendo levantamento para entender as dificuldades, para apresentar ao governador e ver com quanto recurso poderemos contar e o que poderemos executar neste ano e nos próximos três – sustenta o diretor do Daer.

O valor já gasto na duplicação, que foi projetada pela primeira vez em 1996, chega a R$ 65,9 milhões. Os valores originais previstos nos contratos de cada um dos três trechos licitados separadamente – o que também complica a uniformidade da duplicação – somam R$ 127,6 milhões.



Atraso motiva reocupação de terrenos já desapropriados


Em razão da letargia, alguns terrenos que já haviam sido liberados para dar lugar a nova pista voltaram a ser ocupados por moradores e comerciantes. Proprietários de uma revenda de autopeças, Éverton Trindade, 38 anos, e Fábio Trindade, 36, desocuparam há cerca de um ano uma faixa de 10 metros à margem da rodovia.

Removeram carcaças de carros e chegaram a implantar colunas da nova cerca, mais recuada, para dar espaço à nova estrada. Como ela não veio, os automóveis velhos voltaram para a beira da ERS, e a construção da cerca nova parou.

– Foi na Páscoa do ano passado que alguém passou por aqui para falar com a gente pela última vez. Como nada aconteceu, ocupamos o espaço de novo – argumenta Éverton, garantindo que volta a liberar a área se necessário.

Em outro ponto, três casebres foram reerguidos e se encontram novamente em processo de reintegração de posse. A maior parte das áreas já liberadas para a duplicação, porém, permanece vazia. Ainda falta desapropriar outros 200 terrenos de comércios e casas.



À espera de duplicação há quase 10 anos, o trecho de 22 quilômetros entre Sapucaia do Sul e Gravataí registrou 34 mortes e 1.297 acidentes nos últimos cinco anos – média de um a cada 33 horas.

A conclusão da obra, que se encontra parada desde outubro, é apontada como uma maneira de reduzir a violência no trânsito na região, onde se alternam pontos de pista simples com outros de pista dupla, desvios e locais com o pavimento deteriorado. O trecho também é considerado vital para o transporte de cargas, já que une cidades importantes da Grande Porto Alegre como Sapucaia, Esteio, Cachoeirinha e Gravataí.

– Se fosse em qualquer outro país, seria proibido o tráfego nesta estrada nas condições atuais. É um absurdo que a obra demore tanto tempo – lamenta o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística do Estado (Setcergs), Afrânio Kieling.

No ano passado, conforme registros do Comando Rodoviário da Brigada Militar, oito das nove mortes registradas em todos os 80 quilômetros da ERS-118 ocorreram no trecho afetado pelo projeto de duplicação – com alta densidade urbana, saídas de ônibus e caminhões, entre outros focos de risco. Do começo de 2010 até o final de 2014, ocorreram 53 mortes em acidentes em toda a via.

A SITUAÇÃO POR TRECHO
1) KM 0 AO KM 5
-Construtora: Conterra
-Andamento da obra: 7%
-Valor inicial previsto:
2) KM 6 AO KM 11
-Construtora: Sultepa
-Andamento da obra: 50%
-Valor inicial previsto:
3) KM 12 AO KM 22
-Construtora: Triunfo
-Andamento da obra: 71%
-Valor inicial previsto:

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