sexta-feira, 24 de abril de 2015

BLOQUEIO CRIMINOSO


ZERO HORA 24 de abril de 2015 | N° 18142


EDITORIAL




O direito de protestar e de reivindicar não pode ser confundido com uma pretensa autonomia para prejudicar os outros. É o que acontece quando caminhoneiros utilizam seus veículos para bloquear rodovias ou jogam pedras nos veículos de colegas que decidem continuar rodando. Mesmo que o governo tenha sido leniente na negociação, criando a expectativa de que poderia resolver problemas imediatos da categoria, a reação violenta é injustificável. Foi assim quando dos primeiros protestos, marcados pelo radicalismo de parte expressiva dos que paralisaram suas atividades, e se repete agora em alguns setores da mobilização.

Nenhuma questão setorial, sob quaisquer argumentos, pode ameaçar o direito de ir e vir. A situação dos caminhoneiros foi agravada por uma série de fatores, a começar pela desaceleração da economia, pelo excesso de prestadores de serviços e, como decorrência, pelo achatamento nos preços dos fretes. Junta-se a isso a elevação dos combustíveis e dos pedágios e está criado o cenário que descapitaliza os que, por décadas, vêm oferecendo a maior contribuição ao trans- porte de cargas no país.

Algumas demandas podem ter viabilidade discutida, desde que não representem a transferência de altos custos aos contribuintes. Outras, como o improvável tabelamento dos fretes, são assuntos de mercado e assim devem ser tratadas, pois independem da vontade de governos. O que não pode persistir é a ação de piquetes, com o bloqueio de rodovias e a criação de ambientes de tensão. As autoridades, como ocorreu quando do movimento de fevereiro, devem ter presença ostensiva nesses locais, para que a lei se sobreponha à baderna e a atos criminosos.


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