ZERO HORA 20 de janeiro de 2015 | N° 18048
EDUARDO ROSA
OPERAÇÃO TARTARUGA. Rodoviários pedem reajuste maior
PROTESTO COM REDUÇÃO de velocidade de coletivos na manhã de ontem na Capital foi feito em nome da insatisfação com 5% oferecidos de aumento. Assembleia deve ocorrer hoje, após reunião com o Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre
A relação entre empresários que operam o sistema de ônibus da Capital e rodoviários é complicada – e, ontem, a situação ficou mais uma vez exposta. Trabalhadores fizeram uma operação tartaruga pela manhã para mostrar insatisfação com a proposta de reajuste apresentada pela patronal.
Os 5% de aumento oferecidos já haviam sido rechaçados em encontro entre representantes dos rodoviários e das empresas no dia 8 – a categoria pede 11,5% de correção. Uma nova reunião está marcada para as 16h de hoje, na sede do Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa). Depois, os rodoviários farão assembleia no Ginásio da Brigada Militar.
– Para nós, o movimento (a operação) foi favorável, porque agora a patronal enxerga a situação com outros olhos. A primeira proposta foi ofensiva – avalia Adair da Silva, presidente do Sindicato dos Rodoviários.
Coordenador jurídico do Seopa, Alceu de Mello Machado vê como equívoco usar o índice de reajuste para justificar o protesto. Ele diz que a discussão sobre o aumento não havia sido encerrada.
– Fizemos a primeira reunião. É verdade que eles (os trabalhadores) disseram não, não ficamos esperando um retorno. Não levariam sequer para apreciação da categoria. Paralelamente a isso, dissemos que voltaríamos a conversar – afirma.
DISSÍDIO É PRÉ-REQUISITO PARA A REVISÃO TARIFÁRIA
Na pauta de reivindicações protocolada na Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) no dia 5, o aumento salarial de 11,5% (6,5% referentes à inflação do último ano e 5% de ganho real) é o principal item. Mas há mais oito pontos no documento, como aumento no valor do tíquete-refeição (de R$ 19 para R$ 23,75) e redução da jornada de trabalho para seis horas.
O dissídio dos rodoviários é pré-requisito para que as empresas solicitem à EPTC a revisão tarifária. Gastos com pessoal representam aproximadamente 50% do valor da passagem e, por isso, a negociação é determinante para o cálculo.
No início do ano passado, a negociação entre a categoria e as empresas foi tensa. Trabalhadores que faziam oposição ao então presidente do Sindicato dos Rodoviários, Julio Gamaliel Pires, acabaram por assumir o controle das negociações e lideraram uma greve que se estendeu por 15 dias. Um aumento de 7,5% foi aprovado pela seção de dissídios coletivos do Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
Uma nova eleição para o comando do sindicato foi determinada pelo TRT em maio, por conta de fraude na apuração do pleito de 2011 e inelegibilidade de integrantes da chapa vencedora. O processo eleitoral foi conduzido por um procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) e, em novembro, novos representantes foram eleitos em um pleito cujo resultado foi apertado.
EPTC avalia denúncia por bloqueio parcial em túnel
A operação tartaruga começou no início da manhã e se estendeu até por volta de 9h. A ação, que consiste no deslocamento em velocidade inferior a 30km/h, formou filas em avenidas como João Pessoa, Osvaldo Aranha e Farrapos. Isso acabou gerando lentidão no movimento de veículos em vias adjacentes, como Venâncio Aires, Brasil, Cairú e André da Rocha.
Após avaliar imagens e relatórios a respeito da operação, a EPTC concluiu que, dentro dos corredores de ônibus, motoristas não desligaram motores ou pararam veículos para retardar outras viagens. Conforme o diretor-presidente da EPTC e secretário municipal de mobilidade urbana, Vanderlei Cappellari, é avaliada a possibilidade de denunciar a categoria à Delegacia Regional do Trabalho e à Justiça do Trabalho devido ao bloqueio parcial do Túnel da Conceição.
– Lá, o impacto atingiu não só o transporte coletivo, mas a cidade como um todo. Quando eles (rodoviários) caminharam no túnel, trouxe um impacto para a região leste e a zona sul da Capital – afirma Cappellari.
Agentes da EPTC fizeram desvios, tirando ônibus do corredor em alguns momentos, para amenizar o atraso.
– Isso foi dentro de uma operação que a gente acha que está dentro da normalidade. É uma manifestação – acrescenta o diretor-presidente.
No ponto em frente ao Instituto de Educação, além de lentos e atrasados, os ônibus não paravam para pegar passageiros. A camareira Silvia Adriana Moraes da Silva, 41 anos, ficou revoltada. Reclamou com o motorista de um coletivo, desabafando sobre a linha que ela queria, o T7, não chegar nunca. E, quando apareceu, não abriu as portas:
– Passou um T7 e não parou porque não quis. Eu vi, ele não estava lotado.
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