ENTREVISTA. Exemplo argentino de segurança no trânsito
Felipe Rodríguez Laguens Diretor executivo da Agência Nacional de Segurança Viária (ANSV) da Argentina
Se o Brasil está em busca de um exemplo de que é possível reduzir a mortandade de trânsito, não precisa ir longe para encontrá-lo. Basta olhar para a Argentina. Desde que criou a Agência Nacional de Segurança Viária (ANSV) para centralizar as ações de trânsito, em 2008, o país vizinho colhe bons resultados em suas ruas e estradas. Houve redução na quantidade de acidentes e de mortes.
Vinculada ao Ministério do Interior e do Transporte, a agência é um superórgão sem equivalente no Brasil. Ela atua em áreas como educação, fiscalização e formação de condutores.
Seu diretor-executivo, Felipe Rodríguez Laguens, apresentará essa experiência durante o Congresso Internacional de Trânsito Ideias que Salvam Vidas, que ocorre entre hoje e quinta-feira em Porto Alegre. Promovido pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RS), o evento trará à Capital experiências bem-sucedidas na pacificação do trânsito em outros países.
Antes de oferecer sua palestra, agendada para as 10h de amanhã, Rodríguez Laguens concedeu a seguinte entrevista, por e-mail, a Zero Hora:
Zero Hora – Em quatro anos de existência da agência, já se percebe algum resultado?
Felipe Rodríguez Laguens – O resultado é positivo. A partir de nossas ações de educação, prevenção, conscientização, controle e sanção, já se vislumbram mudanças importantes de comportamento. De 2008 para 2010, aumentou em 57% o uso de cinto de segurança e em 65% o uso de capacete. Além disso, a velocidade média caiu 19,5% e o uso de álcool, 44%.
ZH – Houve impacto no número de acidentes e mortes?
Rodríguez – Os estudos para o período de 2008 a 2010 revelam diminuição de 12% nas mortes. Desde a criação da agência, houve uma redução de 22% nos acidentes de trânsito, enquanto a frota cresceu 14,27%. São dados alentadores. A ANSV defende que “se é possível evitar, não é um acidente”.
ZH – A que vocês atribuem os bons resultados?
Rodríguez – A mudança de cultura no trânsito depende de conscientização, acima de tudo de educação. As futuras gerações devem compreender desde muito cedo os riscos de não respeitar as regras. Por isso, produzimos materiais para os alunos e os professores de todas as 12.005 escolas argentinas, públicas e privadas. Isso quer dizer que 109.519 professores e 4.740.218 alunos trabalharam a temática. A agência também patrocina o curso superior de Segurança Viária, destinado a pessoas e funcionários públicos ligados à área, ministrado pela Universidade Tecnológica Nacional.
ZH – O Brasil investe há décadas em campanhas de conscientização, mas o número de mortes não cai. Existem estratégias que não funcionam?
Rodríguez – Um dos pilares do trabalho em segurança no trânsito é a colaboração de todos os setores da sociedade. Fazemos isso na Argentina. Como o desrespeito às regras de trânsito é uma questão cultural, a conscientização leva tempo. Por isso é importante trabalhar a educação e chegar até a família.
ZH – Além de educar, é importante punir? O que acontece na Argentina com quem bebe e dirige?
Rodríguez – A agência executa o Plano Nacional de Álcool Zero. Nossos agentes realizam controle de alcoolemia em diversos pontos do território nacional, com o objetivo de prevenir acidentes. Se a presença de álcool é verificada, recolhe-se a carteira de habilitação. Se não há um condutor alternativo, o veículo também é retido. Em paralelo, agentes da ANSV percorrem bares e restaurantes para conscientizar os jovens. Nesses locais, trabalham para designar condutores responsáveis, que se comprometem em não consumir álcool. Eles são identificados com uma pulseira celeste. Instalamos bafômetros na saída de bares e restaurantes, que podem ser usados gratuitamente.
ZH – No Brasil, ninguém é obrigado a se submeter a um exame de presença do álcool no organismo. Como funciona na Argentina?
Rodríguez – No nosso país, se uma pessoa se nega a fazer o exame, presume-se que o resultado é positivo. Nossa legislação estabelece como limite 0,5 gramas de álcool por litro de sangue para motoristas particulares, 0,2 para motociclistas e zero para motoristas profissionais. O controle da alcoolemia é extremamente importante. Para cada condutor alcoolizado que morre no trânsito, há quatro mortos passivos.
Serviço
Se o Brasil está em busca de um exemplo de que é possível reduzir a mortandade de trânsito, não precisa ir longe para encontrá-lo. Basta olhar para a Argentina. Desde que criou a Agência Nacional de Segurança Viária (ANSV) para centralizar as ações de trânsito, em 2008, o país vizinho colhe bons resultados em suas ruas e estradas. Houve redução na quantidade de acidentes e de mortes.
Vinculada ao Ministério do Interior e do Transporte, a agência é um superórgão sem equivalente no Brasil. Ela atua em áreas como educação, fiscalização e formação de condutores.
Seu diretor-executivo, Felipe Rodríguez Laguens, apresentará essa experiência durante o Congresso Internacional de Trânsito Ideias que Salvam Vidas, que ocorre entre hoje e quinta-feira em Porto Alegre. Promovido pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RS), o evento trará à Capital experiências bem-sucedidas na pacificação do trânsito em outros países.
Antes de oferecer sua palestra, agendada para as 10h de amanhã, Rodríguez Laguens concedeu a seguinte entrevista, por e-mail, a Zero Hora:
Zero Hora – Em quatro anos de existência da agência, já se percebe algum resultado?
Felipe Rodríguez Laguens – O resultado é positivo. A partir de nossas ações de educação, prevenção, conscientização, controle e sanção, já se vislumbram mudanças importantes de comportamento. De 2008 para 2010, aumentou em 57% o uso de cinto de segurança e em 65% o uso de capacete. Além disso, a velocidade média caiu 19,5% e o uso de álcool, 44%.
ZH – Houve impacto no número de acidentes e mortes?
Rodríguez – Os estudos para o período de 2008 a 2010 revelam diminuição de 12% nas mortes. Desde a criação da agência, houve uma redução de 22% nos acidentes de trânsito, enquanto a frota cresceu 14,27%. São dados alentadores. A ANSV defende que “se é possível evitar, não é um acidente”.
ZH – A que vocês atribuem os bons resultados?
Rodríguez – A mudança de cultura no trânsito depende de conscientização, acima de tudo de educação. As futuras gerações devem compreender desde muito cedo os riscos de não respeitar as regras. Por isso, produzimos materiais para os alunos e os professores de todas as 12.005 escolas argentinas, públicas e privadas. Isso quer dizer que 109.519 professores e 4.740.218 alunos trabalharam a temática. A agência também patrocina o curso superior de Segurança Viária, destinado a pessoas e funcionários públicos ligados à área, ministrado pela Universidade Tecnológica Nacional.
ZH – O Brasil investe há décadas em campanhas de conscientização, mas o número de mortes não cai. Existem estratégias que não funcionam?
Rodríguez – Um dos pilares do trabalho em segurança no trânsito é a colaboração de todos os setores da sociedade. Fazemos isso na Argentina. Como o desrespeito às regras de trânsito é uma questão cultural, a conscientização leva tempo. Por isso é importante trabalhar a educação e chegar até a família.
ZH – Além de educar, é importante punir? O que acontece na Argentina com quem bebe e dirige?
Rodríguez – A agência executa o Plano Nacional de Álcool Zero. Nossos agentes realizam controle de alcoolemia em diversos pontos do território nacional, com o objetivo de prevenir acidentes. Se a presença de álcool é verificada, recolhe-se a carteira de habilitação. Se não há um condutor alternativo, o veículo também é retido. Em paralelo, agentes da ANSV percorrem bares e restaurantes para conscientizar os jovens. Nesses locais, trabalham para designar condutores responsáveis, que se comprometem em não consumir álcool. Eles são identificados com uma pulseira celeste. Instalamos bafômetros na saída de bares e restaurantes, que podem ser usados gratuitamente.
ZH – No Brasil, ninguém é obrigado a se submeter a um exame de presença do álcool no organismo. Como funciona na Argentina?
Rodríguez – No nosso país, se uma pessoa se nega a fazer o exame, presume-se que o resultado é positivo. Nossa legislação estabelece como limite 0,5 gramas de álcool por litro de sangue para motoristas particulares, 0,2 para motociclistas e zero para motoristas profissionais. O controle da alcoolemia é extremamente importante. Para cada condutor alcoolizado que morre no trânsito, há quatro mortos passivos.
Serviço
- O que: Congresso Internacional de Trânsito – Ideias que Salvam Vidas
- Quando: de hoje a quinta-feira
- Onde: no Centro de Eventos do BarraShoppingSul, em Porto Alegre (Avenida Diário de Notícias, 300)
- Como se inscrever: por meio do site www.congressodetransito.rs.gov.br
- Quanto: a participação é gratuita
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