CORREIO DO POVO, 25/09/2012
Burocracia para recuperar
carro. Usuários de depósitos credenciados do Detran pagam caro para
retirar veículos e criticam morosidade no atendimento
Número de bens recolhidos é enorme, tornando lenta a liberação
Crédito: fabiano do amaral
Quem corre de um lado para o outro e se envolve na burocracia de
retirar um veículo dos Centros de Remoção e Depósito (CRDs),
credenciados do Detran, não consegue entender qual a justificativa para
os preços cobrados, que estão entre os mais caros do Brasil. Enquanto a
retirada de uma motocicleta no Rio de Janeiro custa R$ 50,30, no Rio
Grande do Sul o valor é mais do que o dobro: R$ 108,64. Apesar do preço,
o serviço prestado deixa a desejar. A crítica mais comum é de
atendimento "moroso" e "descuidado".
O taxista José Roberto da
Silva Chaves, 58 anos, achou que teria que comprar uma cama para dormir
na porta do CRD do Vale, em Porto Alegre. Desde terça-feira da semana
passada, ele já foi em dois depósitos, na Polícia Civil, no banco e no
Detran. Tudo isso para retirar documentos e guias do veículo, que se
envolveu em um acidente com moto. Em meio à chuvarada registrada no dia
da colisão, o trabalhador ficou embaixo do temporal para buscar o táxi
no estacionamento da CRD, localizado na Avenida dos Estados. "É um
desaforo, porque não tem nem telhado no local. O contribuinte fica na
chuva e na lama esperando e pegando papéis", comentou.
Chaves
começou a resolver os problemas de documentação às 9h e somente
conseguiu liberar o veículo às 17h. Porém, a história não acaba aí. A
chave do carro dele foi extraviada. "Ela tem código e custa R$ 300,00.
Eu quero de volta", afirmou. Ontem, Chaves foi de novo ao depósito para
tentar recuperar o objeto, mas não o encontrou.
Mônica Dias, 27
anos, e o marido, José Dias, 37, aguardaram durante duas horas para
serem atendidos no CRD do Vale também ontem. Segurando malas, já que
moram em São Leopoldo, no Vale do Sinos, e tiveram o carro guinchado no
Aeroporto Salgado Filho, os dois perderam a tarde de trabalho. "Tinha
reuniões marcadas em Campo Bom, onde trabalho com exportação", contou
Dias. Segundo ele, ambos chegaram ao local antes do meio-dia, mas o
sistema estava fora do ar. Como o depósito fecha no horário do almoço,
das 12h às 14h, o casal precisou aguardar a reabertura para fazer os
procedimentos necessários de retirada do veículo e, finalmente, retornar
para casa.
"Falta um pouco de preparo. Além disso, não tem nem
um caixa eletrônico aqui dentro", reclamou Mônica. Enquanto isso,
diversas pessoas se agrupavam em frente ao estabelecimento para buscar
os seus veículos.
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