quarta-feira, 20 de julho de 2011

O EFEITO DA REPRESSÃO

EDITORIAL ZERO HORA 20/07/2011

A estratégia usada pelas polícias rodoviária federal e estadual, com a intensificação da fiscalização e o consequente aumento de multas e flagrantes de embriaguez ao volante, no primeiro semestre, só terá resultados efetivos se não for eventual e se incorporar à rotina das rodovias gaúchas. Este ano, as infrações por embriaguez cresceram 23,7% nas estradas federais e 119% nas estaduais. Não significa que mais motoristas do Estado estejam dirigindo sob o efeito de álcool. Os dados expressam apenas que as polícias vinham exercendo uma fiscalização frouxa no Estado e que os embriagados circulavam quase sem incomodações. O aspecto positivo do levantamento é o que mostra a unificação de conduta das duas polícias, no sentido de fazer valer o poder – e o dever – de fiscalizar as rodovias.

Até agora, as duas organizações, como admitem seus comandantes, não vinham se dedicando como deveriam ao cumprimento do que determina a Lei Seca, implantada em 2008. Com o aumento das operações nas estradas e o deslocamento de radares para o Interior, promete-se que a ação deixa de ser ocasional. É o que se espera que de fato aconteça, para que não se repita o que ocorreu quando a legislação entrou em vigor. Num primeiro momento, o Rio Grande do Sul assistiu a uma mobilização policial que prometia ser permanente.

A expectativa foi frustrada, e logo surgiram desculpas de que os contingentes eram insuficientes e de que havia até falta de bafômetros para essa tarefa. Nenhuma missão pode ser mais urgente do que, pela ação repressiva, coibir a imprudência em estradas e ruas. A Lei Seca exige empenho de todos, em especial dos órgãos que têm a obrigação de impedir que motoristas alcoolizados continuem desfrutando da sensação de impunidade. Um aspecto, no entanto, ainda preocupa, no que diz respeito ao controle da velocidade: a Polícia Rodoviária Federal depende do deslocamento de radares de Porto Alegre para outros municípios. Como um órgão fiscalizador pode identificar excessos, entre tantas infrações, se não dispõe de equipamentos? As autoridades são desafiadas a suprir as demandas da PRF, para que os esforços deste ano não tenham, na sequência, o frustrante esmorecimento registrado em 2008.

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