domingo, 23 de dezembro de 2018

VIOLÊNCIA NO TRANSITO MATA MAIS DO QUE ARMAS


JORNAL NACIONAL - 22/12/2018

Violência no trânsito mata mais do que armas em 4 estados



Em quatro estados brasileiros, trânsito mata mais do que as armas. Dezembro é o mês com o maior número de acidentes. Para especialista, o problema começa na formação dos condutores, que não aprendem a avaliar os riscos atrás do volante.



Violência no trânsito mata mais do que armas em 4 estados



Fim de ano é sempre época de estrada cheia e, infelizmente, também, de acidentes. Na manhã deste sábado (22), quatro pessoas morreram na BR-386, no norte do Rio Grande do Sul.


Um ônibus e um carro bateram de frente e os três ocupantes do carro morreram no local. Um passageiro do ônibus que, segundo a polícia estava sem cinto, também não resistiu.


No norte de Goiás, sete pessoas morreram e cinco ficaram feridas num acidente entre três caminhões e dois carros.


Também em Goiás, o choque entre dois ônibus e um caminhão-tanque matou uma pessoa. O trânsito na BR-040, na altura de Cristalina, está interrompido por causa do vazamento de combustível na pista.


Em alguns estados do Brasil, a violência no trânsito faz mais vítimas do que as armas


Em que cidade você vai passar o Natal? Para onde será a viagem de Réveillon? Para os milhões de motoristas que estão prontos para pegar a estrada, vai aqui um alerta. Dezembro é o mês com o maior número de acidentes.


E eles são muitos e são muito graves o ano todo. Em 2017, 34 mil brasileiros morreram no trânsito. Foram 94 mortes por dia.


A taxa de morte em acidentes por grupo de cem mil habitantes é de 2,6 na Suíça, 2,8 na Suécia e 2,9 no Reino Unido, os três países em que dirigir é mais seguro. No Brasil, é um perigo: 18 mortes por ano para cada cem mil habitantes.


Em quatro estados, as taxas superam as da violência pública. O trânsito mata mais do que as armas em Tocantins, Piauí, São Paulo e Santa Catarina. Em outros cinco estados, há quase um empate (Rondônia, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso).


Para o presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária, o problema começa na formação dos condutores, que não aprendem a avaliar os riscos atrás de um volante ou em cima de uma moto.



“Tanto motorista, pedestre, ciclista, motociclista não têm a percepção do risco que estão correndo ao andar em alta velocidade, usar o celular, beber e dirigir e assim por diante”, explicou José Aurélio Ramalho, diretor-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária.


A morte é o resultado mais traumático da violência no trânsito. Mas os acidentes nas estradas e nas ruas das cidades brasileiras também deixam centenas de milhares de feridos. Muitas dessas vítimas vão carregar sequelas para o resto da vida.


William estava de moto quando bateu na traseira de um carro. Foi em outubro de 2017. Em um ano e dois meses, ele foi internado quatro vezes, passou por nove cirurgias, teve a perna direita amputada e ainda precisa de tratamento.


“Muitos anos aí na frente ainda. Reabilitação, prótese... Aí vai ter bastante tempo de tratamento ainda pela frente”, contou William dos Santos, que é técnico de celular.


Em 2017, mais de 180 mil pessoas foram internadas nos hospitais brasileiros, vítimas de acidentes de trânsito. O custo dessas internações foi de R$ 260 milhões, uma conta que é paga por todos os brasileiros.


“Se nós diminuirmos em 50% o número de vítimas, o número de pessoas que necessitam de atendimento, de cuidados pós-internação, de acompanhamento médico, isso vai ter um impacto muito grande nas contas da saúde pública, recursos que podem ser direcionadas para outras áreas prioritárias da assistência médica no país”, explicou Jorge dos Santos Silva, diretor clínico do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas de São Paulo.

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